Brincando com as famílias no Cras
A Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio do Vicariato para a Ação Social e Política (Veasp) e da Providência Nossa Senhora da Conceição, é parceira do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças até 6 anos, conhecida também como Casa do Brincar.
O serviço desenvolve atividades com crianças, familiares e comunidade, para fortalecer vínculos e prevenir a ocorrência de situações de exclusão social e de risco, em especial a violência doméstica e o trabalho infantil, sendo um serviço complementar e diretamente articulado ao Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif).
Pauta-se no reconhecimento da condição peculiar de dependência, de desenvolvimento desse ciclo de vida e pelo cumprimento dos direitos das crianças. Assim, desenvolve atividades inclusive com crianças com deficiência, seus grupos familiares, gestantes e nutrizes.
O trabalho, segundo a coordenadora do Serviço de Convivência, Áurea Cardoso, justifica-se no sentido de intervir no contexto de vulnerabilidades e prevenir riscos, ao trabalhar situações de fragilização de vínculos familiares. “Parte-se da concepção de que as famílias, dentro de suas formas particulares de configuração e funcionamento, são capazes de se reorganizar de maneira concreta ou potencial, frente às necessidades de mudanças ou desafios”, afirma ela.
O brincar e o lúdico no trabalho de convivência e fortalecimento de vínculos
O brincar, a experiência lúdica e a vivência artística como formas privilegiadas de expressão, de acordo com a coordenadora do Serviço, criam um ambiente no qual é possível trabalhar questões associadas à fragilização de vínculos. Provoca, também, o desenvolvimento de novos vínculos, possibilita compreender as expressões de quem brinca e os significados atribuídos às pessoas e ao mundo. Permite a ressignificação de experiências e promove o desenvolvimento.
Com essa metodologia, os envolvidos nesse trabalho buscam atingir os seguintes objetivos:
– Complementar as ações de proteção e desenvolvimento das crianças e o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais;
– Assegurar espaços de convívio familiar e comunitário e o desenvolvimento de relações de afetividade e sociabilidade;
– Fortalecer a interação entre crianças do mesmo ciclo etário;
– Valorizar a cultura de famílias e comunidades locais, pelo resgate de seus brinquedos e brincadeiras e a promoção de vivências lúdicas;
– Desenvolver estratégias para estimular e potencializar recursos de crianças com deficiência e o papel das famílias e da comunidade no processo de proteção social;
– Criar espaços de reflexão sobre o papel das famílias na proteção das crianças e no processo de desenvolvimento infantil.
Os atendimentos contemplam os mais jovens
O Serviço dá especial atenção a crianças de até 6 anos, principalmente as que apresentam deficiência, com prioridade para as contempladas pelo Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) e crianças cujas famílias são beneficiárias de programas de transferência de renda. Incluem-se ainda nesse grupo as crianças encaminhadas pelos serviços de Proteção Social Especial e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, reconduzidas ao convívio familiar após medida protetiva de acolhimento e outros.
Também têm prioridade as crianças residentes em territórios com ausência ou precariedade na oferta de serviços e oportunidades de convívio familiar e comunitário, bem como aquelas que vivenciam situações de fragilização de vínculos.
O acesso, de acordo com Áurea Cardoso, se dá por procura espontânea, iniciativa dos agentes do próprio serviço e por encaminhamento de organismos e programas do governo.
Brincando com famílias no Cras
Os Centros de Referência de Assistência Social estão nas regiões de maior vulnerabilidade social e buscam garantir às crianças o direito de brincar, entre si e com suas famílias. São momentos de interação e convivência por meio de atividades lúdicas de roda, espaço bebê, ateliês, cama elástica, pipoca, algodão doce etc. Além disso, esta ação é realizada para conhecer e mobilizar as famílias de crianças pequenas para a participação no Serviço.
Brincando com famílias na vila
Atividade de caráter comunitário para um público estimado de até 100 participantes. Objetiva dar oportunidade às crianças e suas famílias momentos de interação e convivência familiar e comunitária por meio de atividades lúdicas como as brincadeiras de roda, ateliês, corda, amarelinha, etc. Busca também levar a brincadeira para espaços dentro das comunidades (becos, praças, ruas), bem perto das casas. E ainda conhecer e mobilizar as famílias de crianças pequenas para as atividades do Serviço.
Rodas de conversa
Atividade que reúne as famílias, as rodas de conversa são realizadas em parceria e a convite da equipe do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), com temáticas que se relacionam principalmente ao universo familiar e comunitário, com recorte no que se refere à proteção e prevenção de riscos. É realizada também como estratégia para contribuir para a aproximação da equipe do Serviço com as famílias que possuem entre seus membros crianças de até 6 anos.
Cortejo lúdico
O Cortejo Lúdico tem caráter comunitário voltado para a mobilização. Objetiva divulgar na comunidade uma temática que se refere à proteção e prevenção de situações de risco. A atividade segue um roteiro dentro das vilas, traçado previamente pelo Cras. Durante o percurso são feitas chamadas pelo megafone referentes ao tema do cortejo. É bastante usado em ações (campanhas) comunitárias para intervenção nos contextos de vulnerabilidades e riscos aos quais as crianças possam estar expostas, tais como o trabalho infantil e a violência sexual.
Participação em eventos comunitários
Planejada pela rede socioassistencial e outras políticas sociais, a participação nos eventos comunitários refere-se a atividades intersetoriais como saúde, educação e habitação, por exemplo. As atividades lúdicas a serem executadas serão organizadas de acordo com as características de cada evento. Entretanto, o caráter recreativo será utilizado como estratégia para alcançar algum dos objetivos do Serviço que pode estar relacionado à comunicação e defesa de direitos, desenvolvimento do convívio familiar e comunitário ou mobilização para a cidadania.
Oficinas de reflexão com famílias
Atividade executada pela equipe do Paif em parceria com a equipe do Serviço, tendo como objetivo a aproximação desta equipe com as famílias que possuem entre seus membros crianças de até 6 anos, público alvo do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
Brinquedoteca
Espaço lúdico da política pública de Assistência Social no município de Belo Horizonte, podendo ser fixo ou não. Objetiva, principalmente, promover a interação entre as crianças.
Atribuições e responsabilidades
As ações para crianças até 6 anos e suas famílias em Belo Horizonte, conforme explica a coordenadora do Serviço de Convivência, são executadas de forma indireta pela Providência Nossa Senhora da Conceição. As crianças são consideradas na perspectiva de seus grupos familiares, abrindo-se às famílias as ofertas dos programas, projetos, serviços e benefícios executados pelo Cras. O objetivo é que o Serviço seja um dos elementos afiançadores das seguranças visadas pela política pública de Assistência Social. A meta de atendimento é de 1169 crianças por mês.