Encontro marcado
Um romance lançado em1956, mas tão atual que nos faz pensar como as gerações se parecem em seus conflitos e descobertas. Padre Thélis Luiz Gonçalves, administrador paroquial da Paróquia São Dimas, no Vale do Jatobá, sugere para a nossa Dica Literária dessa semana, o Encontro Marcado, obra do escritor mineiro Fernando Sabino. Interessante mencionar “que a primeira vez que li este livro foi na oitava série, um pedido da escola”, recorda padre Thélis, que também é assessor eclesiástico para as juventudes da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (Rensa). Ao reler o livro, já adulto, padre Thélis se surpreendeu de forma muito positiva, se deparou com uma outra obra, percebendo a crítica nas entrelinhas, diferente da percepção romântica do então adolescente.
No Encontro Marcado Fernando Sabino descreve um personagem que foi de certa forma uma pessoa “mimada ou superprotegida” tornando-se um adulto carente. “É possível fazermos uma leitura para compreender o transcendente em todas as desavenças e encontros da sociedade”, observa padre Thélis, pontuando que o livro nos conduz a delicadezas do dia a dia, com a história do personagem principal que busca os seus desejos, mas que não consegue se sentir satisfeito, porque os desejos são passageiros e voláteis. “A obra tem um final surpreendente e pode nos levar a refletir sobre o nosso próprio Encontro Marcado com Cristo”, completa.
O caçador de pipas
Um romance que nos faz refletir e viver um dos presentes mais bonitos que recebemos do criador: a amizade fraterna. Na Dica Literária dessa semana, o frei franciscano Adilson Corrêa, pároco da Paróquia Santo Antônio da Savassi, nos indica o emocionante livro “O Caçador de Pipas”, do escritor afegão Khaled Hosseini. No tempo em que vivemos, onde muitos de nós colocam à prova amizades antigas, por polarizações, ou pensamentos divergentes, frei Adilson, com sua indicação literária, nos leva a recordar sobre o valor desse sentimento: “Que supera o tempo e as distâncias”, pontua.
O Caçador de Pipas é um romance que tem como fio condutor a tocante amizade entre Amir e Hassan, dois meninos que vivem no Afeganistão, na década de 1970. O romance descreve sonhos, traição, fidelidade, e reflete sobre a cumplicidade e o acolhimento que a amizade nos traz. Frei Adilson lembra que no mundo contemporâneo precisamos resgatar esse amor fraterno, que é maior que as diferenças momentâneas, reconquistando sentimentos como a confiança e a partilha. Nesse sentido, por meio da ingenuidade da infância, a obra de Khaled Hosseini nos conduz a importante reflexão: homens e mulheres podem pensar diferente, inclusive, professarem uma fé diferente, e serem grandes amigos. “A Igreja tem esse papel de estabelecer a paz e o diálogo”, sublinha.
O valor da amizade, pura e sincera, que supera até mesmo a traição é um ensinamento também do Evangelho. “Como nos lembra São Paulo em sua Carta aos Coríntios, o amor tudo vence”, diz frei Adilson, nos recordando ainda que “só depois da cruz vem a ressurreição.” O romance de Khaled Hosseini é uma lição, ensina que o sentimento que nos une é maior que aquele que nos divide: “Devemos ser caçadores e correr em busca dessa pipa que é a amizade”, sublinha.
“Santo Antônio de Roça Grande: 300 anos de tradição e devoção em Sabará”
A dica literária desta semana é uma inspiração para os leitores e também uma homenagem ao venerado Santo, considerado o mais popular entre os fiéis brasileiros: Santo Antônio de Pádua. Ao mesmo tempo, esta especial partilha trazida pelo padre Higo Dias, administrador paroquial da paróquia de São Sebastião e São Vicente, no bairro Santa Amélia, em Belo Horizonte, é também uma homenagem ao Santuário Arquidiocesano Santo Antônio de Roça Grande, em Sabará, onde ele iniciou o seu sacerdócio.
