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Celebrações cuidadosamente planejadas permitem aos fiéis cegos vivenciar a fé

Todo terceiro sábado de cada mês, a professora aposentada Zenita Ana de Melo Coelho, 75 anos, apresenta um repertório musical diferenciado e escolhido com esmero, dedicação e devoção, para Missa da Pastoral do Deficiente Visual, celebrada na Igreja São Sebastião, no Barro Preto, em Belo Horizonte. Em um tempo em que o tratamento de Glaucoma era incipiente, ela perdeu completamente a visão aos 13 anos de idade. Nessa época, se matriculou no Instituto São Rafael, uma instituição mantida pela Secretaria de Estado da Educação, na qual Zenita se formou e, por muitas décadas, foi professora do ensino fundamental. Atualmente, ela ainda frequenta a instituição e faz parte do coral do Instituto.

Por meio de uma máquina de escrever, ela traduz as músicas para o Braille. Trata-se de um método táctil de leitura usado por deficientes visuais. Dessa forma, outros 20 deficientes visuais que participam das celebrações da Pastoral do Deficiente Visual podem participar com mais efetividade.  Durante as celebrações, há momentos em que os integrantes são incentivados usar o sentido do tato para perceber os elementos que compõem a liturgia da Missa.

Durante os encontros, é realizada também uma palestra sobre Teologia ou a Doutrina Católica da Igreja. Em 2019, houve estudo bíblico dos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Ao final do encontro, há uma confraternização, com salgadinhos, bolos, tortas, sucos e refrigerantes levados pelos próprios integrantes da Pastoral. “Nesses encontros, a gente sempre destaca a importância da inclusão do cego na sociedade. Há ainda muito preconceito e falta de informação sobre os deficientes visuais”, afirma Zenita Coelho que, às vezes, tem ao seu lado o marido, que também é cego. O casal tem dois filhos adotados, que não possuem deficiência visual e que ajudam muito nas atividades rotineiras. O número de deficientes visuais tem aumentado no Brasil. De acordo com o censo de 2010 do IBGE, existem 6,5 milhões de deficientes visuais no país, com perda total ou parcial da visão. O que corresponde a 3,5% da população.

Os temas refletidos nos encontros estão reunidos em uma cartilha com 35 dicas sobre como interagir com pessoas que não conseguem ver. A publicação, entre seus objetivos, busca facilitar o acesso de deficientes visuais à Igreja, tanto nas Celebrações Eucarísticas quanto na catequese e também em outras pastorais, além de esclarecer aos fiéis católicos e presbíteros as particularidades que envolvem pessoas com limitações sensoriais. “Nossos encontros ainda incluem a reflexão sobre a inserção no mundo do trabalho e na sociedade”, diz o padre Marco Antônio Gonçalves Porto, assistente eclesiástico e um dos fundadores da Pastoral dos Deficientes Visuais e que é vigário do Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu, no bairro da Graça, em Belo Horizonte.

Outro fundador da Pastoral, o padre Ricardo de Paula Vieira, que foi ordenado no dia 16 de novembro de 2019, no Santuário de São Judas Tadeu, diz que o modelo da Pastoral já está sendo compartilhado com outras dioceses.

 

 



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