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[Artigo] Tempo Pascal – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

Com a celebração da Ressurreição do Senhor, na Vigília do Sábado Santo, entramos no Tempo Pascal. Um tempo marcado pela alegria da vida nova que recebemos de Cristo. Esse período vai desde o Domingo da Ressurreição (a começar do Domingo da própria Páscoa) até o Domingo de Pentecostes. Dentro desse período, temos a Oitava de Páscoa, que é o conjunto dos primeiros oito dias do Tempo Pascal, iniciados no domingo após a Vigília da Ressurreição.

Como Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus principalmente pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a morte e ressuscitando renovou a vida. Nesse sentido, iniciamos a nossa experiência pascal com o Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor que resplandece como ápice de todo ano Litúrgico e nos coloca dentro do mistério pascal. O Tríduo começa com a missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na celebração da Vigília pascal e encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição, o dia em que o Senhor ressuscitou e trouxe vida nova para todos.

Um pouco de História

Esse tempo pascal é o mais antigo, na história da salvação. Inicialmente era a festa da colheita. Com os acontecimentos do Êxodo, tornou-se festa memorial do evento salvífico da aliança no Sinai. No tempo de Jesus, a festa dos 50 dias após a Páscoa, embora ainda celebrada como festa da colheita, já havia em alguns círculos religiosos, um sentido de comemoração da teofania (manifestação de Deus) do Sinai.

A festa cristã de Pentecostes foi marcada pela efusão do espírito Santo e pela vocação da nova comunidade do Crucificado-Ressuscitado.
Para a comunidade cristã, os cinquenta dias entre o domingo da ressurreição e o domingo de Pentecostes são celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa. É nesses dias que se canta “Aleluia”. Os domingos são considerados domingos da páscoa. No quadragésimo dia depois da páscoa celebra-se a ascensão do Senhor. Nos lugares em que esse dia não é considerado dia santo, a celebração de pentecostes é transferida para o 7º domingo da Páscoa. O domingo de Pentecostes encerra esse Tempo sagrado de cinquenta dias.

Os dias da semana depois da Ascensão, até o sábado antes de Pentecostes inclusive, constituem uma preparação para a vinda do Espírito Santo.

Celebrar a Páscoa significa celebrar o rito eucarístico. Lembremos que Jesus, ao celebrar a ceia, Ele ordenou a seus discípulos celebrar em sua memória. Nesse dia ele nos deu o seu sacrifício pascal. Jesus quis que a última ceia significasse o estabelecimento de uma Aliança nova, sinalizada pelo pão e pelo vinho partilhados. Assim, a Igreja como sacramento de Cristo, dando continuidade à caminhada do Ressuscitado, ela repete a ceia para perpetuar a Páscoa.

No primeiro dia da semana, o dia do Senhor ou domingo, A Igreja, por uma tradição apostólica que tem origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal. Por isso o domingo é sempre dia de festa.

O banquete Pascal oferecido por Cristo está continuamente presente na Igreja. O sacerdote, representante de Cristo no momento que realiza aquilo que o próprio Senhor fez, o faz em sua memória, cumprindo a ordem dada. Cristo tomou o pão e o cálice, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos dizendo: “Tomai, comei, bebei; este é o meu corpo; este é o cálice do meu sangue. Fazei isto em minha memória”. Assim, a Igreja dispôs toda a celebração da liturgia eucarística em vários momentos, que correspondem a essas palavras e gestos de Cristo.

O rito pascoal, tanto no Antigo como no Novo Testamento, está intimamente ligado à Páscoa histórica, da qual é memorial eficaz. Assim, olhando para a nossa história da salvação, podemos considerar quatro páscoas:

1. A Páscoa do Senhor, isto é, a passagem salvífica do Senhor na noite da saída do Egito; O sangue do cordeiro nos umbrais das portas sinaliza para o Senhor que ali se celebra com a refeição do cordeiro pascal.
2. A Páscoa dos Judeus que é a celebração do “memorial” realizada conforme o rito da ceia pascoal que encontramos na passagem de Ex12, 14; 13, 8-9. “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua”.

3. A Páscoa de Cristo – a sua imolação sobre a cruz, a sua passagem deste mundo para o Pai, através da paixão e da ressurreição: “antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)”.

4. A Páscoa da Igreja celebrada sacramentalmente, “in mystério”, anualmente, mas também semanal e cotidianamente no rito eucarístico.

Jesus, celebrando a festa da páscoa, fazendo a memória da passagem da escravidão para a liberdade, dá a ela uma dimensão pascoal, marcando sua passagem para o mundo do Pai. Assim, o rito realizado por Cristo (pão-vinho = corpo de Cristo e sangue da verdadeira aliança em relação à aliança do Sinai) é memorial, a presença da verdadeira Páscoa que se realiza na “passagem redentora de Cristo” e é anuncio da redenção que se realizará quando todos os homens tiverem celebrado a Páscoa de Cristo.

Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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