A obra “Santo Antônio de Roça Grande: 300 anos de tradição e devoção em Sabará”, escrita pela historiadora Andrea Ribeiro, nos mostra “uma riqueza nas terras de nossa Arquidiocese”, sublinha padre Higo. O livro conduz o leitor para conhecer a força da alegria de Santo Antônio, “que é o Cristo”, recorda padre Higo, alegria esta que pode ser sentida também na expressão genuína dos depoimentos dos fiéis, presentes na narrativa de Andrea Ribeiro.
Ao mesmo tempo que a obra conta a história do Santo que nasceu em Lisboa, em Portugal, e vive sua eternidade em Pádua, na Itália, onde buscou por São Francisco de Assis, também apresenta Roça Grande “como um pedacinho do céu”, descreve Padre Higo, lembrando ainda que Santo Antônio de Pádua é o Santo que, em vida, mais realizou milagres. “O livro tem uma leitura simples que ativa nossa curiosidade”, reforça o sacerdote.
A obra “Santo Antônio de Roça Grande: 300 anos de tradição e devoção em Sabará” pode ser encontrada no próprio Santuário. Assim, aqueles que sentem especial devoção pelo Santo não devem perder a oportunidade desta interessante leitura.
Desejo, Mercado e Religião
Desejo, Mercado e Religião. A obra escrita pelo teólogo católico e cientista da religião Jung Mo Sung é a interessante indicação de leitura desta semana, recomendada pelo padre Dinamar Gomes, pároco da Paróquia São José e São Gabriel Passionista, em Belo Horizonte, e vigário episcopal da Região Nossa Senhora Aparecida (Rensa). O livro analisa a religião como uma força de mercado e ao mesmo tempo de oposição a ele. Jung Sung pretende ampliar a compreensão do papel do Cristianismo, sobretudo em favor dos menos favorecidos. “O autor tem um olhar muito lúcido sobre os cenários da atual realidade social, questões religiosas e do mercado no mundo em que vivemos”, observa padre Dinamar.
A obra demonstra também os benefícios que a teologia é capaz de trazer ao mundo contemporâneo e reforça que a religião não pode ser tratada como um self service, onde ficamos com o que nos agrada e excluímos aquilo que a princípio não nos interessa. Padre Dinamar explica ainda que a obra é editada em capítulos autônomos, sendo permitido ler de forma livre, sem seguir a sequência da paginação.
Padre Dinamar, que agora está em sua terceira formação, no curso de psicologia, é um adepto das leituras de formação humana, espiritualidade e realidade social. Nesse sentido, ele recomenda o livro do autor coreano radicado no Brasil como uma obra que pode ajudar os sacerdotes a ampliar ainda mais as reflexões sobre a religião na nossa sociedade contemporânea.
Imitação de Cristo
O clássico da Espiritualidade Cristã, a Imitação de Cristo, é a dica literária dessa semana, uma sugestão do padre José Cícero da Silva, administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Santa Luzia. O livro é definido por padre José Cícero como base de oração e reflexão sobre o mistério pascal de Cristo: “A obra me ajudou muito na dimensão da minha vocação”, reflete.
A Imitação de Cristo, como explica padre Cícero não deve ser lida de uma só vez, mas sim aos poucos, devagar: “A obra traz uma experiência de Deus muito grande”. Padre Cicero costuma fazer anotações de cada parágrafo, assim medita sobre o ensinamento durante o dia, e ao final pode reler o capítulo com ainda mais profundidade e discernimento. “Esse livro ajudou a despertar a minha vocação e dar uma resposta concreta, me levando a imitar Cristo de fato.”
A obra a Imitação de Cristo foi publicada no século 15, por Tomás de Kempis, monge católico e escritor místico alemão.
