Com o advento iniciamos o ciclo do Natal. Tempo de fazer memória da manifestação do Senhor em sua encarnação e em nossa história. O Advento, palavra latina que significa “aproximar-se”, é o tempo que nos convida à preparação do nosso coração para receber o menino-Deus. É um tempo que proclama o anúncio do Senhor que vem. Celebrando esse tempo vamos ouvindo vozes sempre atuais daqueles que, no decorrer da história o anunciaram: os profetas bíblicos, chegando até João Batista, a voz do próprio Jesus que chega e vem nos anunciar a proximidade do Reino de Deus e nos ensinar como fazer a vontade do Pai.
Vivenciando o ciclo do natal, fazemos a experiência memorial da vinda do Senhor em nossa humanidade através das solenidades do natal, da epifania do Senhor e da mãe de Deus, festas da Sagrada família e do Batismo do Senhor. Na nossa liturgia fazemos muitas referências ao Tempo. Essa palavra é muito importante para a compreensão do caminhar da nossa fé celebrando O Tempo Litúrgico. No decorrer desse tempo temos: o Tempo do advento, Tempo Pascal e Tempo Comum. Através desses Tempos Litúrgicos somos orientados para as celebrações e preparação de cada uma delas, sempre atentos às músicas, ornamentações, cores litúrgicas próprias de cada tempo, os símbolos significativos, respeitando, assim, as características de cada tempo.
O “Tempo” celebrativo carrega consigo particular importância na celebração do Mistério de Cristo. Para o cristão, o tempo é a categoria dentro da qual se realiza a salvação. Este é o motivo pelo qual a Igreja, no decorrer do ano, distribui todo o Mistério de Cristo, desde o Mistério da Encarnação e Natividade, até a Ascensão, o dia de Pentecostes e a expectação (aquele que está em intensa expectativa), da feliz esperança e retorno do Senhor.
Podemos dizer que o Ano Litúrgico não é uma sequência de ideias, de festas, umas mais importantes do que outras, mas é uma Pessoa, Jesus Cristo. A salvação por ele oferecida e realizada “especialmente por meio do Mistério Pascal, da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição da Morte e gloriosa Ascensão” (SC n. 5), é oferecida e comunicada nas várias ações sacramentais que caracterizam o dinamismo do calendário cristão. A história da salvação que continua no dia-a-dia da Igreja constitui, portanto, o elemento de sustentação do Ano Litúrgico.
Podemos olhar para o Tempo do Advento e vê-lo como um tempo para toda a Igreja. Iniciar-se com ele e se deixar conduzir para o dentro do “Mistério” da vida do Cristo participando da mística cristã. Caminhando com ele, também se colocar de plantão, fazendo a experiência do tempo escatológico que o Advento nos proporciona, recordando a dupla vinda do Senhor: a vinda do Senhor entre os homens e a sua vinda, no final dos tempos. Nos dois primeiros domingos nos situamos no tempo escatológico quando a liturgia nos indica os sinais do Reino presente na história através de Jesus Cristo. A partir do terceiro domingo experimentamos a alegria de se perceber próxima a sua chegada e nos preparamos para a sua aparição histórica em nossa carne. É o advento Natalino.
Coloquemo-nos “vigilantes” e preparemos alegremente para vinda do Senhor. Deus é fiel às suas promessas: o Salvador virá.
Como nos diz padre Adroaldo: “O Tempo do Advento tem algo de belo e atraente que mobiliza o nosso coração a entrar em outra sintonia; tal qual um sedutor, ele revela sua capacidade para debulhar dias até completar um tempo que vai nos guiando em direção ao Natal. Um tempo tão tranquilo, tão sussurrante, como um manancial que, em silêncio, vai espalhando vida em todo seu entorno. Tempo que nos convida a sonhar e a viver despertos”.
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético der Belo Horizonte.