A Igreja está vivendo um grande momento de dedicação ao processo de evangelização, e a catequese toma grande impulso. Principalmente a catequese com adultos, colocada em primazia desde o Sínodo de 1977, considerando sua característica maior de dirigir a pessoas que têm maiores responsabilidades e capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida (Catechesi Tradentae, isto é, catequese hoje, nº 43).
A catequese, no processo de evangelização da Igreja, é vista como um processo de educação à fé, ou seja, à educação de atitudes de fé, de forma permanente, ordenada, orgânica e sistemática, enfrentando os desafios de uma rápida transformação da sociedade nos seus níveis: tecnológico, cultural e religiosa, com o objetivo de possibilitar ás pessoas uma fé madura, responsável e comprometida com o Reino de Deus, um Reino de irmãos. Assim, a catequese procura se concentrar naquilo que é comum para os cristãos exercendo as tarefas de iniciação, instrução e educação, respeitando o ritmo de crescimento de cada um e as etapas de amadurecimento da fé.
Trata-se de um grande desafio que vivenciamos na Igreja, comunidade de fé, vida e testemunho que é convidada a continuar no seu papel de discípula missionária de Cristo. E, para bem exercê-lo, ela precisa de se inserir em uma boa formação catequética que lhe permita crescer e amadurecer na fé, superando a visão de que a catequese é somente para crianças.
O Diretório para a Catequese, assim como o Diretório Nacional de catequese reafirma a Catequese com Adultos como uma prioridade, coloca a Bíblia como fonte principal e o conteúdo da mensagem catequética “Jesus Cristo”. A centralidade da catequese é Jesus Cristo.
A Igreja percebe a necessidade de exaltar a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade. Trata-se de uma de suas preocupações que é a de apresentar uma maneira de levar o povo a melhor ouvir o que Deus quer comunicar. Nós nos constituímos Igreja pelo acolhimento do anúncio da Palavra, pela escuta. Mas uma escuta que leve à ação. A escuta deixa marcas, enriquece a vivência espiritual, amadurece o conhecimento dos desafios.
A apresentação da mensagem evangélica ao povo é para a Igreja um dever, pois ela representa a beleza da revelação, comporta uma sabedoria que não é deste mundo e é capaz, por si só de suscitar a fé, ou seja, fazer brotar e ou crescer uma fé madura que sustenta a vida em Deus. Ela é capaz de levar a uma experiência concreta, vivida com verdadeira participação, refletida, reinterpretada de tal forma que provoque transformações, que impulsione para uma mudança de vida com novos conteúdos e favoreça um sentido de vida existencial.
A Palavra de Deus é a base para oração. Conhecer a Bíblia implica colocá-la na vida. Nós católicos, rezamos, mas nem sempre oramos. Na catequese, muitas vezes se ensina mais a rezar (recitar orações) do que a orar como resposta a Deus que se comunica conosco. A catequese tem sua função primordial de transmitir a palavra de Deus. Ela introduz, inicia na escuta e na acolhida da Palavra e do ensinamento dos apóstolos, na liturgia, na vida moral evangélica e na oração.
A catequese, quando bem trabalhada e vivenciada, desperta no coração do homem o desejo de Deus, sua busca e contemplação. Ela tem suas raízes na revelação cristã. Portanto, a catequese deve tomar como modelo a pedagogia de Jesus. Seu jeito simples de ser e viver. Um agir que nos convida a se colocar no seu seguimento e a se empenhar na comunidade como seus discípulos e discípulas missionários. Daí a prioridade da catequese com adultos para que eles sejam os discípulos missionários de Cristo que ajudarão a levar o anúncio a todas às nações em cumprimento à ordem do Cristo Ressuscitado: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” (MT 28,19-20).
A catequese, no seu processo de iniciação à fé, ajuda a fazer esse caminho, esse itinerário. Vamos refletir e meditar a Palavra de Deus todos os dias.
Podemos nos perguntar: Como viver a minha fé em comunidade? Como fortalecer a minha identidade cristã me tornando uma presença profética e transformadora da Palavra de Deus no mundo?
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.