A verdadeira vocação não consiste em aderir a um projeto definido nos mínimos detalhes, mas construir uma história junto com Deus. Com Ele, que veio fazer morada no nosso meio, vamos juntos construir a nossa história.
A vocação é um chamado que nos leva, antes de tudo, a escutar a palavra e, assim, fazer boas escolhas para anunciar o Evangelho.
A Palavra de Deus como fonte da catequese tem papel indispensável no processo da nossa caminhada junto à comunidade. Na Sagrada Escritura, Deus se nos revela e o Espírito Santo nos ajuda a aprofundar o mistério nela contido e a realizá-lo em nossa vida cotidiana. O catequista, depois de se apropriar desse mistério em sua vida, se coloca a serviço da Palavra, comunica quem é esse Deus amor e, mediante à interação entre Palavra e Vida, prepara os corações para o encontro com Ele, anunciando a Palavra com vigor e ardor missionário.
Nós, catequistas, ao anunciarmos a Palavra de Deus, precisamos estar sempre atentos e, junto com os jovens e adultos vamos percebendo que os encontros se oferecem como espaço para ouvir a Palavra de Deus e refletir sobre ela. A Palavra chega como farol para orientar nossas vidas e dar-lhes um sentido maior a fim de que nos realizemos como pessoas e como cristãos, de que vivamos em comunidade e possamos, desse modo, assumir a missão na sociedade.
A Palavra de Deus interage com nossa vida e, nesse sentido ao refletir sobre ela, os encontros se tornam vivos, nos fazem comemorar a vida de cada um presente, os aniversários, as caminhadas, os campeonatos, gincanas e campanhas, construir novas redes. Em meio a essas alegrias, catequistas e catequizandos crescem na amizade, amadurecem suas escolhas e também crescem na amizade com Jesus.
Deus gosta de misturar sua vida com a nossa. Desde o principio foi assim. Debaixo de uma tenda criou-se o lugar de comunhão entre as pessoas do bem, que se protegem, que zelam umas pelas outras, que topam qualquer parada – pelo comum e de cada irmão – e partilham a mesma missão. Na sua moradia móvel, permitia ao povo experimentar a força da união na trilha dura do deserto. Depois essa moradia de Deus chega à sua máxima expressão na pessoa de Jesus Cristo. Forma que Ele encontrou para permanecer conosco e poder mergulhar na noite da infidelidade, da injustiça, da traição humana, sendo humilhado e punido à morte de cruz. Mas esse nosso Deus vence o poder da morte e torna imortal a nossa carne, abrindo para nós as portas da ressurreição. A humanidade de Jesus é a nova tenda de Deus para fazer sua morada no meio de nós.
É sobre esse Deus que nós catequistas nos propomos anunciar. Deus que é amor e misericórdia, que nos olha, nos acolhe e nos faz tenda para continuar morando no meio de nós.
E nós catequistas? Precisamos procurar nos despir do manto do poder, da vaidade, do “sabemos tudo” e colocar o avental de servidor. Desse modo estaremos aptos para o serviço da evangelização em nossas comunidades.
E como podemos servir?
Servir é “ser para os outros”. É o viver para o Pai e os irmãos e irmãs, como o Filho, Jesus, viveu. Um serviço assim vai se desdobrando em gestos de responsabilidade e perseverança nos encontros catequéticos, na atenção para com os familiares dos catequizandos, no comprometimento e no engajamento nas atividades pastorais.
Trata-se de um semear contínuo pela estrada afora, sentindo a brisa suave do Evangelho. Um continuo semear no campo do mundo, na imensa seara do povo.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética de BH