O Sacerdote não se pertence
“O Sacerdote não se pertence.” Iniciamos o mês de abril com esse instigante título partilhado pelo padre Gilmar Almeida, administrador paroquial da Paróquia Senhor do Bonfim, em Bonfim. A dica literária que pode ser lida com interesse também pelos leigos, trouxe profunda reflexão para o padre Gilmar que define o livro como “espetacular”. A obra reflete sobre a instituição do sacerdócio por Jesus. “A ideia principal evidencia aquele que oferece o sacrifício, com entrega total a Deus e aos outros, sendo assim também uma vítima voluntária.”
O livro foi escrito pelo bispo americano dom Fulton John Sheen conhecido por sua pregação e, especialmente, por seu trabalho na televisão e no rádio com grande audiência, nas décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos. Dom Fulton Sheen encontra-se em processo de beatificação.
Padre Gilmar, nosso convidado para partilha literária desta semana é um leitor com especial interesse pelas obras relacionadas à fé católica. Nem sempre a rotina dos sacerdotes, com múltiplas atribuições, permite que o tempo para os livros seja garantido, assim ele traz outra interessante partilha: “Como o meu deslocamento entre paróquias muitas vezes é longo, vou escutando os audiolivros no percurso. Tenho gostado da experiência”, observa.
Violeta
No mês dedicado à Santíssima Virgem Maria apresentamos uma dica literária que nos aproxima ainda mais de Nossa Senhora. Padre Luís Gustavo de Oliveira, pároco da Paróquia São Paulo Missionário, em Lagoa Santa, partilha o livro Violeta, uma obra escrita pelo padre mexicano Luís do Rêgo.
O livro traz um catecismo único, dedicado a Nossa Senhora, sua vida e dogmas. É um livro belamente ilustrado, com passagens da Sagrada Escritura, trazendo uma rica contextualização histórica para facilitar o aprendizado. Ao final, a obra do padre Luís do Rêgo mostra ainda orações marianas, cânticos e descreve o culto à Virgem Maria na liturgia. “Violeta traz uma narrativa sobre a vida de Maria, desde sua infância, o noivado com São José, o anúncio do anjo, trazendo aos leitores 20 lições que vão traduzindo toda a história de Nossa Senhora”, acrescenta o padre Luís Gustavo: “o livro Violeta tem um texto suave e encantador”, observa.
Padre Luís Gustavo costuma sempre reservar em sua rotina espaço para a leitura, principalmente para os livros ligados à filosofia e teologia, passando pela literatura brasileira: “A leitura nos ajuda a vislumbrar novas óticas e horizontes.”
A Oração como Encontro
Padre Ozanilton Batista de Abreu, reitor da Basílica Nossa Senhora de Lourdes, é o nosso convidado para a Dica Literária da semana. O padre compartilha uma interessante obra do monge alemão Anselm Grün: A Oração como Encontro. A dica é preciosa: este é um livro que o nosso convidado já leu e releu por três vezes. O conteúdo é tão interessante que tem inspirado a pregação do sacerdote no trabalho com as pastorais: “A primeira vez que li o livro estava ainda no Seminário”, recorda padre Ozanilton.
A Oração como Encontro trabalha três dimensões que podem ser compreendidas como o desejo de buscar a espiritualidade, a necessidade de se aproximar do amor de Deus e, por fim, essa busca. “O livro nos revela o amor e a ternura de Deus que caminha conosco.” A obra também dá alguns passos no ensinamento de como rezar, como desenvolver a espiritualidade que cada um traz em si, podendo assim descobrir sua melhor forma de rezar, de escutar a voz de Deus.
As Moradas do Castelo Interior
Um livro escrito há tanto tempo, em 1577, no século 16, tem muito a nos dizer nos dias de hoje. Escrito por Santa Teresa d’Ávila, As Moradas do Castelo Interior, clássico da espiritualidade cristã, é a dica literária dessa semana do padre Fernando Antônio Fagundes, pároco da Paróquia São José da Lapa.
