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A fé celebrada (4)

Uma palavra sobre a missão
 

Jesus, no contexto de uma ceia, assu- me o lugar do Servo. Cinge-se com um avental e se inclina para lavar os pés

Conforme vimos nos textos anteriores, a liturgia não se opõe à missão. Tudo o que foi dito nesta série, é razão suficiente para desconsiderar qualquer tipo de antagonismo que se insinue. Contudo, é fundamental reconhecer que o rito, a seu modo, remete os fiéis à práxis, à missão. Mas a missão é informada e ordenada pela Liturgia, enquanto geradora do espírito genuinamente cristão, conforme afirma a Sacrosanctum Concilium, Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia (SC 14; SC 1).

Neste sentido, vê-se a íntima conexão que há entre os ritos cristãos e a missão da Igreja. O caráter ético se insinua em vista de uma ortopráxis que se configura ao Cristo, autor e consumador da fé (cf. Hb 12,2).

Sendo assim, Jesus, no contexto de uma ceia, assume o lugar do Servo. Cinge-se com um avental e se inclina para lavar os pés. Seu gesto evoca algo que os discípulos não compreendem e até fazem objeção. Contudo, o Mestre insiste guiado pelo amor que pretende manter até o fim.

O gesto ultrapassa o âmbito da ceia. Remete à sua entrega na cruz como maior serviço, pelo amor maior. É o fator ordenador da sua liturgia, pois remete à existência dos discípulos a fim de que façam a mesma coisa. É, ainda, o fator informador da liturgia do Mestre, enquanto geradora de sentido para num só gesto, cimo e fonte, capaz de nutrir e de impulsionar.

A liturgia, enquanto geradora de sentido para a vida cristã, imprime o Espírito de Cristo no seu Corpo místico, por isso, é a ação maior da Igreja. Cimo e fonte, o agir de Cristo traduz-se, na  liturgia, em dignidade do cristão,  expressão sacerdotal do povo de Deus e  impulso para a missão.

 

Pe. Danilo César Lima
Liturgista



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