Você está em:

[Artigo] Bíblia, revelação e inspiração – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico- Catequético de BH

Dando a Bíblia aos homens e Mulheres, vós dais o próprio Cristo, que enche os que têm fome e sede da Palavra de Deus, que sacia os que têm fome e sede de liberdade e justiça”. Palavras do Papa João Paulo II.

Todos conhecemos ou possuímos uma Bíblia. É verdade que também todos nós temos alguns questionamentos sobre esse livro. A Bíblia é um livro importante. É base para a nossa fé. Porém, não é um livro de fácil entendimento. Podemos dizer que conta a história do povo de Deus, mas não é um livro de ‘histórias’.

O Papa Francisco chama a atenção para o fato de que a Bíblia não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados, pois ela é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade, fazendo do povo fiel, um só povo de Deus.

Nesse ano que se passou, o Papa Francisco, considerando como importante é o povo ter uma bíblia em casa e celebrar a Palavra de Deus, anuncia-la aos outros, e valorizar a Palavra de Deus, ele, através de sua exortação, e com o Motu Próprio “Aperuit illis”, estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”.

A Bíblia é uma Palavra que impulsiona rumo à unidade, diz o Papa Francisco quando da instituição do “Domingo da Palavra de Deus” em 30 de setembro de 2019. Para o Papa, celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida.

A Bíblia – fruto da Revelação e Inspiração

A Bíblia é fruto da revelação e da inspiração. A revelação manifesta-se nos eventos, nos fatos da vida, no cotidiano das pessoas. Por inspiração entendemos a ação particular de Deus sobre algumas pessoas. Ela vem como iluminação do entendimento para levar o escritor sagrado a escrever o que Deus queria. Deus inspirou algumas pessoas para AGIR. E o autor humano se fez instrumento na mão de Deus. Por exemplo: Abraão, Moisés e muitos outros. Inspirou outras para FALAR, por exemplo: os profetas. E outras foram inspiradas para ESCREVER; esses são os HAGIÓGRAFOS, ou autores sagrados, que escreveram a Bíblia. E a Igreja herdou dos judeus a crença que seus livros sagrados foram escritos por inspiração divina. Para Jesus e os Apóstolos as escrituras eram livros sagrados (MT 19,4-5; Rm 9,17; Gl 3,8); He 3,7).

Nesse sentido a fé bíblica funda-se sobre a Palavra inspiradora, Palavra viva, Palavra que movimenta, atualiza e transforma vida. Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova”.

A Bíblia quer ensinar uma verdade religiosa, importante para a nossa salvação. Assim, a verdade bíblica deve ser buscada na sua totalidade, porque Deus não se revela de uma só vez, mas aos poucos, à medida que o homem pode compreender. A Abraão Deus se revela como um entre muitos outros deuses. A Moisés, como o único Deus. Somente Jesus nos revela o mistério profundo de Deus Uno e Trino. Portanto, é preciso tomar a Bíblia na sua totalidade para conhecer a verdade que Deus quis que fosse escrita para a nossa salvação.

A Bíblia é um livro Divino e Humano. Deus é seu autor principal, mas é humano, pois é fruto da ação humana. Apresenta seus textos nos contextos da época em que foram escritos e nos seus diversos estilos literários tais como: Romance, contos de fadas, lendas, poemas, parábolas, histórias (de reis, de guerras), provérbios, cartas, homilias, sermão, orações, etc. A Bíblia não transmite dados exatos, ela quer transmitir uma mensagem que fala ao coração, que prolonga uma resposta. Em seus diversos livros encontramos: alianças, projetos, revelação. E Jesus é a revelação mais perfeita de Deus.

Para bem compreender esse grande livro chamado “Bíblia” faz-se necessário atualiza-lo na nossa realidade, nossa forma de vida, procurando realizar uma interpretação do texto sagrado, atentos ao que o texto está dizendo por detrás das palavras. Somos chamados a descobrir nos textos o que há de simbólico, poético, etc. de não usar a bíblia como se fosse um livro de fórmulas mágicas, de ciências ocultas; ter humildade e reconhecer que toda interpretação da Palavra deve estar de acordo com o projeto de Jesus. Ler com os pés no chão, lembrando que não há alma sem corpo nem corpo sem alma;

A Bíblia é, talvez, o mais simbólico de todos os livros. Nela pode-se encontrar a Palavra de Deus que está na Bíblia e na vida e assim, melhor compreender a sua mensagem. Para ler bem a Bíblia é preciso ler bem a vida. Conhecer a realidade pessoal, familiar e comunitária do país e do mundo. É preciso conhecer também a realidade na qual viveu o Povo da Bíblia, pois ela nasceu das lutas, das alegrias, da esperança e da fé de um povo (Cf. Ex 3,7-10). Assim, a nossa leitura deve ser feita com a preocupação de melhorar o aqui-e-agora de toda a humanidade.

A Bíblia é fonte de Catequese. É uma inspiração para encontrarmos o caminho certo de acordo com o plano de salvação de Deus. Para trabalhar com a Bíblia na Catequese é preciso saber usá-la dentro do contexto atual da vida, levando a um compromisso pessoal, comunitário e social.

Então, nesses nossos próximos encontros, vamos conhecer melhor esse Livro?

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



Novidades do Instagram
Últimos Posts
Siga-nos no Instagram
Ícone Arquidiocese de BH