O livro As Moradas do Castelo Interior é um convite à vida plena. “O livro nos leva a refletir sobre a intimidade que precisamos ter com Deus “, sublinha padre Fernando, explicando que Santa Teresa compara nossa alma a um castelo com várias moradas, dentro dele devemos encontrar essa intimidade. Para isso é indicado um caminho: “A possibilidade desse encontro está dentro de nós mesmos, mas precisamos nos esforçar, abandonando o que não é próprio de Deus, o que nos puxa para trás, buscando aquilo que é do Alto”.
Padre Fernando, que tem o hábito constante da leitura, considera que o livro de Santa Teresa d’Ávila é uma obra-prima e tem o poder de inspirar seus leitores a perseguirem esse encontro com o Criador.
História de uma alma
O seminarista Lucas Ferreira da Silva vive a expectativa de sua ordenação diaconal, no dia 27 de agosto, na Catedral Cristo Rei. Oportunidade para se recordar do início de sua caminhada no Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus, em 2014, quando um livro o tocou profundamente: a autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus, intitulada “História de uma alma”.
O jovem Lucas diz que a obra propicia grande riqueza espiritual, pois revela de modo simples um importante caminho que leva ao amadurecimento: abandonar-se na misericórdia de Deus. “Santa Teresinha deixava a marca do amor e da caridade nas pequenas coisas que realizava no seu dia a dia”, explica o seminarista, acrescentando que a religiosa amava Cristo de modo especialmente singelo: “A partir da simplicidade, Santa Teresinha procurou relatar a sua vivência guiada pelos valores do Evangelho e de sua acolhida ao amor de Deus.”. Esse modo de viver da religiosa, conforme explica Lucas Ferreira da Silva, é expresso a partir da oferta de si, do voltar-se para Deus, em gesto de amor e de gratidão.
De acordo com o seminarista, a obra revela como Santa Teresinha se apresentou á misericórdia de Deus com “as mãos vazias”. “Ela se percebe pequena e incapaz de poder realizar qualquer tipo de mérito. Recorre, assim, ao amor misericordioso de Deus, para alcançar a santidade. No livro, Santa Teresinha diz: ‘O elevador que deve elevar-me até o céu são vossos braços, Jesus. Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a terra’ “.
Aqueles que leem a autobiografia, conforme explica Lucas Ferreira da Silva, aprendem a lógica do amor desinteressado, que não busca benefício. “Pude perceber que santa Teresinha trilhou um caminho que está ao alcance de todos. Compreendi que a sua maior vocação foi viver o amor. Pela obra, foi possível analisar a minha relação com Deus. Enxergar a minha pequenez.”
O jovem Lucas iniciou a sua caminhada na fé na Paróquia São Cristóvão, em Betim. Desde criança, tinha o desejo de ser padre. A partir dos seis anos, passou a participar intensamente da comunidade de fé. Em casa, brincava de celebrar Missas. “Recebi o apoio da família para trilhar o caminho do discernimento vocacional. O ponto determinante para reconhecer a minha vocação foi uma missão realizada em Rio Manso. Com o decorrer dos anos, vivi o desabrochar da vocação. É um caminho que fazemos todos os dias, de entrega, de escuta, de amor a Deus e à sua Palavra.”
Cilada para Amália
A Dica Literária desta semana traz uma proposta leve: um romance que transporta os leitores para o cotidiano da Inglaterra do século 19. Escrito pela advogada mineira, de Belo Horizonte, Elaine Beraldo, o livro “Cilada para Amália” é uma Dica de Leitura partilhada conosco por padre José Januário Moreira, pároco da Paróquia Sagrada Família. O livro é o primeiro de uma trilogia. “A narrativa permite que o leitor se desloque para outro tempo histórico. Vivemos uma realidade cheia de conflitos, pesada e por vezes agressiva, por isso uma leitura leve pode ser muito saudável”, observa padre Januário.
O romance traz uma narrativa permeada pela fantasia em uma Londres do século 19. “O livro aguça em nós princípios religiosos, éticos e cristãos, valores como a amizade e a família, que são importantes de serem desenvolvidos em nossa vidas “, sublinha padre Januário. A autora do romance está trabalhando em uma trilogia. Cilada para Amália é o primeiro dos três títulos.
