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A liberdade humana

 

Não há dúvida de que a liberdade é um dos mais belos dons que Deus concedeu a nós, seres humanos. Quando nos criou, Deus nos amou tanto que nos deixou livres para acolhê-lo ou recusá-lo. Isto é grande prova de amor! E quanto mais conhecermos e experimentarmos este amor, mais nos sentiremos seguros para, livremente, optar pelo bem e pela verdade.

Nossa liberdade é coordenada pela razão e pela vontade, e esta deverá estar direcionada para Deus, nossa bem-aventurança, pois só assim poderemos fazer nossas opções e ser capazes de assumi-las com responsabilidade. A liberdade caminha de mãos dadas com a responsabilidade, sem esta, o que era liberdade passa a ser escravidão. “O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre seus atos” (Cat 1734).

O ser humano anseia por liberdade, por Deus, por felicidade, por paz. Anseia por tudo aquilo que já possui, mas continua buscando fora o que encontrará somente dentro de si. A liberdade é um dom inerente ao homem; dom que é preciso reconquistar com o auxílio da graça. Não são as coisas externas (ambientes, situações) que devem condicionar a liberdade humana, este dom está impresso em nosso ser, é uma marca indelével em cada obra-prima de Deus.

Ou seja, enquanto existir, o ser humano é livre, e quando deixar esta vida e for para a morada eterna, gozará plenamente desse dom. Seguramente, nenhuma condição na qual o homem se encontre tem forças de por si roubar sua liberdade, porque “onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3,17).

 

Quanto mais dóceis somos aos impulsos da graça, mais crescem nossa liberdade íntima e nossa firmeza nas provas e diante das pressões e coações do mundo externo

“O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. É falso pretender que o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a satisfação de seu próprio interesse no gozo dos bens terrenos” (Cat 1740). Se pararmos para refletir sobre realidades que nos cercam, veremos que o mau uso da liberdade causou uma inversão de valores; o homem, criado livre, hoje é escravo do modismo e das paixões desordenadas. Hoje, o homem chama de bom o que, de fato, não é bom.

Por exemplo, discute-se no país acerca da legalização do aborto, e questiona-se: “A mulher tem ou não direito de legislar sobre o seu próprio corpo e aquilo que acontece dentro dele?” Numa questão como essa, poderemos nos indagar: “O homem é de fato livre ou ele se tornou escravo do pecado a tal ponto que já não sabe optar sozinho por aquilo que o fará realmente feliz?”

Embora pareça que já não há chance para recuperar o que perdeu, devemos confiar na graça que continuamente Deus derrama sobre nós a fim de retornarmos ao seu coração: fonte e fim de toda liberdade, afinal, “quanto mais dóceis somos aos impulsos da graça, mais crescem nossa liberdade íntima e nossa firmeza nas provas e diante das pressões e coações do mundo externo” (Cat 1742).

Se compararmos o homem com uma águia, diremos que ela foi criada para alçar altos vôos, mas ninguém pode impedi-la de se comportar como animal rasteiro. A Igreja cumpre o seu papel de mãe e educadora mostrando ao homem a sua verdadeira dignidade de filho muito amado do Pai, e o faz perceber que a águia não deve contentar-se com vôos rasteiros, dado que as belezas do alto estão ao seu alcance.

O homem recebeu de Deus o poder de decisão (cf. Eclo 15,14), mas também recebeu a graça para que possa decidir-se pelo bem; buscar a sua essência, que é o amor.

A liberdade é dos filhos.   

 

Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD

 



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