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[Artigo] A liturgia como tarefa da catequese – Neuza Silveira

Para falarmos sobre a tarefa da catequese, nada melhor que irmos em busca do nosso Diretório Nacional de Catequese. Sabemos que a fé, pela sua própria dinâmica interna, precisa ser conhecida, celebrada, vivida e cultivada na oração. A fé deve ser vivida em comunidade e anunciada na missão, precisa ser compartilhada, testemunhada e anunciada.

Assim, o Diretório Geral da Catequese, em seus n. 85-87, descreve para nós as seguintes tarefas da catequese: Conhecimento da fé, iniciação litúrgica, formação moral, vida de oração, vida comunitária, testemunho e missão.

É tarefa fundamental da catequese introduzir o cristão no conhecimento do próprio Jesus, das Escrituras sagradas, da Igreja, da Tradição e das fórmulas da fé, particularmente do Credo Apostólico. Esse conhecimento da fé ajuda no aprofundamento do mistério cristão. Esta tarefa é a que chamamos de dimensão doutrinal da catequese.

Outra tarefa importante é a iniciação litúrgica. A catequese ajuda os catequizandos a serem introduzidos no significado dos mistérios (sacramentos), celebrações, sinais, símbolos, ritos, orações e outras formas litúrgicas. A liturgia, por sua própria natureza, possui uma dimensão catequética.

Os textos bíblicos das leituras na liturgia dominical são escolhidos e distribuídos de tal forma que ajuda os cristãos a conhecerem mais profundamente a fé que confessam e a história da salvação. Na liturgia, essas leituras vão oferecendo, passo a passo, os fatos e palavras principais da História da salvação, ajudando as pessoas a fazerem memória do evento fundante da nossa fé cristã.

Os textos bíblicos lidos durante a celebração não querem apenas nos levar a rezar e a refletir sobre determinados temas. Aliás, na liturgia, não celebramos temas, mas sim acontecimentos. Celebramos a vida e ela é um acontecimento; celebramos a libertação e ela é um acontecimento; da mesma forma celebramos o perdão, a dor, a morte, a ressurreição. É nesses acontecimentos da vida que Deus se faz presente e se revela.

O Concílio Vaticano II lembra que a Liturgia é “ação sacra por excelência”. Ela é entendida como o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo; nela, por meio de sinais sensíveis, se exprime e, de modo adequado, realiza-se a santificação do homem, e se exercita, pelo Corpo Místico de Cristo, isto é, pela Cabeça e por seus membros, o culto público integral (SC n.7). Ela representa o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo, a fonte da qual deriva toda a sua virtude (SC n.10). Nesse sentido, a liturgia requer alguns aprofundamentos e desenvolvimentos que interessam de forma especial à tarefa da catequese.

Um dos aprofundamentos diz respeito à relação entre liturgia e palavra. Na liturgia, que reflete a lei estrutural da revelação como acontecimento e como palavra (cf. DV n. 2), requer-se sempre a palavra profética interpretativa para revelar no sinal a realidade salvífica manifestada e realizada. Os sinais litúrgicos são ao mesmo tempo anúncio, lembrança, promessa e pedido, mas só por meio da palavra que esses significados emergem, os quais podem ser entendidos com a ajuda da catequese.

A relação entre liturgia e palavra se revela, sobretudo, nos sacramentos, cuja “forma” é constituída pela “palavra de fé” que, encarnando-se nos ritos, transforma-os em sacramentos. Nesse sentido, o ministério da palavra entra no coração dos sacramentos, fazendo com que um ato ritual se torne manifestação misteriosa da ação de Cristo que realiza a salvação.

A leitura dos documentos da Igreja: a Constituição Sacrossanctum Concílium sobre a sagrada liturgia (SC) e Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina (DV) e o Diretório Nacional de Catequese trará melhor compreensão do tema.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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