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[Artigo] Catequese com adultos (4) – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

MISTAGOGIA – 5ª etapa da Catequese Catecumenal

A Mistagogia é a quinta e última etapa da catequese catecumenal, um tempo de continuidade da catequese que se prolonga logo após à celebração dos Sacramentos de Iniciação (Batismo, Crisma e Eucaristia) celebrados na noite da Vigília Pascal.

Vamos lembrar que a ‘Mistagogia’ é uma etapa da catequese na qual, o catequista, que é um mistagogo, irá ajudar os Neófitos a se adentrar no mistério de Deus revelado na Páscoa de Cristo. É uma tarefa missionária do catequista de ir além do transmitir o conteúdo da fé, mas também ajudá-los a serem conduzidos ao mistério da mesma fé.

Nessa etapa os Neófitos irão “saborearem” o mistério. Esse tempo do catecumenato, à diferença dos demais é feita com os neófitos. “Neófito” é o nome dado ao catecúmeno após a recepção dos sacramentos. Todo o período pascal é consagrado à “mistagogia”, isto é, à aquisição de experiência e de resultados positivos, assim como ao aprofundamento das relações com a comunidade dos fiéis. A característica desse tempo é a experiência. Os Neófitos irão serem ajudados para entrarem nas várias dimensões da vida cristã, revelando os mistérios da salvação contidos no depósito da fé e atualizados na liturgia da Igreja. É fazer a experiência do ‘viver a vida em Cristo’.

Recordemos que na prática catecumenal dos primeiros séculos toda comunidade era convidada a tomar parte na catequese mistagógica dos neófitos. Para a comunidade era uma maneira de acolher os batizados, e ao mesmo tempo, participar com eles e graças a eles de uma catequese permanente. Assim, hoje, ao privilegiar as catequeses mistagógicas (pós-sacramentais ou pós-profissão de fé) estaria favorecendo o diálogo entre jovens e adultos sobre um mútuo testemunho de fé.

A comunidade se une aos neófitos, quer pela mediação do Evangelho e pela participação da Eucaristia, quer pela prática da caridade, e vai progredindo no conhecimento mais profundo do mistério pascal e na sua vivência cada vez maior. É este o último tempo da iniciação, isto é, o tempo da “mistagogia” dos neófitos.

Na verdade, obtém-se um conhecimento mais completo e frutuoso dos mistérios através das novas explanações e, sobretudo da experiência dos sacramentos recebidos. Por esse motivo o tempo da mistagogia é de grande importância para que os recém-batizados, com o auxílio dos padrinhos, entrem em relações mais estreitas com os fiéis e adquiram assim novo impulso e nova visão da vida cristã.

A estrutura apresentada nos permite ver com clareza a relação intrínseca que existe entre fé e batismo. O processo de iniciação, que tem como ponto culminante a participação nos sacramentos, pretende ser um caminho que leva a um amadurecimento da fé dos catecúmenos.

Outro ponto a destacar é a relação inseparável entre os três sacramentos. A plenitude está na Eucaristia, a qual pode ser celebrada só depois de uma longa caminhada iniciada. Encerra-se o tempo da mistagogia com a realização de uma celebração ao terminar o tempo pascal, nas proximidades do domingo de pentecostes.

Um olhar para o Catecumenato hoje

O catecumenato nasceu e teve sua configuração no segundo, terceiro e quarto século da Era Cristã, devido à necessidade de um processo que levasse à conversão sincera das pessoas e à transformação total da vida. Hoje, as necessidades permanecem as mesmas, e a Igreja é convocada a assumir a catequese de iniciação cristã de maneira ordinária e indispensável para uma vivência cristã autêntica.

Compete à Igreja particular, com a ajuda das Conferências Episcopais, estabelecer um processo catequético orgânico e progressivo que se estenda por toda vida, desde a infância até a terceira idade, considerando a catequese com adultos como a forma fundamental da educação da fé.

A reestruturação do catecumenato de adultos é de fundamental importância na sociedade atual, secularizada, onde a fé cristã e o batismo das crianças já não são um fato normal como o foi no período chamado cristandade. A fé cristã, hoje, é fruto de uma adesão pessoal e livre, descoberta como salvífica, e o catecumenato se coloca a serviço do nascimento dessa fé livre e pessoal.

Sabe-se que a catequese com adultos é ainda um grande desafio para a Igreja. Existem vários estudos e reflexões ricas e profundas, mas que ainda devem ser amadurecidas e tornar-se realidade criativa em nossas comunidades eclesiais. Mas também, nós catequistas e catequetas, sentimo-nos desafiados ao perceber que atualmente há um aumento gradativo de adultos que buscam os sacramentos de iniciação cristã. Também, muitos daqueles que já receberam os sacramentos se apresentam na busca por um conhecimento mais aprofundado dos conteúdos básicos do cristianismo.

Por muito tempo, a catequese foi direcionada só para criança, seu conceito sempre foi doutrinário e ocasional. Tem-se uma grande dificuldade de compreender a catequese como um processo contínuo de aprofundamento da fé, que perpassa as diversas etapas da vida dos cristãos. A iniciação à vida cristã ainda é muito pobre e deficitária. Somos iniciados tão-somente em doutrinações, em ritos, numa liturgia sacramentalista, mas não crescemos rumo à maturidade em Cristo.

Torna-se necessário pensar em uma catequese aberta à iniciação cristã que vai além da preparação para receber os sacramentos. Pensar uma catequese que produza cristãos “adultos na fé”, engajados na vida da comunidade eclesial e comprometidos com a transformação da sociedade.

No próximo encontro vamos conversar um pouco como poderia ser essa catequese, inspirada no modelo catecumenal, mas que seja adaptada à realidade atual

Neuza Silveira de Souza,

Coordenadora Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH



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