O Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais e a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade receberam, recentemente, o documento que certifica a instituição de duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) na Serra da Piedade. São áreas pertencentes ao Santuário e à Congregação que, a partir de iniciativa da própria Igreja Católica, serão totalmente preservadas.
A criação das Reservas pelo Conselho de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais (Copam) e pela Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas (CPB) é celebrada pela Agência de Desenvolvimento Regional Integrado da Arquidiocese de Belo Horizonte (Aderi) que se empenhou decisivamente para a consolidação dessa importante conquista que contempla a Serra da Piedade e o Município de Caeté.
O coordenador da Aderi e professor do Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, Miguel Andrade, explica que a função prioritária dessas unidades é a preservação dos ecossistemas locais e dos mananciais de água. As reservas constituem também espaços privilegiados para pesquisa e educação ambiental e patrimonial. “São reservas contíguas que, junto com o Monumento Natural Estadual Serra da Piedade, contribuem para a formação de um mosaico de áreas protegidas para a região, aumentando substancialmente a proteção do patrimônio natural para as atuais e futuras gerações”. A partir da criação das RPPNs, o coordenador da Aderi adianta que os próximos passos serão a elaboração do plano de gestão e manejo dessas áreas e a identificação dos projetos prioritários para o desenvolvimento e conservação da região.
O reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, padre Wagner Calegário, sublinha que a constituição de uma RPPN no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade expressa o firme e irrenunciável compromisso da Arquidiocese de Belo Horizonte com a defesa da vida em sua integralidade. Padre Wagner, também coordenador do Comitê para a Mineração da Serra da Piedade (Camisp), observa que ao dedicar parte de seu território para Reserva Particular do Patrimônio Natural, a Igreja garante que essa área nunca mais poderá ser utilizada para outros fins, senão para a preservação. “Vale lembrar que é uma área de importância singular para a região. A partir da integração entre cultura, educação e espiritualidade vamos promover atividades de pesquisa, educação ambiental para estudantes e peregrinos” – afirma o reitor.
A madre Teresa Cristina Leite, religiosa da Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, celebra o reconhecimento das RPPNs, fruto de um esforço realizado em cooperação com a Aderi, junto aos órgãos públicos. “A Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade disponibilizou parte de seu terreno para se tornar RPPN. Essa reserva tem o propósito de preservar a natureza da ganância humana, da degradação ambiental. É uma maneira que a gente tem de proteger o espaço da vida, o espaço da biodiversidade – os animais, as plantas, as matas, as águas”.
A Reserva situada em uma área pertencente à Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, conforme sublinha a religiosa, recebe o nome de Monsenhor Domingos Evangelista – homenagem ao fundador da Congregação. Madre Teresa Cristina destaca a importância das muitas formas de interação do ser humano com a natureza, possibilitadas e garantidas a partir do reconhecimento da RPPN: “Nessas terras podemos fazer estudos científicos, promover a educação ambiental, além de visitas turísticas e recreativas. Um lugar para nos encontramos com a criação, com a vida.”
A Agência de Desenvolvimento Integrado (Aderi), que trabalhou para o reconhecimento das RPPNs, tem a missão de desenvolver ações socioambientais, com o propósito de buscar cooperações em trabalhos que visem integrar espiritualidade, cultura e meio ambiente, promovendo a ecologia integral. Segundo o professor Miguel Andrade, a Agência tem se dedicado principalmente a atividades de aconselhamento técnico e científico em educação, gestão territorial e conservação ambiental na Serra da Piedade, atuando em articulação com setores da Arquidiocese, a exemplo do Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte (Veaspam), da Comissão de Mineração na Serra da Piedade, da Comissão Arquidiocesana de Mineração e da Casa de Francisco.
Em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Aderi coordena o plano de manejo do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade, sendo também responsável pela elaboração de políticas públicas. Junto com a Secretaria de Estado de meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais e outras instituições, foi também responsável por elaborar o zoneamento ambiental produtivo da Serra da Piedade. “Organizamos a parceria do Projeto Conhecer para Cuidar com a Asas Produções, criamos o projeto Eco Museu Casa Comum da Piedade – um amplo programa para a Serra da Piedade – e estamos produzindo o Atlas da mineração e áreas protegidas para o território da Arquidiocese de Belo Horizonte” – recorda o professor Miguel Andrade. Recentemente, a Aderi participou da elaboração do plano de ação territorial da Serra do Espinhaço – cadeia montanhosa que abrange a Serra da Piedade – para conservação de espécies.
A Aderi contribuiu, com o Veaspam, para a realização do fórum de integração da Arquidiocese de Belo Horizonte e da Segunda Romaria Arquidiocesana para a Ecologia Integral ao Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. A partir dessas iniciativas, foi criado coletivamente um programa de formação sobre ecologia integral para o território da Arquidiocese, com várias estratégias educativas e de formação – lives, oficinas e publicações.