Estamos iniciando o mês de outubro. Para a nossa Igreja Católica, esse mês é destinado às realizações e celebrações missionárias. Desde 1926 que o Papa Pio XI instituiu “o dia mundial das Missões” para ser celebrado no penúltimo domingo do mês de outubro, como um dia de oração e ofertas em favor da evangelização dos povos. Uma inspiração que vem do mandado de Jesus para anunciar a Boa Nova entre todas as nações. Foi o que Jesus nos pediu: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28, 9-20).
Além das ofertas, a campanha Missionária também nos convida a rezar e refletir sobre a nossa missão no mundo.
O Papa Francisco, com o objetivo de despertar as pessoas para a missionariedade, proclamou ‘outubro 2019’ como “Mês missionário extraordinário”. Nesse sentido, todo o mês tem como objetivo despertar em medida maior a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral. Portanto, Todo o mês será voltado para a reflexão do tema ‘Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo’.
Celebrando o mês Missionário, em 2019, ele recordou que ser missionário não é tarefa apenas para alguns eleitos: “cada um de nós tem, de melhor, é uma missão nesta terra. Estamos aqui para testemunhar, abençoar, consolar, erguer, transmitir a beleza de Jesus. Assim, para ele, “Testemunha” é a palavra-chave; uma palavra que tem a mesma raiz e significado de mártir. Os mártires são as primeiras testemunhas da fé: não por palavras, mas com a vida.”
A Igreja na missão evangelizadora
A Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando de uma associação entre muitas outras que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. A missão da Igreja, destinada a todas as pessoas de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora de uma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6).
Como Testemunhas de Cristo e chamados ao anúncio da Palavra, podemos entrar neste mês de outubro de 2020 nos perguntando: Como é o meu testemunho? Quem está com Jesus sabe que possui aquilo que se doa; e o segredo para possuir a vida é doá-la”. Então, como doar a minha vida, colocando-me à disposição dos meus irmãos. Poderei eu dizer como o profeta Isaias: Eis-me aqui, envia-me a mim? (Is 6, 8c). Ou como Maria que se coloca à disposição do Senhor quando recebe o chamado para ser a mãe de Jesus, Filho do Altíssimo: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra!? (Lc 1,38). Estes são “sim” que transformam vidas. O Sim de Maria que a transforma para mais tarde se tornar, além de mãe, a discípula missionária de Jesus. Como seu sim, também damos o nosso sim. Estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus (cf. Lc 1, 38)?
“A missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo contínuo. Trata-se de “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20). A missão está na ordem de ser. Eu sou missão na terra. Sou enviada para, na experiência do encontro com Deus, dar testemunho de vida com o anúncio da Palavra.
A proposta de uma catequese de Iniciação à Vida Cristã, tema central da realidade atual, é considerada importante para a caminhada da Igreja no cumprimento do mandato missionário deixado por Jesus. Esse mandato de Jesus é um chamado de vocação cristã. Todo cristão é convocado para a missão de anunciar Jesus Cristo, de proclamar sua Palavra, de proporcionar o encontro do irmão na fé com Jesus Cristo, pois toda vida humana é “um estar com o Senhor”.
Sou convidada a sair para o encontro. A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja.
Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que o acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. “Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança, e não nos faltará a sua ajuda para cumprir a missão que nos confia” (EG 275).
Diz o Papa Francisco na sua mensagem para o dia mundial das missões , outubro de 2020: “A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar.”
Acolhamos com carinho e determinação essa mensagem para vivermos plenamente o sentido missionário nesse mês de outubro. Sabemos que devido ao isolamento por causa da pandemia do Corona vírus, neste mês, não podemos sair para ir, fisicamente, ao encontro do outro. Mas podemos olhar para dentro de nossas realidades, nossas casas, nossas famílias, e fazer delas grandes Igrejas domésticas, casas de orações. Nesse momento, temos o privilégio de redescobrir a missão da vida na igreja doméstica, nos trabalhos na vida comunitária.
Encontramo-nos diante de nós várias possibilidades com o método de “Ficar em Casa”. Temos um tempo para o diálogo com a família, uma presença maior, tempo para rezar juntos, um tempo para comunicar, via online, com os amigões, um tempo para aprender e fazer bom uso dele chamado “Tempo online”. Sejamos assim, missionários de Jesus que vive e anuncia sua Palavra sempre, a qualquer tempo, pois ele está sempre conosco, até a consumação dos séculos.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado
Bíblico-catequético de Belo Horizonte