Nesta edição, damos sequência à nossa reflexão sobre a importância da catequese no processo de interação fé e vida. Ela nos convoca à observação atenta dos temas a serem desenvolvidos, para que sejam realmente textos permeados pela mensagem catequética e se estendam até a realidade dos catequizandos.
Uma verdadeira catequese acontece quando o anúncio da salvação, realizado por ela, é feito dentro da realidade concreta. Estabelecer essa ligação entre a fé e a vida é a grande tarefa e a arte de ser catequista, diante das diversas situações que se apresentam no dia a dia.
O catequista é o artista que, estando com o tema proposto nas mãos, cria sua obra com esmero, cuidando da linguagem, da metodologia e, principalmente, encarnando sua mensagem na caminhada dos catequizandos.
A primeira preocupação na transmissão do conteúdo se torna latente ao nosso redor: a realidade. A preocupação seguinte é encontrar a melhor forma de interagir com ela.
Como conhecer a realidade?
Estabelecer essa ligação entre a fé e a vida é a grande tarefa e a arte de ser catequista |
Cada um de nós tem uma visão de mundo. Assim, o catequista é chamado a fazer a análise da própria realidade. Ele deve ter consciência crítica da situação socioeconômica e política, cultural e ideológica para aprender ler, nela, os sinais de Deus.
O catequista também precisa voltar o seu olhar para Jesus, para compreender como ele via o mundo, se interagia com ele. Como Jesus viveu a nossa história e nela anunciou o Reino. O Documento Catequese Renovada, base para nossas reflexões, nos desperta para esta metodologia. Orienta-nos para as várias visões que o homem tem da realidade. Percebe-se que grande parte do nosso povo possui uma visão do mundo e do homem baseada em uma crença em Deus manifestada em diversas expressões da religiosidade popular. Mas, muitas vezes, é uma fé desvinculada da vida, às vezes cheia de elementos estranhos ao cristianismo (cf. CR. 3.1).
O catequista é chamado a fazer a análise da própria realidade e, nela, aprender ler os sinais de Deus |
Vamos elaborar os encontros catequéticos sempre analisando a realidade em prol do anúncio da fé. No centro de cada encontro deve estar a mensagem da fé a ser vivida no contexto da realidade de cada um.
Este é um tema amplamente refletido pelos documentos da Igreja. E uma boa oportunidade para aprofundarmos e enriquecermos este nosso estudo é a leitura do documento de Puebla (308-315; 444-456; 914).
Neuza Silveira de Souza
Comissão Arquidiocesana de Catequese de Belo Horizonte