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3ª Catequese

Ser missionário: ide, fazei discípulos

 

 

Vamos iniciar nossa catequese ouvindo um trecho da Palavra de Deus. Sugiro o Evangelho de São Mateus, capítulo 28, versículos de 16 a 20.  Por esse texto recordamos que Jesus, tendo concluído sua missão terrena, incumbe a Igreja nascente de continuá-la: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, ensinando-os a observar tudo o que lhes ensinei”. Essa é a missão que a Igreja recebeu. Tendo em vista sua realização, o Senhor nos assiste: “Estarei convosco todos os dias até o final dos tempos”.

Os discípulos de Jesus, antes de serem enviados foram chamados por Jesus, conviveram com ele e por ele foram preparados. O Senhor nos chama para estar com ele e nos envia em missão. Por isso podemos dizer que a missão nasce do encontro com o Senhor. Quem se abriu ao amor de Deus, ouviu sua voz, recebeu sua luz, não pode reservar, egoisticamente, para si o tesouro que encontrou, conforme afirma a Encíclica Lumen Fidei, nº37.

Os discípulos aprenderam com o Senhor e foram enviados a ensinar aos outros. A fé nasce da escuta e destina-se ao anúncio; por isso, todo discípulo é também missionário. Todos nós chegamos à fé pela ação da graça de Deus, mas também pela mediação de alguma pessoa que nos despertou para o encontro com o Senhor. Tendo-o encontrado temos também a missão de comunicá-lo aos outros.
 

A fé nasce da escuta e destina-se ao anúncio; por isso, todo discípulo é também missionário

Pode acontecer que, para essa missão de evangelizar, nos sintamos despreparados,   como o profeta Jeremias que ao sentir-se chamado para anunciar a Palavra de Deus, disse: “Ah, Senhor, eu nem sei falar, sou ainda muito jovem… O Senhor responde: a quem eu te enviar irás. Não tenhas medo, eu estarei contigo” (Jr. 1,5-8). No texto que ouvimos no início, Jesus reafirma essa palavra. É sempre necessário nos preparar para a missão, mas também temos que confiar na graça daquele que nos chamou e nos enviou. Ele está sempre conosco..

A Evangelização brota do amor e é manifestação dele

A missão de evangelizar não se dá pela motivação proselitista de reunir mais gente na igreja, mas nasce do amor que leva a compartilhar com os outros o tesouro que encontramos. É o amor que nos move a querer que os outros tenham a alegria de encontrar o Senhor, como nós encontramos. Por isso, a evangelização é um ato de amor que tem em vista o bem do outro, para que todos tenham a oportunidade de orientar a vida pela sabedoria do Evangelho. Evangelizar não é só anunciar com palavras, mas testemunhar o que cremos por nossas atitudes, por nossa vida. São Francisco de Assis dizia: “Evangelize sempre e, se necessário, use palavras”.

Essa necessidade de testemunhar a fé com a vida foi o que moveu um jovem universitário francês, chamado Frederico Ozanan a dedicar-se aos pobres da periferia de Paris e a iniciar uma associação de jovens, reunidos pelo ideal de servir aos mais pobres. Assim nasceu a Sociedade São Vicente de Paulo, ou Vicentinos, como os conhecemos.
 

Temos que anunciar por nossas atitudes de vida, porém, nunca podemos perder a oportunidade de falar sobre Nosso Senhor e sobre a fé que temos

Atualmente, são muitos os movimentos católicos que levam jovens a assumir esse compromisso evangelizador, de testemunhar a fé por meio de atitudes de amor e serviço generoso aos necessitados. Temos que anunciar por nossas atitudes de vida, porém, nunca podemos perder a oportunidade de falar sobre Nosso Senhor e sobre a fé que temos. Jesus disse: “Quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. Aquele, porém que me negar diante dos homens, também eu o renegarei diante do Pai que está nos céus” (Mt 10,33).

Conheci dois jovens amigos que eram companheiros para tudo; estavam sempre juntos. Um era participante ativo da igreja, o outro não. Um dia o que participava convidou o outro para um encontro na igreja. O outro disse que se questionava porque, até então, o amigo nunca o havia convidado para participar de nada na igreja.

Não podemos deixar de falar, de partilhar com os outros a fé que temos. S. Paulo dizia:
“Ai de mim se não evangelizar!” (ICor 9,16). Isso serve também para cada um de nós. Como missionários não precisamos pensar em ir longe. Muitas vezes pessoas ao nosso redor esperam uma palavra nossa. Quem sabe alguém de nossa família, um colega de trabalho, de estudo, ou um amigo de nossa convivência precise de uma palavra nossa para se aproximar do Senhor ou da Igreja. Não neguemos isso a ninguém.

Nós fazemos a nossa parte, anunciamos ou damos testemunho de nossa fé, o que se segue após isso é obra da graça de Deus. Conheci uma família, em Brasília, que aos finais de semana reunia os amigos dos dois filhos adolescentes, fazia uma reflexão da Palavra de Deus, um lanche e depois jogavam futebol.

Também podemos criar situações para comunicar a fé a outros. Isso é ser missionário.  Quantos exemplos poderíamos recordar, de jovens que em outras épocas e com bem menos recursos do que dispomos hoje, dedicaram-se a difundir a Palavra de Deus e a propagar a fé – se houver tempo, o catequista pode lembrar o Beato Anchieta que, com menos de 25 anos, movido por esse ideal, deixou sua terra, veio para o Brasil, enfrentou os desafios das florestas, aprendeu a língua dos índios para comunicar Cristo e transmitir a fé.

Sempre enraizados em Cristo e na Igreja
 
Nós só podemos dizer “eu creio” porque recebemos a fé da Igreja que, através de sua doutrina, vida, culto, através de sua atividade missionária, de século a século, transmitiu a fé fazendo com que o conhecimento de Jesus Cristo chegasse até nós hoje (DV 8 e LF 38). Assim, só podemos dizer “eu creio” estando no seio da Igreja que diz “nós cremos”. A fé não é um ato isolado, uma relação privada entre eu e Deus, é um ato eclesial; crendo nós nos unimos a tantos que professam a mesma fé! Como missionários nós não anunciamos algo próprio nosso, mas o que recebemos da Igreja.
 

 A Igreja nos ampara e alimenta com os Sacramentos. Por isso é importante participar da comunidade, de um grupo paroquial, de um movimento eclesial.

Assim temos a certeza de não anunciar convicções nossas, mas o próprio Cristo e sua mensagem, tal como a Igreja recebeu e até hoje conserva e anuncia. Anunciamos o que da Igreja recebemos. Dando testemunho de Jesus Cristo e de nossa fé, certamente, vamos enfrentar reações de indiferença, de resistência ou mesmo de oposição. Jesus já preparou seus discípulos para isso. Nessa missão nós não estamos sozinhos, o próprio Jesus garantiu que estaria conosco.

Também a Igreja, comunidade dos fiéis, nos ampara e dá suporte, nos anima e nos alimenta com os Sacramentos. Por isso é importante nossa participação numa comunidade, num grupo paroquial, num movimento eclesial. E assim, diante do Senhor que pergunta a nós, como perguntou a Isaías: “A quem enviarei? Quem falará em meu nome?” (Is. 6,8), nós, profundamente unidos a Cristo e à Igreja, poderemos confiantes responder: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me”. 



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