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A fé celebrada (3)

Liturgia, ação memorial do Mistério Pascal de Cristo

Na Liturgia, os fiéis são saciados pelos “mistérios pascais” (cf. SC 10), isto é, pela obra redentora de Cristo que fez nascer a Igreja (cf. SC 5). O Mistério Pascal de Cristo, não é acontecimento preso ao passado, mas alcança hoje, por meio dos sacramentos que o exprimem, a comunidade de fé. Por essa razão, “a Igreja jamais deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo “tudo quanto nas Escrituras a ele se referia” (Lc 24,27), celebrando a Eucaristia na qual ‘se representa a vitória e o triunfo de sua morte’”1 .

 

Convém, contudo, clarear a noção de memorial, antes de aplicá-la à toda a Liturgia: não se trata de uma recordação mental, psicológica de um fato passado, mas de uma ação ritual e simbólica que nos remete ao acontecimento em sua fonte, tornando-nos contemporâneos ao mistério2.

 

A estrutura memorial da liturgia cristã valoriza os sinais litúrgicos na sua subestrutura narrativa: a vela acesa, o pão partido, a inclinação profunda, a alegria do aleluia, o andar em procissão… tudo narra algo a respeito do acontecimento da fé. Mas não é uma informação. É uma evocação que nos toma por inteiro: corpo, mente, coração, espírito. Mexe com as profundezas do ser pois situa-se na ordem do simbólico, enquanto linguagem totalizante e transformadora. Escapa das prisões mentais e varre todo o ser, rompendo com as lógicas do tempo e do espaço.

 

Essa ação memorial conta, sobretudo, com a atuação de Cristo. Sua presença é decisiva para atuar o mistério: “Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente em sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas”. É sua voz que alcança o coração da comunidade nas leituras, é o seu toque que cura e consola na unção dos enfermos e na penitência, é sua prece que sobe ao céu quando seu corpo ora a Deus… A ação memorial é ação do seu Espírito, no seu Corpo místico, a Igreja. É Ele que ordena a Igreja e o agir eclesial para o cimo, o Mistério Pascal.

 

Pe. Danilo César Lima
Liturgista

  1SC 6.
  2Cf. GIRAUDO, C. Redescobrindo a Eucaristia. São Paulo: Loyola, 2002, pp.76-78
 

 

 



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