Consagração a São José, as glórias do pai espiritual
Administrador paroquial da Paróquia Santa Clara da Piedade, no bairro Caiçara, padre Emanuel Castro é o nosso convidado para a Dica Literária. O sacerdote sugere uma leitura importante e surpreendente para os dias atuais. O livro “Consagração a São José, as glórias do pai espiritual” foi um presente que padre Emanuel recebeu de seus paroquianos. A leitura cresceu e se tornou fonte para uma série de encontros, que teve como objetivo principal fazer o caminho da consagração por meio de orações. “Vivemos em um tempo onde existe a necessidade de termos referências como São José, o mundo hoje traz valores muito líquidos e São José é uma referência de virtude”, sublinha padre Emanuel.
O livro, rico em citações bíblicas, também com ensinamentos dos santos e papas, aponta para as virtudes e qualidades de São José enquanto homem, trabalhador e protetor da família.
A obra tem linguagem simples, dividida em capítulos. A leitura pode ser feita em 33 dias, com orações indicadas para cada um deles. Os leitores poderão refletir sobre São José, pai dos trabalhadores, luz do patriarca, terror dos demônios, protetor da Igreja.
História de Nossa Senhora em Minas Gerais
Um livro que vai agradar os leitores que guardam especial devoção por Nossa Senhora e, ao mesmo tempo, se interessam pela história de Minas Gerais dos séculos 18 e 19. A Dica Literária da semana é uma sugestão do padre Fernando Lima Almeida, administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Raposos. A obra “História de Nossa Senhora em Minas Gerais” foi escrita pelo historiador Augusto de Lima Júnior, em 1956, e reeditado em 2018 pela editora PUC Minas.
Muitos municípios mineiros trazem na origem do seu nome a devoção à Nossa Senhora revelando uma religiosidade histórica. O autor faz assim uma reflexão sobre 29 títulos Marianos de uma forma muito interessante, retratando desde a origem do título, seja na Europa ou na Terra Santa, até a sua chegada em Minas Gerias. A obra é dividida em 29 capítulos para serem saboreados. “É uma leitura muito interessante, que retrata aspectos da nossa história, cultura e devoção”, recorda padre Fernando Lima. Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Carmo, estão entre os títulos pesquisados.
A Cidade e as Estrelas
A Dica Literária dessa semana traz uma sugestão do padre Wellington Santos, pároco da Paróquia Jesus Ressuscitado: A Cidade e as Estrelas, um intrigante romance de ficção científica. A obra foi escrita em 1956 pelo autor britânico Arthur Clarke, autor do conto The Sentinel, que deu origem ao filme 2001: uma Odisseia no Espaço.
Padre Wellington conheceu a obra pela primeira vez, em 2007, quando ainda estava no Seminário. Gostou tanto que comprou o livro para fazer a releitura. Apesar de ter sido escrito na década de 1950 o texto consegue envolver o leitor, sendo atual, mesmo com os grandes avanços tecnológicos: “O livro trabalha o conceito da evolução humana e transcende nossa própria humanidade de forma otimista.” Ao viver em mundo com padrão de conforto e segurança, construído para funcionar como um computador que prevê todas as necessidades de seus cidadãos, que têm uma vida tranquila e em paz, o personagem passa a questionar a natureza da própria existência, o que o leva explorar além do seu universo.
Uma dica literária que traz fantasia, ficção com reflexões sobre o sentido da existência.
Itinerários catecumenais para a vida matrimonial
Itinerários catecumenais para a vida matrimonial. Essa importante publicação do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida é a nossa Dica Literária dessa edição do Informe Pastoral Presbiteral. A sugestão de leitura do padre Marcos Albuquerque, Vigário Episcopal para a Região Nossa Senhora do Rosário (Renser) e também assessor do Secretariado Arquidiocesano para a Família, traz orientações valiosas para todo o trabalho pastoral.
