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Proclamar a Palavra – O protagonismo dos leigos e leigas – artigo de Neuza Silveira

No dom de ser cristão, todos se tornam discípulos missionários.

No dom do Espírito Santo, por meio da pregação dos apóstolos e de outros discípulos de Jesus, nasceram as primeiras comunidades. Com o anúncio da Boa-Nova do Senhor Jesus muitos acreditaram e se converteram. Os que receberam a graça do seguimento tornaram-se missionários;  uma Igreja discípula missionária.

A nossa Igreja particular de Belo Horizonte também nos convocam a sermos uma Igreja de discípulos e discípulas missionárias levando a todos o anúncio da Boa-Nova. Somos todos interpelados a assumir ativamente a vocação de batizados e crismados e nos colocarmos no exercício dos ministérios que nos são confiados. Serviços pastorais como ministros da Palavra, animadores de comunidades, comunidades eclesiais de bases, movimentos eclesiais e várias outras pastorais. Assim, sejamos discípulos e testemunhas do Ressuscitado trabalhando para que sua Palavra seja conhecida.  Uma contribuição nossa ajudando ao outro a fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo.

Toda essa convocação da nossa Igreja particular se encontra fundamentada em vários documentos, desde o Vaticano II até hoje. O documento de Aparecida , em seu número 99, já nos apontam alguns frutos gerados pelos esforços pastorais orientados para o encontro com Jesus Cristo vivo.

A animação Bíblico-Catequética da pastoral, promovendo o conhecimento da Palavra de Deus e do amor por ela, tem produzido fecundos resultados em todo o Continente, chegando inclusive a países da América do Norte, Europa e Ásia, para onde muitos latino-americanos e caribenhos têm emigrado. A Palavra pode chegar até os confins do mundo, como dizia Paulo Apóstolo. Podemos dizer que a expansão da Palavra é consequência de uma boa formação de catequistas e da renovação da Catequese. A formação é continua, permanente e não podemos parar, pois sempre está acontecendo entrada de novos catequistas que necessitam de formação, bem como dos catequistas permanentes que precisam de atualizar para acompanhar os novos desafios e sinais dos tempos. Este saber é um estímulo para nós catequistas que fazemos “ecoar” a Palavra de Deus.

Outra renovação que o documento de Aparecida nos apontam é sobre a renovação litúrgica que acentuou a dimensão celebrativa e festiva da fé cristã centrada no mistério pascal de Cristo Salvador, em particular na Eucaristia.

Muitos outros frutos têm-se obtidos com o esforço pastoral, principalmente dos leigos e leigas. Há Igrejas com belas experiências concretas de vida em comum e de uma retribuição do clero mais justa;  grande esforço para a formação de seminários, nas casas de formação para a vida consagrada e nas escolas para o diaconato permanente. Percebe-se cada vez mais uma entrega de pessoas para os trabalhos missionários. Há missionários e missionárias, muitos são leigos e leigas que desenvolvem obras evangelizadoras e de promoção humana em todos os nossos povos; crescem os esforços de  renovações pastorais nas paróquias que, mediante novos métodos de evangelização, se transformam em comunidade de comunidades evangelizadas e missionárias. Vale lembrar aqui do Papa Francisco que  nos orienta para sairmos de uma pastoral apenas de conservação e irmos avante com criatividade  e abertos às renovações.

A Doutrina Social da Igreja tem animado o testemunho e a ação solidária dos leigos e leigas que se interessam por formação teológica pastoral como verdadeiros missionários da caridade, e se esforçam por transformar de maneira efetiva o mundo segundo Cristo.

Hoje a Igreja deseja viver uma profunda renovação missionária. Para que isto aconteça é necessário que cada pessoa assuma seu compromisso de fé. É uma tarefa diária de todos. Cada um se propõe a levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, numa pregação informal que pode acontecer durante uma conversa, nos diz o Papa Francisco.

Também a comunidade tem seu papel relevante para a ação  evangelizadora. É importante a presença de leigos e leigas na comunidade de fé, de forma atuante nas articulações, decisões e na avaliação das ações pastorais, em perder de vista o protagonismo das mulheres na Igreja.

Muitas são as mulheres atuantes no processo de evangelização. Muitas delas são catequistas que se colocam a serviço de uma catequese querigmática e mistagógica: uma catequese que não perde de vista o primeiro anúncio, centro da atividade evangelizadora.É este primeiro anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo coração humano, pois ele é capaz de transportar as pessoas e comunidades inteiras para dentro do Mistério de Cristo: o Mistério Pascal.

É nesse sentido que  o protagonismo dos leigos e leigas se torna evidente e importante. Estes são sujeitos eclesiais que vivem a fé e, assumindo os compromissos de cristãos, são chamados a assumirem seus direitos e deveres, se colocarem ao serviço dos irmãos e irmãs;  permanecerem no seguimento de Jesus, na escuta obediente à inspiração do Espírito Santo e ter coragem, criatividade e ousadia para dar testemunho de Cristo.

Mais que no passado, temos hoje as condições eclesiais, as condições sociais, políticas e culturais e as bases eclesiológicas para que o cristão leigo exerça sua missão como autêntico sujeito eclesial, apto a atuar na Igreja e na sociedade e a promover uma relação construtiva entre ambas (cf. DOC CNBB 105, 122).

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética de Belo Horizonte.



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