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A Sagrada Escritura, as leituras na missa e a homilia

 

O artigo 29 da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) apresenta as leituras das Sagradas Escrituras como “elemento da maior importância”. Note-se que é o primeiro elemento apresentado pelo Missal. A mudança de foco faz-se sentir. Se antes do Concílio Vaticano II a mesa da Palavra era chamada de “missa didática”, ou pior, de “ante missa”, pelo novo missal é considerada como elemento da missa mesmo e, sendo da maior importância, indispensável. A reforma não foi apenas na compreensão. O novo lecionário é indiscutivelmente mais rico e abundante em leituras, o que facilita o maior acesso dos fiéis à Palavra de Deus.

 

A Palavra de Deus
deve ser escutada por todos. É um
ato comunitário
O povo, em comunhão, ouve a voz de Deus
e de seu Cristo

É o próprio Cristo o anunciador do Evangelho e a proclamação da Palavra, a fala de Deus a seu povo. A IGMR evoca o princípio conciliar (SC 7) que apresenta a Palavra de Deus como sinal da sua presença real. Deus, quando nos fala, merece ser escutado. Sua Palavra goza de eficácia, tem caráter performativo: é realização. Por isso, todos, sem distinção entre ministros e fiéis, devem escutar esta Palavra. A escuta é a atitude que se requer dos que celebram a Palavra de Deus na Eucaristia. É a atitude do discípulo, aquele que se dispõe a aprender. A escuta é, ainda, a atitude própria da Aliança; escutar e obedecer são verbos complementares. Escuta bem quem obedece, cumpre, realiza. O desobediente não escuta em sentido profundo. Por isso é infiel, resiste à vontade de Deus, se recusa a cumprir a Aliança.

A homilia, como parte da ação litúrgica, torna a Palavra de Deus acessível e a situa no contexto celebrativo e histórico. Sua função é favorecer a inteligibilidade da Palavra, isto é, torná-la acessível e compreensível a todos. Neste ponto, o artigo deve articular-se com o anterior (n. 28), pois lá fora dito que a Eucaristia está estruturada em duas mesas e um só ato de culto. As leituras incidem nas demais partes da celebração, de tal forma que elementos como a oração eucarística, os prefácios, os cantos, são escolhidos a partir das leituras bíblicas. Também a homilia, chamada de “comentário vivo” deve ter essa dupla referência: a Palavra de Deus e o sentido sacramental da ação litúrgica. Ela explicita a unidade das duas mesas e demonstra como a Palavra se realiza na Eucaristia.

Dada a importância dessas considerações seria importante corrigir algumas atitudes que não colaboram com a celebração da Palavra na missa:

A Palavra de Deus deve ser escutada por todos. É um ato comunitário. O povo, em comunhão, ouve a voz de Deus e de seu Cristo. Pena que muitos ainda continuam com a atenção completamente voltada para os subsídios (folhetos e caderninhos de leitura).

1.    Chega de celebrações desconexas, onde as leituras falam de uma coisa, o canto de outra e a homilia de outra! Que os cantos, as preces e comentários, homilia se inclinem diante da Palavra do Senhor.

2.    Não faz sentido participar da mesa eucarística sem participar da mesa da Palavra. Não prolonguemos a mentalidade pré-conciliar, quando era permitido comungar sem ter ao menos escutado as leituras. 

 

Pe. Danilo dos Santos Lima
Liturgista



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