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[Artigo] A Missão apostólica e pastoral da Igreja – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH

O Concilio Vaticano II atualizou a Igreja apresentando sua intenção de colocar em evidência a missão apostólica e pastoral da Igreja, fazer resplandecer a verdade do Evangelho, e levar todos os homens a procurar e acolher o amor de Cristo, que excede toda a ciência (cf. Ef 3,19).

Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos. Assim, a Igreja nos ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas. Esta capacidade para acolher a Revelação de Deus, o homem a tem porque é criado à imagem e semelhança de Deus. Nesse sentido falamos de Deus a partir das criaturas e segundo nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar. As múltiplas perfeições das criaturas (sua verdade, bondade e beleza) refletem a perfeição infinita de Deus.

Hoje, o Papa Francisco nos convida para ir evangelizar nas periferias geográficas, sociais e existenciais. Esse é um desafio pastoral de ser uma Igreja em estado permanente de saída missionária. Significa sairmos da nossa área de conforto e ir em direção ao povo e realmentefazermos uma pastoral concreta, com o cuidado de empregarmos uma linguagem apropriada para a realidade presente, purificando-a daquilo que possui de limitado, de proveniente de pura imaginação, de imperfeito, para não confundirmos o Deus “inefável, incompreensível, invisível”, com as nossas representações humanas.

Todo esse cuidado é para que a revelação do projeto divino se realize, “por ações e por palavras, intimamente ligadas entre si e que se iluminam mutuamente”. Deus, através de sua pedagogia divina, comunica-se gradualmente com o homem, prepara-os por etapas a acolher a Revelação sobrenatural que faz de si mesmo e que vai culminar na pessoa e na missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.

“Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. E Jesus, o Cristo, disse: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”(Mt  28, 18-20). Nessa promessa está condensada a missão da Igreja apostólica. O Cristo glorificado que exerce tanto na terra como no céu o poder que recebeu de seu Pai nos convoca como discípulos para exercer essepoder em seu nome pelo batismo e pela formação dos cristãos.

O Magistério vivo da Igreja, que não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, nos convoca, enquanto igreja, para proclamar e anunciar a Palavra de Deus. E essa é a nossa missão de Catequistas, anunciar e proclamar a Palavra de Deus.

A Palavra de Deus interpretada na vida do Povo

O Concílio Vaticano II indica três critérios para uma interpretação da Escritura conforme o Espírito que a inspirou.

Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira;
Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira;
Estar atento “à analogia da fé”, ou seja, a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.

Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens. Para bem interpretar a Escritura é preciso, portanto, estar atento àquilo que os autores humanos quiseram realmente afirmar e àquilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles. (cf. DV 12,1).

No artigo 3° do Catecismo, dos n°s 101 a 119, temos o que a Igreja pensa sobre a Sagrada Escritura. Tem Cristo como Palavra única, tem como sagrados e canônicos os livros do Antigo e Novo Testamento com todas as suas partes, porque foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles tem Deus como autor e nesta qualidade foram confiados à própria Igreja.

Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual.

O sentido literal é o significado pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese que segue as regras da correta interpretação.
O sentido espiritual ajuda-nos a compreender não somente o texto das Escrituras, mas as realidades e os acontecimentos de que ele fala que podem ser sinais. São eles: o alegórico (ex. Mar Vermelho); o moral “escritos para a nossa instrução” (1 Cor 10,11); e o sentido anagógico (ver realidades e acontecimentos em sua significação eterna).

Assim, a Igreja na terra é sinal da Jerusalém celeste (cf. Ap 21,1 – 22,5). Vamos refletir esses ensinamentos que podem nos ajudar a fazer uma boa leitura da Palavra de Deus e coloca-la na vida.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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