Hoje, com a celebração da ascensão do Senhor, estamos renovando em nossa caminhada o pedido de Jesus ressuscitado. Ele nos faz relembrar da promessa do Pai que foi dita: “João batizou com água; vós porém, sereis batizados com o Espírito Santo. Vocês receberão o Espírito Santo, que descerá sobre vocês para serem minhas testemunhas. De Jerusalém até os confins da terra” (Conf. At 1,5-8). Eu voltarei para o Pai, mas vocês receberão meu Espírito para estar com vocês. Esta é a missão da Igreja que chega até nós: somos ordenados por Cristo para continuar sua obra já iniciada.
A ascensão nos enche de alegria, pois o céu é também a nossa morada. Um caminho novo foi feito por Jesus, o Cristo, e com Ele foi inaugurado um outro tempo. Por isso, através da humanidade de Jesus, o mais perfeito dos homens, podemos entender quem somos nós. Deus, para falar de si, tornou-se homem, nascendo, vivendo, morrendo. Durante sua vida, recebia, acolhia e escutava a todos que o procurava. Fez-se vazio de si para interiormente criar espaço de ser-para-os-outros e foi esta também sua grande atitude diante de Deus, o Grande Outro, para quem ele estava absolutamente aberto. Jesus compreendeu sua vida a partir de Deus. Sua experiência humana foi levada ao extremo pela total radicalidade na entrega de sua vida. Quanto mais Jesus fazia experiência de Deus, mais ele se divinizava, e quanto mais Deus estava em Jesus, mais ele se humanizava.
As opções de vida de Jesus o levaram a ter como consequência a morte de Cruz. Apesar da divisão que fazemos para celebrar o ano litúrgico, o Mistério Pascal vai ser a referência sempre. Por exemplo, quando nos ajoelhamos na Sexta-feira Santa, no momento da morte de Jesus, a leitura vai nos dizer que “o véu do templo se rasgou”. Este para nós é momento de salvação, pois vale dizer que não há mais separação entre o ser humano e Deus, como fazia a liturgia judaica. Nela havia em um local do templo o véu que separava o sumo-sacerdote, que uma vez ao ano – dia da expiação – entrava no Santo-dos-Santos e fazia a mediação entre o homem e Deus com o sangue do cordeiro.
Com a morte de Jesus, isto é, sua humanidade – sua carne e seu sangue – é que a mediação rompe a separação entre o homem e Deus. “Rasga-se o “véu”, pois Jesus era Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, sendo assim o único e verdadeiro Sumo-Sacerdote, o caminho e a vida para Deus.
A ascensão de Jesus ao céu é a conclusão da ressurreição. Ela é o destino de todo ser humano no seio da Trindade. Podemos dizer, de uma maneira muito bonita, que a Trindade é a terra prometida aos cristãos. Jamais nos esqueçamos que Jesus não deixa de viver quando desaparece do meio dos homens. Ele continua vivo na Igreja. Ele está em nós e no meio de nós iluminando nossa vida. Só precisamos deixar aberto nossos corações para sua luz entrar para que saibamos qual a esperança que ele nos dará. A que caminhos seremos impulsionados pelo Espírito para realizar sua vontade. Que sinais nos serão mostrados.
Estejamos preparados para a acolhida do Espírito que virá. Ele nos ajudará a fazer o discernimento do que é bom e agrada a Deus e do que não devemos fazer. Essa é a Boa-Nova que nos deixa. Convida-nos a sermos anunciadores do seu Evangelho a todos os povos. E é a nossa alegria, pois sabemos que podemos contar sempre com Ele.
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.