Com a ressurreição do Senhor somos convocados a descobrir o amor misericordioso que Deus tem para conosco. Um amor tamanho que não tem medidas e é vivendo esse amor que vamos ser capazes de clarear as várias imagens distorcidas de Deus que carregamos na nossa caminhada de fé. Vamos jogar fora as imagens caricaturadas de um Deus que é vingativo, que está sempre a nos cobrar e que nos ama na medida do no nosso mérito pessoal. Com a ressurreição do Senhor só nos resta uma possibilidade: enxergar o amor misericordioso de Deus e amarmos a todos com esse amor que Deus nos ama: Amor incondicional.
Realizando as leituras do Evangelho, nele percebemos grandes exigências para viver esse amor, mas trata-se de exigências a serem cumpridas, não para merecer o amor de Deus; Ele já nos deu seu amor, mas para experimentar esse amor em nossa vida e ajudar também aos irmãos e irmãs viver esse amor.
A graça de Deus simbolizada numa nova vida, ressuscitada, torna-se motivação para enfrentarmos os sofrimentos nessa vida. Deus nos ajuda para que possamos ver nascer um novo dia e nele somos conduzidos para a realização de uma vida plena, mas os passos somos nós que temos de dar.
Citando o Papa Francisco em sua “Bula de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia” ele diz: “A misericórdia do Pai tornou-se viva, visível e atingiu o clímax em Jesus de Nazaré”. O Pai, “rico em misericórdia” (Ef 2,4), depois de ter revelado seu nome a Moisés como ‘Deus misericordioso e clemente, lento na ira, cheio de bondade e fidelidade’ (Ex 34,6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina. Na plenitude do tempo (Gl 4,4), quando tudo estava pronto segundo seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar o seu imenso amor. Quem o vê, vê o Pai (cf. Jo 14,9). Jesus, com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, revela a misericórdia de Deus.
Na morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente esse seu amor que chega a ponto de destruir o pecado dos homens. Jesus, o Cristo ressuscitado, nos leva à reconciliação com Deus por meio do mistério pascal e da mediação da Igreja. Assim, Deus está sempre disponível para o perdão e Jesus é o caminho que nos leva até ele. Para percorrer esse caminho de salvação, deitemos o nosso olhar nas bem aventuranças (Mt, 5,3-12; Lc 6,20-23 e lá encontraremos a realização plena dos nossos anseios).
Olhemos para a parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-29, do mordono (cf. Mt 24,45-47; 25,31-46) e Lc 10,25-37) e lá está a salvação como recompensa pela prática da solidariedade e do amor. Também podemos encontrar na caminhada formas de superação das limitações do sofrimento olhando para as parábolas do perdão e da misericórdia (cf. Mt 1823-35; 20,1-15; 21,28-32; Lc 15,1-32). Este período pascal nos convoca para um momento maior de meditação e reflexão sobre esse amor misericordioso de Deus. Juntos, todos podem percorrer esse caminho de realizações para a vida plena.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH