Falar sobre Reino de Deus é falar sobre a beleza da aproximação com Jesus, caminhar com Ele, viver na liberdade a que fomos chamados, deixando-nos conduzir pelo Espírito Santo. Um caminho que nos leva à pratica da caridade.
O cristão, configurado à imagem do Filho, o primogênito entre a multidão dos irmãos, recebe as “primícias do Espírito” que o torna capaz de cumprir a lei do amor (cf. Rm 8,23), pois tão grande é o mistério do homem que a revelação cristã se manifesta aos que creem, favorece a comunhão entre as pessoas, ao mesmo tempo em que nos leva a uma compreensão mais profunda das leis da vida, inscritas na natureza espiritual e humana pelo criador. O Espírito de Deus, que dirige o curso dos tempos e renova a face da terra com admirável providência, se faz presente, sempre agindo nas disponibilidades da ação humana. A missão daquele que crê é se deixar conduzir, oferecendo novo sentido à vida, na certeza de que, em Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todos os homens, como dom da graça e da misericórdia do mesmo Deus (cf. EM, n. 27).
A Igreja continua a missão de Jesus
Ressuscitado, Jesus comunica à sua Igreja o Espírito Santo, que o conduzira em sua existência histórica, para que ela leve a todos os recantos, em todos os momentos da história, sua mensagem. Assim, a Igreja é chamada a converter pelo Evangelho, se colocar na escuta do Seu Senhor, procurando conformar sua vida e suas estruturas ao projeto do Reino de Deus. A Igreja, como sinal do Reino, deve ser e viver de tal forma que, quando olharmos, possamos descobrir o que é, na realidade, este Reino de Deus. E os que não são da Igreja olham-na e nela descobrem amor, solidariedade, espírito de serviço, fraternidade, perdão. Então entendem o que o Cristo quis dizer quando anunciava o Reino. E o Cristão, sustentado pela força do reino, presente pelo Espírito do Senhor continua empenhado na missão de amar e de construir a fraternidade no mundo.
A missão se faz urgente
Se antes a apresentação de Jesus Cristo se dava através de um mundo que se concebia cristão, em nossos dias, grandes tem sido as transformações no âmbito familiar e social que já não nos permitem a utilizar-se dos mesmos meios ou métodos. O anúncio de Jesus Cristo precisa ser mais explícito e continuado para que possa promover um encontro pessoal, cada vez maior com ele. Daí a necessidade autêntica de formação dos agentes evangelizadores, catequistas, para que sejam pontes entre aqueles que desejam descobrir ou redescobrir Jesus Cristo e o seu seguimento na comunidade de irmãos, em atitudes coerentes e na missão de colaborar na edificação do Reino de Deus.
A Palavra de Deus como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo
Para redescobrir Jesus Cristo, hoje, se colocar no diálogo com Deus, que se comunica continuamente conosco, se faz urgente conhecer a Boa-Nova, a Palavra de Deus, para assim experimentar a força do Evangelho. Não apenas conhecer as escrituras, mas redescobrir que o contato profundo e vivencial com a Palavra nos conduz para o encontro com a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo, provocando em nós o desejo da adesão pessoal ao Reino.
Desse modo, iniciação à vida cristã e Palavra de Deus estão intimamente ligadas. O iniciado na fé Cristã é aquele que recebeu da Igreja os sacramentos do Batismo, da Eucaristia e da Crisma. Se a pessoa começou o caminho de adesão por meio dos Pais, avós, e ou familiares que desejou fazer o seu Ingresso na família cristã pedindo o Sacramento do Batismo. Se, ainda cuidando para que permaneça firme e alimentado na fé, ajudou a pessoa a participar da festa da Eucaristia, vivenciando a partilha da mesa com os irmãos, a busca do Sacramento da Crisma é uma adesão pessoal. E esta busca produz frutos eficazes quando se deixa afetar pela Palavra de Deus, se apaixonar por ela e com ela, caminhar prestando a atenção na voz do Cristo que, dentre todas as vozes do mundo, faz ressoar mais forte no seu coração. Este é o desafio: conhecer a palavra e a mensagem que promovem o encontro com Jesus Cristo, deixar-se interpelar por ela, acolhê-la como dom, e saboreá-la na alteridade, na gratuidade e na eclesialidade, na certeza de que a Palavra de Deus é Luz para a vida (Sl 119,105).
Neuza Silveira de Souza- Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte