No próximo Domingo, iniciaremos, com toda a Igreja, o Tempo do Advento, um tempo de reencontros…
Reencontro do sentido da vida, se desgostos indesejáveis te surpreenderam.
Reencontro do reencantamento, se as decepções te levaram a não crer em mais nada, porque tudo parece um sórdido e inevitável desencanto.
Reencontro da confiança, quando o ceticismo te cegou, e também te impossibilitou de ouvir o canto daqueles que anunciam um novo amanhecer.
Reencontro da esperança, porque te anunciaram o evangelho dos maus agourentos de plantão, acenando que o mundo não tem mais jeito.
Reencontro da arte do pedreiro, quando quase se prostrou diante das demolições e construções que, com o tempo, a beleza e a sustentabilidade, por falta de estrutura, perderam.
Reencontro do saber do arquiteto e engenheiro, para refazer cálculos, projeções, para que a vida não se assemelhe à abrupta e indesejável interrupção de uma obra.
Reencontro da mística, que materializa e refaz sonhos, porque sonhos bons realizados pedem outros, em incansável renovação e superação.
Reencontro da paixão pelo Reino, que ao Pai pertence. Reino eterno e universal, porque de vida e verdade, graça e santidade, justiça amor e paz.
Reencontro do caminho, que é o próprio Senhor, se, pelas dificuldades, dele se desviou, ou mesmo as forças se arrefeceram.
Reencontro do paraíso perdido, não mais marcado pela saudade, mas como possibilidade de construção por aqueles que se movem pela fé e pela força, que brotou da mais bela Ressurreição – A Ressurreição do Cristo Senhor!
Reencontro do sentido Pascal do Natal, reencontro com o Deus Menino Divino, que é o mesmo Homem Deus na Cruz crucificado, por amor extremo, vida consumada e eliminada, para que vida abundante nos fosse alcançada e as portas para sempre abertas e nossa vida eternizada.
Reencontro do simples e do belo, que não distante se encontram, mas que tão longe e em lugares equivocados buscamos.
Reencontro com o Senhor, portanto, reencontro com o amor, a vida, a alegria, a esperança, a fé, a solidariedade, a verdade, a paz…
Reencontro pessoal, para que, no mundo, com equilíbrio, justiça e piedade nos situemos.
Reencontro com o outro, para que relações fraternas, marcadas pela ternura, construamos.
Reencontro com a natureza, que também geme em dores de parto, à espera da reconciliação, sem insanas e abomináveis depredações, explorações e tragédias ambientais.
Reencontro com Deus, o reencontro dos reencontros, que se faz a cada instante, porque Ele no mais profundo de nós habita.
Advento, Tempo de reencontros que não ocultem jamais a Face de Jesus! Amém.
Dom Otacílio Ferreira de Lacerda
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte