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365 dias mais

 

Não importa o método. É da natureza humana dividir a vida em ciclos. Fatiar a existência para permitir vários finais. E para cada final, a oportunidade do recomeço. Existem anos simples. Passam suavemente, sem anomalias. E existem os complicados.

A humanidade parece ser especialista na criação de períodos complicados. Por boas razoes ou não. Às vezes mexe até mesmo no calendário, como por exemplo, em 45 a.C., quando Júlio Cesar ajustou o calendário e criou um ano de transição com 455 dias divididos em 15 meses. Ano que causou confusão de toda ordem, demorou demais para acabar, mas pelo menos acabou com data previsível.

 

Houve também quem subtraísse datas do calendário. Em 1545, o Papa Gregório XIII implantou o calendário atual. Para adequar a data da Páscoa com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte, ordenou que o dia seguinte a 4 de outubro de 1582 passasse a ser o dia 15 de outubro. Foram 11 dias que, embora contados, jamais se passaram.
 

O ano novo tem cara de difícil. Mas, às vezes, a vida também traz boas surpresas. Quem sabe Por isso, vale comemorar sua chegada. Ser otimista cauteloso

Com idas e vindas, confusões e cálculos, trancos e barrancos, a humanidade vai caminhando no tempo. Às vezes aprendendo, às vezes desaprendendo. Fatiando o tempo. Torcendo para que, cada encontro do presente com os postos escolhidos aleatoriamente no tempo represente, no futuro, dias melhores que os do passado.

A vida, apesar de nossos esforços, não cabe nem segue regras que a humanidade determina para fatiar o tempo. Parece ter vontade própria. E sempre reserva surpresas e teima contrariar expectativas. Ela fez mais uma das suas durante o ano que agora aparece no retrovisor.

Foi, talvez, o ano do anticlímax. Da dor de já não ser. Da vergonha de já ter sido. Do inesperado. Do inescapável. Do inaceitável. Do inacreditável. A esperança de vitórias foi substituída pela concretude das derrotas. Do desejo de avanço, nasceu o retrocesso. Na busca do novo, escolheu-se o velho. E, da promessa de melhoria jorrou desonestidade. O novo começou velho. Quando a mediocridade parece ter parido a desesperança. Termina com um suspiro. Ou talvez seja o suspiro que parece nunca terminar.

Mas, viver não é dirigir olhando somente pelo retrovisor. Viver é manter os olhos na estrada sem perder a noção do que já passou. E principalmente daquilo que pode vir a nos ultrapassar. Não é viver do passado, nem muito menos revivê-lo.

Tomara, deste presente que já virou passado, nasça a memória, desta vez cristalizada em aprendizado. Com os olhos no futuro, corrigir erros, pagar preços, e esperar que, em 365 dias, a gente possa comemorar o fim de outro ciclo com a chegada do ano seguinte, desta vez grávido de esperanças.

O ano novo tem cara de difícil. Mas, às vezes, a vida também traz boas surpresas. Quem sabe. Por isso, vale comemorar sua chegada. Ser otimista cauteloso.
E, apesar de tudo, como já foi dito de varias maneiras, e de muitas formas, feliz ano novo!



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