Em cerimônia presidida pelo cardeal arcebispo dom Odilo Pedro Scherer e concelebrada por 25 bispos e mais de uma centena de padres, a Arquidiocese de São Paulo celebrou dia 27, na Catedral da Sé os 65 anos de ordenação sacerdotal do arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns.
Dom Paulo agradeceu a homenagem. “Deus lhes pague por terem vindo!”. Ele recordou que no dia de sua ordenação sacerdotal, 30 de novembro de 1945, havia apenas dois convidados. “Agora, a catedral está cheia”, disse sob os aplausos da multidão.
O Papa Bento XVI enviou uma mensagem de congratulação ao cardeal e destacou os 28 anos em que dom Paulo esteve à frente da Arquidiocese.
O Papa manifestou “gratidão eclesial pela sua vida de doação com Cristo à humanidade e com votos de poder consumá-la até ao fim na alegria, serenidade e confiança do Amor divino” (leia a mensagem na íntegra).
“Quero expressar a alegria de toda a nossa Arquidiocese pelo dom de sua vida”, disse dom Odilo ao saudar o jubilando. “Que o exemplo de dom Paulo seja estímulo para os fiéis e para os padres”, acrescentou. Dom Odilo presenteou o cardeal Arns com uma imagem do apóstolo São Paulo.
Dom Paulo também relembrou os primeiros 20 anos de ministério na Ordem dos Frades Menores(franciscanos), “sempre dedicados à própria formação e à formação dos futuros padres”. Ele pontuou três coisas que considera essenciais para um bom exercício do ministério presbiteral: sempre levar Bíblia às pessoas; cuidar bem da liturgia e, a que considerou mais importante, “o padre deve conduzir os cristãos para a verdadeira meta, que é o encontro com Cristo, com o irmão, com o amor que não acaba”.
Aos 89 anos, dom Paulo relatou que celebra a missa todas as manhãs, lê dois jornais por dia e, semanalmente, responde às diversas correspondências que recebe.
O bispo emérito de Catanduva, dom Antônio Celso Queiroz, que foi auxiliar da Arquidiocese no período de dom Paulo, destacou que o cardeal ajudou a Igreja de São Paulo a viver aquilo que o seu lema episcopal diz – “De esperança em esperança”.
“Fiel ao seu lema, o senhor nos ajudou a viver a esperança. E nos ajudou através de sua vida, não se deixando abater pelas contrariedades do mundo […]. Quem de nós não percebeu, um dia, sua mão paterna sobre o ombro, enquanto ouvia de sua boca: ‘Coragem! Anime-se!’”, lembrou.
O bispo ainda recordou que não apenas os bispos e padres experimentavam o seu apoio, mas os pobres nas favelas, nos cárceres, mesmo os que não pertenciam à Igreja, mas buscavam a prática do bem. “Nunca esquecemos de suas palavras repetidas tantas vezes: ‘Para lutar pelos pobres, pelos Direitos Humanos, é preciso aceitar sofrer um pouco’”.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, também saudou o aniversariante, “procurando expressar o sentimento dos 11 milhões de brasileiros que moram na cidade de São Paulo”. “Quem pode esquecer a sua luta contra as desigualdades, a favor da democracia, junto aos pobres. A sua luta valeu a pena. Graças a pessoas como o senhor, líder importante, nós temos hoje um Brasil melhor”, disse. O vice-presidente da República, que está internado para uma nova cirurgia por causa de um câncer na região abdominal, escreveu uma carta manifestando o seu desejo de estar na celebração.
Representando os leigos da Arquidiocese, Francisco Whitaker, que iniciou com dom Paulo a Pastoral de Fé e Política da Arquidiocese, saudou o jubilando. Ele destacou a luta de dom Paulo contra o regime militar, sobretudo “contra a tortura dos que aqui resistiam”. “Por esse trabalho que tanto nos enriqueceu espiritualmente, nunca agradeceremos suficientemente”, afirmou.