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Anunciata, uma proposta de amor

 

Neste ano dedicado à Vida Consagrada, Mês das Vocações, Dia da Religiosa (o) dou graças ao Pai por haver dirigido a mim o seu olhar de amor e de consagração… Uma, entre outras consagradas (os), testemunha que existe outra forma de viver feliz.

Contexto histórico

Em meados do século XIX, em uma Espanha dividida entre Liberais e Carlistas, dilacerada pelas consequências de uma guerra fraticida, nasceu a Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciata. Em meio às necessidades daquela gente, em ambiente de sofrimento, no qual se perdera a beleza da amizade, da confiança e da paz, Deus suscitou no coração de Francisco Coll – frade dominicano em situação de exclaustração – a solidariedade, o compromisso com os necessitados, o desejo profundo de responder ao seu chamado para restaurar a fraternidade, suscitar a reconciliação, reconstruir a comunhão desarraigada pela guerra.

Depois de um período de discernimento, inspirado no mistério da Anunciação do Anjo a Maria, ele decidiu fundar uma Congregação que abrisse as portas para que jovens empobrecidas pudessem ser religiosas; crianças e jovens recebessem instrução cristã. Idealizou que, como Maria na Anunciação, as Irmãs, contemplando o divino mistério, pudessem expandi-lo ou evangelizar por meio da educação.

O processo fundacional não foi fácil, mas São Francisco Coll, homem de fé inquebrantável, diante das dificuldades dizia: “a Anunciata é obra de Deus!” Fundou o Instituto das Irmãs para atender a uma necessidade da época. Alicerçou-o no tripé dominicano: oração, vida comum, e estudo para responder à missão. Com a palavra e com a vida ele lhes recomendava “Ó amadas Irmãs sejam afáveis com todos os tipos de pessoas”. Exortava-as parafraseando Lucas em At. 4, 32 “Que belo exemplo oferece o Instituto, onde as Irmãs se preocupam em elogiar e ajudar umas às outras, e todas juntas formam um só coração e um só espírito”.

A missão segue em frente. A Congregação atenta aos novos clamores, respondeu diversificando as mediações: saúde, pastoral paroquial, pastoral social, porém a educação cristã foi e continua como eixo transversal nas diferentes mediações.

Contemplando o chamado e a resposta de São Francisco Coll, eu indago: E você, caro (a) leitor (a), está sentindo o chamado de Deus em sua vida? Coragem! Você não está só! “Ide e fazei que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos tempos!” (Mt. 28, 19s). Indagação dirigida também a todas (os) as consagradas (os), pois a resposta ao chamado deve ser renovada a cada dia.

A resposta de Amor continua

Evangelizando através do carisma de São Francisco Coll há 159 anos, 42 dos quais na terra de Santa Cruz, lembro dois versículos do Evangelho de Mateus e um escrito do então Cardeal Bergoglio, papa Francisco.  “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, pois delas é o Reino dos Céus”. (…) “Eu te louvo Pai, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos”. (Mt. 19, 14; 11, 25)

“A escola continua sendo o lugar onde as pessoas podem ser reconhecidas como tais, acolhidas e promovidas. Ela pode oferecer um suporte ao adolescente, seja na prática do diálogo e do amor, seja no desenvolvimento dos valores humanos e éticos, seja no cultivo da espiritualidade”. (Cf. BERGOGLIO, J. M. Educar: exigência e paixão. Desafios para educadores. SP, Ave Maria, 2.013).

No trabalho desenvolvido com os pequeninos em idade e/ou em situação de risco social, as Irmãs buscam, com o testemunho e com a palavra, despertar a admiração, o louvor, o respeito ao Criador e às suas criaturas. Missão que exige tempo… Lembro o Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry “foi o tempo perdido com a sua rosa que a tornou importante”. E como ter tempo? Hoje andamos tão ocupadas (os), conectadas (os) com o mundo virtual, que não temos tempo de perceber e sentir a beleza e as necessidades do mundo real.

Você, caro (a) leitor (a), já contemplou a beleza de uma flor? Recorda-se da ternura experimentada no olhar de uma criança? Lembra da admiração despertada pelo resplendor de uma estrela?

Você, nós, somos chamados (as) a nos conectar com o Criador e conosco mesmos (as); a contemplar o divino chamado que nasce do contato com a vida latente na criação, na diversidade harmoniosa.

Em época de crise globalizada, a educação é um desafio, especialmente na rede pública. E o que fará uma religiosa nesse universo? Como dizia Santa Teresa de Calcutá “é uma gota d’água num Oceano, mas sem essa gota o Oceano seria menor”. Ser essa gota pode fazer a diferença.
Nos corredores ou nas salas de aula, a saudação carinhosa “a paz irmã”! Pode indicar um desejo oculto de viver na paz. Eu estou sendo testemunha da paz e da alegria? 

Convido você, caro (a) leitor (a), a cultivar em seu coração a paz e a alegria. As crianças e os adolescentes, os jovens e os adultos, buscam a paz que lhes dê sentido e alegria. “Vivei com alegria, tendei à perfeição, animai-vos, tende um só coração, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”. (II Co. 13, 11).

Você já se sentiu tocada (o) pela palavra de Jesus? Já olhou com admiração para a beleza do Universo?  Tem olhado com ternura para os pequeninos que se encontram em seu caminho?

Como Maria na Anunciação, deixemo-nos amar pelo Pai, e seremos com Cristo, anunciadoras (es) e mensageiras (os) da paz e da alegria, sinais de que o Reino de Deus já está entre nós.

 

Irmã Mariana Fernandes da Silva
Dominicana da Anunciata.
 



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