O Papa Francisco tem dado sinais de que deseja a presença da Igreja nas periferias urbanas onde moram os pobres. Tem feito gestos em Roma nessa linha. Serve de estímulo para toda a Igreja Católica, que ele preside, sobretudo na caridade, na expressão de Santo Inácio de Antioquia.
Em Belo Horizonte, a Igreja tem procurado cultivar tal presença. O Núncio Apostólico, quando da visita à Arquidiocese para a bênção do início dos trabalhos de construção da Catedral testemunhou que a Igreja de Belo Horizonte oferece aos necessitados a esperança de Cristo Ressuscitado.
Como a Catedral vai ser construída em região próxima a bairros de carentes, dom Walmor a imagina como lugar para acolher pobres e sofredores e fazer de todos discípulos e discípulas de Deus.
O site da Arquidiocese traça-nos quadro impressionante da sua atividade social. A Pastoral dos Negros visa a que os próprios negros e negras se engajem no processo de superação do racismo e da discriminação. Resgate da história e dos valores culturais do povo negro. Assim se reverterá o quadro secular de exclusão.
O campo social se estende ao ambiente carcerário. A maioria dos presos vêm das regiões pobres. Cabe dupla presença. Uma preventiva em vista de diminuir a violência urbana onde medram os criminosos e outra de recuperação e apoio humano aos encarcerados.
“Como a Catedral vai ser construída em região próxima a bairros de carentes, dom Walmor a imagina como lugar para acolher pobres e sofredores e fazer de todos discípulos e discípulas de Deus” |
O cuidado social necessita começar cedo. A Igreja dedica-se à Pastoral da Criança, desde a orientação pré-natal às mães, passando por assistência nos primeiros anos de vida da criança até preocupar-se com as abandonadas ou cujos pais apenas têm condição de educá-las, mas não de mantê-las. São milhares de crianças e centenas de gestantes que recebem cuidados especiais da Pastoral, com a ajuda de 2 mil voluntários.
As mulheres na sociedade urbana ainda sofrem discriminação. A Pastoral volta-se para ajudá-las a criar consciência crítica, autoestima e assim assumir o próprio destino. Ao lado delas, o idoso carece também de cuidados especiais a fim de dispor de condições humanas físicas, psíquicas e espirituais de vida.
No mundo urbano, faz-se especialmente importante a presença junto aos moradores de rua e nas vilas e favelas. As pastorais aí atuantes gozam de enorme irradiação social, tanto pela iniciativa da Igreja, quanto em convênio com o Estado e outras instituições. Merece relevo o trabalho por meio da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material [Asmare] em íntima união com a Pastoral de Rua. À guisa de síntese, a Pastoral alimenta rede de voluntários e colaboradores que atuam em ações políticas na defesa dos direitos humanos, maiormente desrespeitados em relação aos pobres que habitam as favelas.
A Pastoral dos Direitos Humanos com mais de 30 anos de existência ocupa posição de destaque entre as organizações de direitos humanos de Minas Gerais, por meio de inciativas próprias e outras em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e com o Governo de Minas Gerais. Que tal presença continue revelando para os pobres o rosto de Jesus!
Pe. João Batista Libanio, SJ
Professor da Faculdade Jesuíta de
Teologia e Filosofia (FAJE)