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A revelação Bíblica acontece na história.

Deus se revela agindo. Por isso, para a fé cristã é fundamental a mediação histórica. Jesus, na teologia cristã, é reconhecido como a Palavra de Deus. Ele é a comunicação definitiva do Pai com a humanidade e se torna a Palavra que resume todas as palavras. Sua vida não é uma invenção e o Cristo ressuscitado não foi uma criação.

 

Jesus Cristo é a Palavra que desde o início se apresenta como comunicação divina que nos chegou pela boca dos profetas, dos Apóstolos e ainda por todos aqueles que Ele escolheu, chamando-os para dialogar com a humanidade. Eses últimos são os reponsáveis pela nossa tradição oral, pois nem tudo que foi dito e  vivido foi escrito.

 

A palavra escrita que se encontra na Sagrada Escritura é o registro, nas suas formas bem elaboradas, da vivência de fé do povo de Deus. São Palavras de Deus que foram colocadas por escrito, sob a inspiração do Espírito Santo. Deus, agindo na força do seu Espírito, fez  com que todas as Palavras inspiradas fossem direcionadas para o seu Filho, Jesus Cristo.

 

A Palavra de Deus é a Palavra anunciada e celebrada na liturgia da Igreja. Na liturgia, a Palavra torna-se sinal e instrumento eficaz de salvação na vida das comunidades cristãs. Quando se leem na Igreja as Escrituras é Cristo mesmo quem fala e o povo responde com seus cânticos e orações. Por meio do amor de Deus nos tornamos partícipes de sua vida e interlocutores de seu projeto de salvação.

 

Os Evangelhos transmitem fielmente aquilo que Jesus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a nossa salvação.

Deus vai se revelando de forma gradual e de várias formas nos fatos e acontecimentos da vida. Deus vai  mostrando quem ele é  pelo seu agir na história da salvação. Começou a se mostrar a partir da obra da criação e no decorrer das várias etapas da história da salvação, se deu a conhecer até o momento em que se revelou plenamente em Jesus Cristo. No Filho, Deus se manifesta para o ser humano e nos mostra como deve ser a humanidade para Ele. É quando se dá a manifestação definitiva de Deus entre nós:a encarnação do Verbo.

 

No tempo de Jesus, os Apóstolos e seus discípulos puderam aprender com ele e receber dele a mensagem de salvação, bem como a missão de anunciar o Evangelho ao mundo inteiro na condição de testemunhas e fiéis colaboradores da sua obra redentora.

 

Os Evangelhos transmitem fielmente aquilo que Jesus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a nossa salvação. São ensinamentos  que a Igreja sustentou desde os primódios e continua sustentando.

 

Hoje, os nossos Bispos são os responsáveis por dar continuidade à transmissão horizontal da Revelação, fazendo com que a mensagem de Cristo chegue até nós, atualizada pela ação do Espírito Santo, de acordo com a realidade de nossa época.

 

Para a fé cristã é fundamental a mediação histórica. O evento Jesus, a pregação apostólica, as tradições orais e escritas da comunidade primitiva são etapas de formação que nos ajudam no caminhar da evangelização. O primeiro elo a se formar é constituído pela vida e missão de Jesus. Ele mesmo anuncia a Boa Nova do Reino. O segundo elo se constitui a partir da pregação dos Apóstolos. O mesmoJesus que antes anunciava o Evangelho com palavras e gestos, torna-se, após a Ressurreição,  o próprio Evangelho anunciado pelos seus discípulos. Depois, num terceiro elo, a formação dos Evangelhos passa a ser representada pelas comunidades cristãs das origens, que conservaram a lembrança da pregação oral dos Apóstolos. E por fim, o quarto elo de formação já se refere aos escritos dos Evangelhos, de forma sistemática e explicada para melhor ajudar os ouvintes e leitores a compreeder os escritos.

 

Os Evangelhos são obras querigmáticas, preocupadas com o anúncio dos fundamentos da fé. Seus escritos fazem ecoar a mensagem de Jesus, adaptando-a à realidade vivida pelas comunidades cristãs.

 

Para a teologia católica não existe oposição entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, apresentado nos evangelhos. O que existe é unidade e continuidade. O Cristo da Páscoa é o mesmo Jesus de Nazaré, que foi crucificado. A única diferença é que, à luz da Ressurreição, Jesus foi identificado como o Senhor e o Cristo (Messias).A experiência da Páscoa de Jesus  permitiu aos apóstolos e discípulos compreender plenamente a identidade mais profunda do seu Mestre, por meio da releitura de sua experiência.

 

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora da Comissão Bíblico-Catequética

da Arquidiocese de Belo Horizonte

 



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