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Abrir-se para amar

Desde que foi criado está o homem em busca da felicidade, e a humanidade acredita firmemente que a felicidade e o amor estão intrinsecamente ligados e dependem um do outro. Por esse motivo, são muito altas as expectativas pessoais que os cônjuges aportam ao matrimônio. Enquanto sentir-se querido é uma necessidade básica de todo ser humano, para alguns é mais do que isto, é a satisfação da expectativa de ver realizado seu sonho de ser feliz.

Quem procura, porém, no matrimônio, esta satisfação acima de tudo, termina por se transformar em um insatisfeito incapaz de amar, pois reduz o amor a uma visão egoísta, egocentrista, unilateral.

A dinâmica natural do amor pressupõe o dom de si, de abertura, de entrega, de esquecimento de si. Antes de pensar em receber amor, temos que estar capacitados e ser capazes de dar amor.

Há diversos modos de abertura e doação. Disponibilizar o próprio tempo, estar disposto a escutar, trocar experiências passadas, oferecer ajuda.

É comum que sejamos educados para ser generosos. Estar, entretanto, em condições de oferecer algo, nos tendência à auto-suficiência, a recusar ajuda. Por este motivo a disposição de ser ajudados requer esforço. Aceitar ajuda é também um modo de abertura pessoal na medida em que damos oportunidade ao outro de ser útil.

Se dermos algo, terminaremos por receber algo. Caso seja este o motivo de minha abertura, esta se desvaloriza. Nossa abertura tem valor se é gratuita, se não espera nada em troca.

 

Se cada cônjuge quer ter algo
a oferecer, ou de ter
capacidade de ser ponto
de apoio, há que se
esforçar, individualmente,
para se fortalecer,
crescer por dentro, adquirir densidade, desenvolver
valores

E se recebermos algo, que não seja aquilo que nós queremos receber, ou que atenda às nossas expectativas, mas sim o que o outro está disposto a dar. Esta renúncia também é doação, é abertura.

Há quem procure o outro por estar inseguro. Casar-se exclusivamente porque um precisa do outro é um posicionamento incompleto e reducionista da relação a dois.

A complementaridade conjugal seguramente potencializa cada cônjuge para o mundo. Há, entretanto, momentos distintos de aporte de apoio de cada um ao outro. Aquele que procura exclusivamente segurança no casamento corre o risco de se sentir insatisfeito quando se vir requisitado a ser ponto de apoio.

Se cada cônjuge quer ter algo a oferecer, ou de ter capacidade de ser ponto de apoio, há que se esforçar, individualmente, para se fortalecer, crescer por dentro, adquirir densidade, desenvolver valores. Seja através da aquisição de cultura, do aprofundamento religioso, na participação de trabalhos comunitários ou sociais, no desenvolvimento e fortalecimento de amizades, na família, no trabalho, etc…

Há uma imagem gráfica tradicional que ilustra qual deve ser a nossa disposição para o amor. Estamos dentro de um quarto escuro, com portas fechadas. Enquanto tento abrir as portas puxando-as para dentro, permanecem fechadas, pois elas abrem para fora, para o mundo, para o outro.

O casal que se fecha em uma relação exclusivista, atrofia o crescimento mútuo. Cada um deve procurar abrir-se para fora do matrimônio, nas diversas áreas das relações humanas, que o enriqueça e que permita oferecer ao outro algo novo para ser compartilhado.

Sentir-se amado no matrimônio é conseqüência, do bom entrosamento conjugal, que é possível para quem está aberto a dar e a receber.

André Pessoa
Mestre em Orientação Familiar por Navarra
ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995



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