A publicação está dividida em três pontos principais: a transversalidade, a sinodalidade e, por fim, a continuidade. O primeiro princípio, da transversalidade, reflete sobre a forma como a Pastoral Familiar deve ser o eixo central por onde perpassam todas as outras, portanto, a consolidação da família como essa importante base. A sinodalidade indica como todos na Igreja devemos assumir a formação da família. A continuidade vai refletir sobre a formação, que inicia-se com o curso de noivos e deve seguir formando os casais ao longo de toda a vida matrimonial. “Essa é uma leitura muito importante, que todo o padre deveria fazer”, sublinha padre Marcos, lembrando que a publicação é uma leitura de princípios, que propõe um itinerário de estudo e meditação.
Padre Marcos Albuquerque considera os Itinerários catecumenais para a vida matrimonial um importante instrumento para desenvolver o trabalho das pastorais na Igreja de forma ainda mais efetiva, melhorando cada vez mais os resultados alcançados.
Véspera
A professora Juliana Moreira, diretora geral pedagógica do Colégio Santa Maria Minas (CSMM) participa conosco da Dica Literária, sugerindo uma obra da escritora mineira Carla Madeira. O livro é o Véspera, último romance da autora, que traz um convite à reflexão sobre as relações humanas.
Em sua narrativa a ficção traz uma coincidência interessante: um dos principais espaços da trama é um colégio católico, chamado Santa Maria. Ali, os personagens vivenciam seus desafios humanos em diferentes papéis: alunos, professores e funcionários, famílias. Juliana Moreia chama atenção para a reflexão de que devemos buscar sempre o equilíbrio nas relações humanas, o discernimento fraterno no momento de tomar nossas decisões. “Esse difícil tempero, de quando devemos ser compreensivos, acolhedores, afetivos e ao mesmo tempo firmes.” O fato de a narrativa trazer à tona, com sensibilidade, questões que são vivenciadas de modo especial por aqueles que estão no desafiador mundo da educação e da formação humana é um convite a mais para a leitura.
Carta aos efésios
Em setembro, quando vivenciamos o Mês da Bíblia, a Irmã paulina Zuleica Silvano, doutora em teologia bíblica, nos traz a indicação de leitura do livro “Carta aos Efésios.” Nesse momento oportuno, quando as paróquias se dedicam a essa especial leitura, o livro tem como finalidade aprofundar o conhecimento do tema do Mês da Bíblia e também do seu lema – “Vestir-se da nova humanidade.” Ef 4,24
A obra é resultado da reflexão de três autores: Irmã Zuleica Silvano e dos padres Antônio César Seganfredo e Vinícius Pimentel Baquer. A Carta aos Efésios é um dos livros do Novo Testamento, pertencente à tradição paulina. Essa carta foi bastante influenciada pela Carta aos Colossenses e traz algumas temáticas próprias das cartas consideradas autênticas de Paulo, denominadas protopaulinas.
Sobre a Carta aos Efésios, Irmã Zuleica faz uma interessante reflexão. A leitura nos faz recordar que nós somos cristãos em uma sociedade que não é mais cristã, os valores não são cristãos: “Temos violências, exploração, abuso de poder, temos corrupção, realidades muito difíceis, pobreza ao nosso redor. E isso tem que nos incomodar e não levar a um conformismo.” O Mês da Bíblia é uma oportunidade para refletirmos sobre o que nós cristãos podemos fazer: “como ser uma voz profética diante de uma realidade que não valoriza os profetas”, sublinha Irmã Zuleica, lembrando que o encontro com a Palavra nos dá lucidez para entender que precisamos estar atentos diante de uma realidade onde não é fácil discernir. “A leitura traz conflitos que serão eternos da humanidade. Ao ler a Bíblia nos confrontamos com questões como a necessidade de perdoar, o equívoco de transformar coisas e pessoas em ídolos, em centralizar a vida na riqueza ou no poder. Todos esses elementos estão lá.” O livro Carta aos Efésios é um convite para o mês de setembro.
O pobre de Deus
No mês de São Francisco de Assis , protetor dos animais e do meio ambiente, uma sugestão inspiradora de leitura é trazida pelo frei franciscano Glaicon Rosa, que integra a Ordem dos Franciscanos Capuchinhos (OFM Cap), no Bairro Pompeia, em Belo Horizonte. Certa vez, ao estudar na Biblioteca do Convento dos Capuchinhos, em Patos de Minas, frei Glaicon se deparou com a obra, que entre os vários títulos da estante, de imediato lhe chamou atenção: “O pobre de Deus”, escrita pelo autor grego, Nikos Kazantzákis.
A leitura apresenta uma narrativa que traz elementos históricos contados com riquezas de detalhes na forma de um romance. “O livro parte do momento do encontro de São Francisco com o amigo, frei Leão”, sublinha frei Glaicon, ressaltando que a narrativa passa pela vida dos dois, mostrando um itinerário de dramas humanos e a busca pelo sagrado: “A forma como o texto se desenvolve é muito humana e ao mesmo tempo poética, vai nos inserindo no contexto da história.”
O Pobre de Deus pode ser encontrado em livrarias, sebos e bibliotecas.
A Misericórdia, condição fundamental do Evangelho e chave da vida cristã
A Misericórdia, condição fundamental do Evangelho e chave da vida cristã, livro escrito pelo cardeal Walter Kasper, é a indicação literária desta semana, partilhada pelo padre Filipe Gouvêa, vigário episcopal para Ação Pastoral na Arquidiocese de Belo Horizonte. Certa vez, depois de escutar o Papa Francisco rezar o Angelus, padre Filipe notou que a obra do cardeal Kasper foi citada pelo Santo Padre, o que despertou ainda mais sua curiosidade para a leitura do livro.
O cardeal alemão escreveu A Misericórdia depois de ter sido convidado para pregar em um retiro espiritual. Ao fazer pesquisas para o trabalho, observou que havia uma necessidade de informações e conceitos teológicos que se aplicassem à vida prática sobre o tema, tão caro e importante para os cristãos. O que significa crer em um Deus misericordioso? “O livro traz uma abordagem filosófica presente na Bíblia a partir do que Jesus nos diz: ´Felizes os misericordiosos»(Mt 5, 7).´” Assim, a escrita do cardeal reflete sobre a misericórdia como uma prática, propondo que a própria Igreja seja esse lugar, como sinal do Evangelho e de sua missão. Padre Filipe recorda que a leitura destaca ainda um exercício de redescoberta da misericórdia, refletindo, por exemplo, como devemos nos portar como cristãos: “A misericórdia é a maneira como Deus mais se aproxima do ser humano, é o agir de Deus na nossa experiência humana.”
O livro merece ser lido devagar, recomenda padre Filipe, lembrando que a leitura é muito rica para padres, religiosos, catequistas, lideranças comunitárias e ainda para os leigos.
Grande Sertão: Veredas
O clássico da literatura brasileira, escrito pelo mineiro João Guimarães Rosa é a Dica Literária desta semana. Padre Thiago Augusto Lopes, assistente pastoral da Catedral Cristo Rei, indica o Grande Sertão: Veredas, uma obra que leu pela primeira vez, ainda na adolescência, mas agora, visitando novamente o romance teve o encontro com um outro livro, com novas percepções da vida adulta.
Além da grande habilidade de Guimarães Rosa para contar uma história que tem como pano de fundo o sertão mineiro, o clássico faz um paralelo com a própria vida. “A aridez do sertão, os altos e baixos vivenciados pelos personagens ao longo da trama, são um ensinamento, afinal a vida ‘nos pede coragem'”, observa padre Thiago, citando o próprio autor. A obra é exigente, requer uma leitura atenta, mas o investimento vale a pena: “Nos traz lições preciosas.” O Grande Serão, de Guimarães Rosa, propõe uma compreensão dos sentimentos humanos, por meio das angústias do seus personagens principais. Narrada em um ambiente marcado também pela religiosidade, a obra expõe, de forma poética, a importância da oração na vida de cada um: “E também da oração comunitária, uma prática cristã, de rezarmos uns pelos outros”, recorda padre Thiago.
Um defeito de cor
“Um defeito de cor”, romance histórico da escritora mineira Ana Maria Gonçalves é a indicação literária desta semana, partilhada pela diretora da Faculdade de Psicologia da PUC Minas (Fapsi), Betânia Diniz Gonçalves. O livro que foi aclamado pela crítica conta a fascinante história de Kehinde (Luiza), que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há muitas décadas. Ao longo da travessia, a personagem vai contando sua vida, marcada por mortes, violências, tráfico de pessoas e escravidão. O romance tem mais de 900 páginas, mas o leitor, como alerta a professora, não deve se intimidar, pois a leitura é fluida, percorrida em uma narrativa sem percalços e muito envolvente.
O livro foi especialmente escolhido por Betânia Diniz pela temática: “Devemos olhar para as questões étnico-raciais como uma oportunidade para aprender, para repensar nossas posturas.” Por meio de fatos históricos, o leitor vai vivenciando a história: “O que mais me chamou atenção foi a resiliência da personagem. Apesar de todas as violências sofridas, ela está sempre na busca de se colocar, de encontrar saída, não se vitimiza, se constrói e com tudo isso é uma mulher vitoriosa.”
E para completar essa impactante leitura e qualificá-la ainda mais, a professora Betânia Diniz indica o e-book publicado pela PUC Minas: A psicologia entre as relações étnico-raciais.
A grande arte de ser feliz
A felicidade é uma grande busca do ser humano, compreender como conquistá-la e vivenciá-la é um desafio e a abertura para a experiência da espiritualidade pode ser um importante caminho nesta busca. Assim, a Dica Literária desta semana convida para uma leitura que traz esta reflexão: “A grande arte de ser feliz”, do escritor Rubem Alves. O livro é uma sugestão do padre Ismael Vieira, professor no curso de Teologia da PUC Minas e formador no Sacej (Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus).
Ao longo da obra, que pode ser lida aos poucos, o autor trabalha a temática da felicidade de uma forma muito pedagógica, clara e objetiva, “mostrando que é uma arte que vamos aprendendo”, sublinha padre Ismael. O sacerdote lembra que um ponto interessante da escrita é que ela se baseia em situações do cotidiano, enviadas ao autor por meio de cartas, telefonemas, sugestões de leitura, que foram traduzidas de uma forma alegre e até divertida pelo escritor.
Na Escola do Salvador
O diácono Flávio Guimarães, coordenador da Comissão Arquidiocesana de Diáconos e Esposas (Cade), é um leitor frequente, desde obras de formação até a literatura fazem parte do seu cotidiano. No entanto, dois livros o acompanham em leituras diárias: a liturgia das horas (laudes) e o livro que ele traz como sugestão para nossa “dica de leitura” desta semana: Na Escola do Salvador. Escrito pelo nosso arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo, a obra traz uma reflexão para cada Evangelho, sendo um rico subsídio para ampliar o entendimento da liturgia, assim como um apoio primoroso para as celebrações.
“A Escola do Salvador tem sido um apoio desde a minha formação, e por me ajudar tanto, escolhi compartilhar essa dica literária”, diz o diácono. O livro traz elementos para a liturgia, traz pistas valiosas sobre a espiritualidade cristã tendo o Evangelho como fio condutor. “Vai nos explicando os caminhos para chegar ao nosso destino e para vivenciarmos essa caminhada, nos ajuda a organizar as ideias na estrada de Deus, é como um veludo na leitura diária”, sublinha o diácono lembrando ainda que a Escola do Salvador traz ensinamentos para a vida por meio do Evangelho, portanto é uma indicação para sacerdotes, diáconos e também para os leigos.