Desde 1964 e a cada ano, a Igreja do Brasil promove a Campanha da Fraternidade como um dos modos de viver a espiritualidade quaresmal, sempre apresentando um tema que contribui para uma mudança de vida pessoal e a uma transformação da sociedade.
O objetivo proposto é nos levar a uma reflexão de algo ou uma situação que precisa ser melhorada. Neste ano, a Campanha da Fraternidade traz o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), nos convidando a uma reflexão sobre a indispensável relação entre fraternidade e educação baseando-se em três aspectos:
• Fraternidade – viver como irmãos que se amam, se respeitam e se ajudam;
• Educação – não é só conhecimento de conteúdo escolar, mas também é a formação de cada pessoa, com o desenvolvimento de suas qualidades e com a escolha dos caminhos que tornem a vida melhor para todos;
• Educação de Qualidade – direito de todos.
Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), tem como objetivo geral promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos do humanismo integral e solidário. Nesse sentido, somos convidados a ver a realidade da educação em seus diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus e, procurando seguir os passos de Jesus mestre e educador, promover ações que contribuam para a formação de pessoas abertas, integradas, interligadas e inseridas no processo educativo e evangelizador.
Educar é construir a verdadeira fraternidade
A catequese, respondendo aos apelos do Senhor Jesus, que conta com cada cristão, caminha com a finalidade de edificar comunidades de fé, educando-as, à luz dos valores do Reino de Deus. Quando se fala em educar à luz dos valores do Reino de Deus somos transportados para uma realidade onde se deseja a paz, justiça social e fraternidade. Esta realidade se transforma quando se cria uma relação de fraternidade.
Para o Papa Francisco a relação ‘Fraternidade e Educação’ é fundamental para a valorização do ser humano em sua integridade, retirando-o da margem da sociedade e despertando-o para a importância do cuidado da criação. O Papa Francisco nos convida sempre a ter um olhar de misericórdia para com o irmão. E é nesse sentido que devemos realizar nossa caminhada quaresmal, se colocando na escuta do irmão e se deixando conduzir para o encontro pessoal com Jesus Cristo; participar do Mistério Pascal de Cristo é caminhar se colocando no centro, como testemunha que fala com sabedoria e ensina com amor.
O catequista, enquanto educador nos princípios da fé cristã, tem o papel fundamental de ajudar aos catequizandos a superarem as diferenças para uma convivência pacífica, não fragmentada, e possível de reconstruir o tecido das relações para uma humanidade mais fraterna.
Analisar o cartaz da Campanha da Fraternidade nos possibilita criar um imaginário do agir de Jesus e aprender com ele como se proceder diante de fatos e ou acontecimentos que nos desafiam. A cena apresentada se refere a uma passagem do Evangelho de João, capítulo oito, versículos de um a onze (8,1-11) que narra a história da mulher que foi levada até ele para um julgamento. Todos esperavam que Jesus permitisse que ela fosse apedrejada, devido ao pecado cometido. Mas Jesus tem uma pedagogia diferente, um modo de educar que causa transformação nos corações das pessoas. Utiliza-se de sabedoria e amor. Trata-se de um novo ensinamento que se revela como um verdadeiro ato de esperança no ser humano.
O que Jesus escreveu no chão, naquele dia, como reação à situação do momento, ninguém sabe, ninguém leu para nos contar, mas nós podemos descrever o que poderia ser, a partir do que a cena nos faz refletir. No cartaz da Campanha da Fraternidade, a partir de uma releitura do Evangelho, foi feito a leitura das palavras: Amor e Sabedoria, palavras possíveis que retratam bem a atitude de Jesus. Ele agiu com misericórdia. Isto ele apreendeu da pedagogia de Deus que sempre agiu com amor e sabedoria, palavras que nos conduzem para o processo de conversão.
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte