As equipes de liturgia e sua atividade se inserem na dinâmica do Mistério Pascal de Cristo. Elas não são meras fabricantes criativas de celebrações. É verdade a máxima que diz: “Ninguém pode dar aquilo que não possui.” Se as equipes de liturgia quiserem ser fiéis à vocação ministerial, será necessário que seus integrantes cultivem a relação de aliança com o Senhor Jesus, para depois propô-la à comunidade de fé nas celebrações que preparam.
Se cairmos na malha fina de Jesus, quando ele diz aos fariseus: “Não entrais no Reino e impedis os outros de entrar” (Mt 23,23) teremos falhado como equipe e também como cristãos. Não poderemos, portanto, ajudar as pessoas de nossas comunidades a tornarem-se cristãos e cristãs de fato se nós, individualmente e em conjunto, não carregarmos conosco os traços daquele que é o centro da fé celebrada.
Olhando de perto
“O Espírito nos faz filhos e filhas em Cristo e esta relação é nutrida e amadurecida quando se celebra a Liturgia em suas diversas formas” |
Desde os primórdios da Igreja, a fonte de vida dos cristãos é o acontecimento pascal realizado em Jesus de Nazaré e continuado pelo Espírito na Igreja a serviço do mundo. A possibilidade de vivenciar os vários aspectos do Mistério Pascal oferecida pelo Ano Litúrgico, muito cedo se tornou o itinerário espiritual dos cristãos. Aqui temos o “tempo” como imagem do ser humano ritmando os compassos de sua vida segundo os passos de Jesus. O Domingo brilha com todo o seu esplendor, como horizonte semanal de nossas peregrinações, ponto de chegada e de partida de nossa história.
A primeira verdade a ser conferida é se, de fato, as equipes de liturgia celebram o domingo ou simplesmente cumprem suas funções no dia do Senhor. Quer dizer, se ao servirem a assembleia como equipe de celebração – seja coordenando as tarefas, seja executando ações rituais e desempenhando funções (leitores, cantores etc.), tomam parte na comemoração pascal. Se estão ali somente “para’” os irmãos, ou principalmente “com” os irmãos. Há sempre o risco de tornarmo-nos profissionais do sagrado, o que seria uma desfiguração de nosso ministério.
A única espiritualidade possível
Aos cristãos somente é plausível uma espiritualidade, porque um apenas é o Espírito (1Cor 12,13). Ela coincide com aquela presença divina que habitava Cristo Jesus, tornando-o quem era e que por ele fora comunicada na Páscoa, na cruz e no cenáculo. E não há outro lugar para alimentar em nós o Espírito de Cristo senão no memorial de sua Páscoa, cuja melhor expressão é a Eucaristia.
O Espírito nos faz filhos e filhas em Cristo e esta relação é nutrida e amadurecida quando se celebra a Liturgia em suas diversas formas. As espiritualidades “genitivas” (franciscana, carmelita, carismática, do apostolado da oração etc.) só têm razão de ser se ancoradas ao acontecimento Pascal que a Liturgia realiza.
Não é possível compreender um membro de equipe de liturgia ou celebração que não priorize a espiritualidade litúrgica e não beba de sua fonte.
Pe. Márcio Pimentel
Coordenador da Comissão de
Liturgia da Arquidiocese de BH