O mês de outubro convoca-nos para uma reflexão maior sobre o que é ser missionário. Mas não se pode esquecer que missionariedade é compromisso de todos os dias de nossa vida. Jesus, ao se encarnar no mundo dos pobres, recebeu do Espírito Santo sua missão: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para que dê a Boa-Notícia aos pobres; enviou-me para anunciar a liberdade aos cativos e a visão aos cegos, para por em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano da graça do Senhor” Lc 4,181-19).
A Igreja de Jesus Cristo sempre foi e continua sendo chamada a ser missionária. Desde o início ela se colocou no seguimento de Jesus atendendo o seu pedido: “Ide a todas as nações e pregai o evangelho” (Mt 28,19). Ao colocar em prática a sua missionariedade, esta propicia o encontro com o outro e realiza um resgate da beleza que existe dentro de cada um. Isto acontece por causa do anúncio da Pessoa de Jesus Cristo gerador de relacionamentos que provocam vários tipos de sentimentos e possibilitam descobertas de valores e carismas.
A cada um de nós o Espírito Santo nos chama à responsabilidade para com o mundo, com a missão de salvá-lo. E salvá-lo de todas as formas de pecado: egoísmo, injustiça, opressão, discriminação, pobreza, riqueza. Em Jesus , os pobres continuam os destinatários da ação de Deus. Ação que é sempre uma re-ação aos clamores do povo e uma re-ação libertadora/salvífica. Nesse sentido, testemunhar a vida de Jesus através do anúncio e da ação é ser testemunha do Reino de Deus.
Jesus, essa pessoa fascinante
Quem é Jesus e como se encontrar com ele? Jesus é o mestre que nos convida a inovar. Ele manifesta seu dom carismático de congregar e agir junto a outras pessoas. Foi um verdadeiro líder capaz de interagir e convocar para a missão a mulher e os últimos. Apresentou-se como um mestre controvertido, profético, surpreendente. Para ele o pequeno era o maior, e o último, o primeiro.
Diante da realidade na qual nos encontramos, somos chamados a sair do comodismo e, na execução do trabalho missionário, contribuir para que aconteçam atitudes cristãs, interação fé e vida. Somos chamados a nos abrir para Jesus Cristo e, assim, ajudar crianças, jovens e adultos a viverem dele e com ele uma vida nova, de amor a Deus e aos outros. Como disse Santo Inácio de Antioquia, no século II: “Viver imitando os bons costumes de Deus”.
Nos evangelhos, por meio das narrativas, podemos nos encontrar com Jesus, o Cristo Ressuscitado. Iniciando com o Evangelho de Marcos, encontramos em Mc 8,27-30 uma pergunta de Jesus a seus discípulos: ‘Quem dizem as pessoas que eu sou?” E eles responderam: ” Uns dizem João Batista, outros, Elias; outros ainda, um dos profetas”. E Jesus perguntou a seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro Respondeu: “Tu és o Messias, o Cristo. Essa foi a consciência da comunidade dos discípulos depois da Páscoa.
Percorrendo o caminho dos evangelhos mais um pouco, vamos encontrar lá na comunidade Joanina (Jo 3,1-15)) a proposta de Jesus. Aquela que ele faz a Nicodemos: nascer de novo. Mas como? O primeiro passo é abrir-se ao novo, deixar-se seduzir pelo Espírito que sopra onde quer, quando quer e como quer. Jesus Cristo é o centro da mensagem evangélica no conjunto da história da salvação. É por meio dele, em primeiro lugar, que Deus intervém no mundo e se manifesta a todos: crianças, jovens e adultos.
Levar esta mensagem ao mundo constitui tarefa de todos os cristãos. Dirigindo um olhar para nossa realidade, cada pessoa pode perceber que a mesma nos impulsiona à mudança, e podemos, sem medo, iniciar a partir de uma abordagem nova diante da realidade, ou ainda retomar o caminho feito pelas primeiras comunidades cristãs, as quais levavam o adulto a aderir a Cristo e se comprometer com Ele através da participação ativa na comunidade e abrir-se ao mundo levando o anúncio de Jesus Cristo.
Como diz o Papa Francisco: “É hora de voltar a abrir portas e Janelas” para que a Igreja possa retomar o compasso da história e fazer um novo aggiornamento com os novos sinais dos tempos, suscitados pelo Espírito no seio de uma sociedade em profundas transformações (Cf. FRANCISCO renasce a esperança).
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte