A Igreja celebra a grande Festa de Pentecostes. Jesus envia para todos nós o seu Espírito e nos capacita para ir anunciá-lo e ajudar às pessoas que desejam conhecê-lo, a fazer discípulas e discípulos, a batizar e viver a experiência do encontro Pessoal com Ele.
Jesus é para nós o modelo de Cristão. Do mesmo jeito que Ele foi enviado pelo Pai, na força do Espírito, para vir até nós e nos mostrar quem é o Pai, como é o seu Reino, assim também, chamou os doze apóstolos para estarem com Ele, enviou-os para o anúncio do Reino, conforme podemos ver nos evangelhos segundo Marcos 3,13-19 e Mateus 10, 1-42. Da mesma forma, Jesus envia sua Igreja, uma Igreja viva, constituída do corpo de Cristo, a Igreja que ele acompanha todos os dias com a graça do seu olhar e a ação fecunda do seu Espírito. A certeza que temos de Ele estar sempre conosco se confirma em sua própria fala, no Evangelho segundo Mateus 28,20: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.
Inspirados pelo Santo Espírito derramado sobre nós e acolhendo os dons que Ele nos dá, nós, cristãos, não podemos deixar de caminhar e irmos em busca de uma iniciação sacramental cujos ritos nos mantém sacramentalmente incorporados à vida da Igreja, que é sacramento do Cristo. Mas, para que isso ocorra, se torna necessário o aprofundamento do entendimento e a vivência da fé assumida no batismo, sacramento que constitui a porta de entrada para a vida cristã.
Todos os batizados necessitam, no decorrer da sua vida, ser acolhidos na comunidade, receber uma formação que tenha suas origens na Bíblia, na Liturgia e na Tradição. A Palavra de Deus é o alimento que nos fortalece para a caminhada de fé.
Diante dos tropeços em nosso caminhar, a Liturgia nos ajuda a celebrar a vida e fazer a experiência de vida em comunidade, a perceber a beleza das relações amigas e a possibilidade de nos misturar com a vida do Cristo, alimentando-nos do seu corpo e do seu sangue, alimento dado pelo próprio Cristo que se ofereceu a nós para a remissão dos pecados.
A tradição é a caminhada da Igreja desde as primeiras comunidades que, foram deixando suas experiências florescer diante da beleza da vida ofertada do Cristo. Nos caminhos e descaminhos a caminhada se faz, deixando entranhar-se pela misericórdia do amor de Deus que atua na vida do cristão, remodelando-o e reconstruindo-o através do amor de Cristo, pois todo aquele que é batizado passa a pertencer a Cristo.
Atualmente, a prática é de batizar crianças, e não adultos. Mas os adultos que não tiveram oportunidade de receber todos os sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia) também devem buscar esses sacramentos, procurando a Igreja para uma formação e amadurecimento da própria fé. A fé cristã carrega consigo uma identidade doutrinal, em que podemos reconhecer Deus como nosso Pai, proclamarmos que Jesus de Nazaré é nosso Senhor e Salvador, experimentarmos a presença e atuação do Espírito Santo em nossa vida.
Nesse sentido, torna-se importante para o cristão passar pelo processo de formação que irá ajudar a reconhecer, com mais clareza, a identidade cristã e, assim, fazer a experiência do amor de Deus.
Porque dizemos que esses sacramentos nos ajudam a melhor experimentar Deus em nossa vida?
O Batismo é o fundamento da iniciação cristã. Quando se batiza a criança, os responsáveis, pais e padrinhos devem se preocupar com uma boa formação para entender esse sacramento, pois eles são aqueles que irão conduzir a criança à plenitude da vida cristã. Quando se batiza o adulto, uma boa preparação catequética deve ser oferecida, preparando-o para um caminho de plena integração ao mistério de Cristo e da Igreja.
Na Eucaristia somos verdadeiramente nutridos com a vida que Jesus viveu e entregou por nós. Comungar o Corpo e Sangue do Senhor significa assumir a sua vida em nós. Ela é um mistério, mas nos faz solidários uns com os outros. Na Eucaristia recebemos a graça de Deus para viver no Espírito de Cristo.
Ser crismado significa “ser ungido”. A pessoa que recebe a unção do Crisma (óleo misturado com bálsamo e consagrado pelo Bispo na manhã da Quinta-feira Santa) faz a experiência da efusão do Espírito Santo, assim como aconteceu em Pentecostes. Recebemos o Espírito de Deus e somos enviados à missão, repletos de sua graça e de seus dons, que devem ser partilhados pelo caminho, lugar do testemunho da vida cristã.
Neuza Silveira de Souza, coordenadora do Secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.