Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política trabalha para criar os Núcleos de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial
Crianças de Ribeirão das Neves ganharam uma escolinha de futebol graças ao Núcleo de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial, instituído na Paróquia Nossa Senhora do Rosário
O Núcleo de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial (Naasp) foi criado com o objetivo de articular uma rede de solidariedade, tendo em vista a promoção humana e a recuperação da dignidade dos mais fragilizados da sociedade. “Queremos fidelizar leigos, voluntários que queiram vestir a camisa, se transformar em ministros para a ação social da Igreja. Vamos ter uma atuação em causas maiores”, diz o padre Chico Pimenta, vigário episcopal para a Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Conforme explica o padre Chico Pimenta, duas indagações feitas por dom Walmor iluminaram o caminho rumo à criação do Naasp: “Onde estão os nossos pobres?” e “Como estamos indo ao encontro deles”. A ideia é criar núcleos nas paróquias. Para isso, são constituídas equipes e seus integrantes são subdivididos em duplas, fazem contato com as comunidades de fé, de acordo com as regiões episcopais. “Fazemos visitas às paróquias e para apresentar os objetivos do Naasp. Temos como meta criar centrais de acolhidas em muitas paróquias, a partir do modelo da Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida”, diz o sacerdote. A Acolhida fica no Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política (veja reportagem nesta edição).
A partir da visita das equipes, as paróquias procuram voluntários que acolherão os mais pobres nas suas muitas necessidades. Com o apoio do Sistema Integrado de Ações Paroquiais (Siasp), plataforma digital que está em processo de atualização, cada comunidade de fé poderá conhecer o trabalho desenvolvido em outas comunidades e partilhar suas iniciativas.
Outro projeto estratégico do Vicariato é sobre o aprimoramento do conceito de paróquias-irmãs. Nesse caso, as paróquias com mais recursos humanos e também materiais vão auxiliar as que se inserem nas regiões mais pobres. Um fundo social será criado para manter os projetos estratégicos indicados pelos coordenadores do Vicariato. O Naasp já começou a ser instituído em quatro paróquias de regiões episcopais distintas. Entre as ações que estão sendo realizadas na comunidade Nossa Senhora da Conceição, Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Justinópolis, encontra-se um projeto de resgate da cultura local que está sendo desenvolvido por jovens.
Na Escolinha de Futebol Porto Seguro, 50 crianças, de seis a 16 anos, têm a oportunidade de praticar esporte nos momentos em que não estão na escola
Na comunidade Nossa Senhora do Rosário, em Ribeirão das Neves, um projeto de formação de jovens envolve aulas de capoeira, danças típicas, além de apresentações culturais ligadas à religiosidade. Uma escolinha de futebol atende 50 crianças, entre seis e 16 anos. Esse projeto tem o nome de “Escolinha de Futebol Porto Seguro”. “O objetivo é preencher o tempo ocioso das crianças com a prática de futebol de campo, ensinado a técnica e respeitando a individualidade biológica e o desenvolvimento de cada criança e adolescente. Trata-se de um trabalho de inclusão social”, explica Maria Amélia de Jesus, que, ao lado de André Luiz de Oliveira, coordena a rede de articulação da solidariedade na região.
Vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, o padre José Geraldo de Souza diz que o Naasp vai trazer mais qualidade de vida para uma região de grande vulnerabilidade social que possui 308 mil moradores. “Muitos deles necessitam de assistência material, psicológica e de formação humana. Há uma grande perspectiva de muito leigos encamparem essa causa. Fico satisfeito em poder participar do Naasp como vigário de uma das primeiras paróquias em que o projeto está sendo implantado.”
Na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Justinópolis, quatro advogados leigos atendem a população pobre que necessita de orientação jurídica. Também estão prestando serviço voluntário um nutricionista e uma auriculoterapeuta.
O Naasp busca incentivar a participação de leigos no trabalho social desenvolvido pela Igreja, com perfil semelhante ao do médico Délio de Oliveira Fantini que, há cinco anos, trata gratuitamente de pessoas portadoras de HIV/Aids e moradores de rua. Durante esse período, mais de dez mil pessoas foram atendidas por ele na Casa de Apoio Nossa Senhora da Conceição, que integra o Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política. “Eu nunca usei a medicina para ganhar dinheiro. O trabalho do médico tem de ser de extrema doação”, diz. “Costumo de dizer que não há nada que pague a possibilidade de ver a felicidade de uma pessoa fragilizada socialmente quando consegue recuperar a saúde e ter mais qualidade de vida”, conclui o médico.