Sexta-feira da paixão. Uma manifestação de infecção localizada. À noite já estava hospitalizada, acometida da temida septicemia, aquela tal infecção generalizada. Sábado Santo, às 16h, Aída vive a sua Páscoa definitiva, passando pela morte.
Uma contabilista de 86 anos, moradora do Santa Efigênia. Melhor identificá-la como servidora da catequese. Serviu durante décadas, várias décadas, muitas décadas à catequese porque sabia o valor da educação da fé. Baixinha, sorridente, enérgica, organizada. Pele cor de canela. Cabelos branquinhos encaracolados, bem curtos. Até a quinta-feira santa à tarde ela trabalhou pela catequese, organizando o arquivo do IRPAC – Instituto Regional de Pastoral Catequética, da CNBB-Leste II. Este Instituto está para completar 30 anos. Durante 30 anos ela prestou serviços – por amor à catequese – ao IRPAC.
É uma história bela. Uma anônima para os grandes. Uma conhecida dos catequistas. Aída fará muita falta. A trajetória dela faz-me pensar na diferença entre o que “faz sucesso” – mundanismo como diz o papa Francisco – tão buscado pela igreja midiática e seus vorazes artistas, ainda que de qualidade sofrível, que a todo instante precisam “explicar” que não são artistas, mas ministros, pastores, evangelizadores… e o que “é bem sucedido”, porque foi realizado com amor ao outro, num percurso de crescimento e amadurecimento da fé. Aída foi bem sucedida, suficiente. Como uma vela diminuía-se para iluminar com a fé cristã.
Alcançou uma quantidade enorme de pessoas, com uma mensagem consistente. Ao invés de gerar alienados compulsivos, saltitantes, educou na fé cristãos comprometidos, testemunhas do evangelho. Ao invés de holofotes, preferiu a chama fumegante, ardente e perseverante.
Aída continua acesa.
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte