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Padre Samuel Fidelis compartilha leitura que reflete sobre a onipotência divina

“Enquanto estudo um tema, descanso em outro.” A estratégia adotada pelo padre Samuel Fidelis,  pró-reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, parece simples, mas é um recurso testado por ele, há alguns anos, que  tem funcionado bem e pode nos ajudar a ter um melhor aproveitamento de conteúdos que estudamos. Leitor assíduo em sua área de atuação, teologia e filosofia, padre Samuel é também um estudioso de campos como a psicanálise, poesia e literatura. Apesar da rotina, que muitas vezes não permite leituras extras, ele explica que o nosso cérebro gosta de novidades. Assim, quando  os estudos são densos, costuma “descansar” à noite, com temas  bem distintos, como a poesia:  “o que desperta e ativa o cérebro humano”. No momento padre Samuel está relendo, com atenção, Hamlet, do escritor inglês, do século 16, Willian Shakesperare. Ele acredita que o diálogo entre o texto bíblico e outras áreas do conhecimento, como a literatura e a poesia, colabora para um melhor entendimento da hermenêutica: “A ciência de interpretação do texto bíblico que lapida a matéria bruta, para chegar no lugar onde nós cristãos nos encontramos neste texto. ”

Padre Samuel é um admirador das leituras densas. Ainda jovem, aos 13 anos, sem influências externas, trilhou por conta próprio o caminho que o levou aos livros, hábito que aprofundou no Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus (Sacej). Ainda na adolescência se  encantou por contos de Machado de Assis, e muito jovem já era um leitor de clássicos,  como o Mercador de Veneza, também de Shakespeare. “Gosto do dizer poético, do pensamento que Shakespeare traz em suas peças ao narrar a vida como um teatro, onde a palavra é mais que a palavra”, explica. “Essa interface é muito rica , a fé ilumina a razão e é iluminada por ela.” E a leitura que padre Samuel traz para compartilhar com o clero e os leigos da Arquidiocese de BH é, de certa forma, um desafio para um novo modo de pensar a nossa concepção do divino. “É um livro pequeno, mas denso”, adianta.

“O Conceito de Deus após Auschwitz” do filósofo alemão de origem judia, Hans Jonas, (editora Paulus) ,traz uma reflexão sobre a onipotência divina. Ilumina o questionamento da humanidade ao longo de sua existência: O motivo  do sofrimento. “O livro sustenta a ideia de um Deus bom, resignificando o entendimento da onipotência, do Todo Poderoso.”  Qual o sentido do sofrimento? Onde está Deus que não desperta, que não intervém? “Hans Jonas nos mostra que o próprio Deus sofre com o desígnio de sua criação”.  A obra reflete sobre o arbítrio da humanidade e revela um Deus sensível e solidário ao itinerário humano, onde o sofrimento e o pecado estão no caminho, mas que da morte é possível fazer brotar a vida nova.

 

 



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