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[Artigo] A catequese com adultos – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

Desde os tempos do Vaticano Segundo, com todas as mudanças ocorridas em nossa Igreja e a atualização do processo de evangelização, estamos falando de Catequese com Adultos. Quando nos colocamos à disposição para essa nova proposta de evangelização, a catequese também caminha procurando se aprimorar no processo formativo para os catequistas para que, juntos, catequistas e catequizandos adultos possam promover um diálogo que gere frutos de conversão.

A catequese com adultos tem o compromisso  de ajudar as pessoas a responderem às suas necessidades e aspirações, no contexto do mundo atual e nele, a Igreja. Seu objetivo é ajudar as pessoas a ler os sinais de nossos tempos do modo, a exemplo do modo como Jesus leu os sinais do seu tempo.

E como podemos fazer essa catequese?

A leitura do documento Catequese Renovada nos propõe uma catequese cristocêntrica. Uma catequese que possibilita às pessoas fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Que seja iniciática, Inter relacional, participativa na vida de comunidade. Nesse sentido precisamos buscar a conhecer melhor que é o Jesus dos evangelhos, na vida e caminhada da Igreja.

Mas não podemos nos limitar a apenas repetir o que Jesus disse. Podemos começar a analisar nossa época com o mesmo espírito com que ele analisou o seu tempo. A mensagem terá muito mais sabor e sentido para nossas vidas. Não se faz uma catequese “de cima para baixo”, de professor para aluno, mas em nível de igualdade em que juntos dialogamos, escutamos, procuramos e descobrimos a resposta às perguntas, dificuldades e dúvidas dos catequizandos-adultos de hoje.

Mas desafios para a catequese com adultos existem. Vejamos alguns:
Sabemos dos grandes desafios que temos pela frente; O mundo está em constante mudanças. O progresso da ciência e da técnica é tão grande que muitos se sentem perdidos, incapazes de acompanhar tanta novidade.

O mundo da informática, cada vez mais sofisticado, faz os mais velhos se sentirem “para trás”, quase os analfabetos do mundo moderno. Quem não sabe se comunicar por internet é um desatualizado. E isto acontece não só no mundo da informática. Parece também que para a ciência não há limites.

Os conhecimentos adquiridos em tempos passados parecem superados. Em vez de cultivar o que se aprendeu, é cada vez mais necessário correr atrás de novos conhecimentos, mais atualizados.
Por outro lado, existe uma multidão de analfabetos e semi-analfabetos à margem de uma sociedade supertecnizada.

O individualismo

Tal sociedade cria pessoas individualistas, somente preocupadas com seu bem-estar material. Caem no consumismo desenfreado e se fecham diante do palco de um mundo cheio de miséria e injustiça. A frustração, gerada pela busca de satisfação dos seus desejos, faz que as pessoas percam o sentido da vida, e faz que muitos corram atrás de satisfações como drogas, álcool e outros vícios. Procuram, muitas vezes, religiões esotéricas como solução mágica para sua insatisfação.

O pluralismo religioso

O pluralismo religioso é outra marca dos nossos tempos. Existe um pluralismo dentro da nossa própria Igreja. Nem todos pensam da mesma forma, mesmo em campo doutrinal. Isto traz preocupações e conflitos no seio da Igreja. Vivemos hoje conflitos de modelos eclesiológicos que afetam as relações pessoais, a pastoral e a presença profética da Igreja na sociedade. Necessita-se de diálogo dentro da Igreja para que espiritualidades diferentes unam forças em vista do essencial.

Frente a esses desafios, como evangelizar?

Diante dessa realidade fazer uma boa catequese implica em: conhecer a situação socio cultural e religiosa de hoje; conhecer e analisar a realidade atual da catequese com adultos nos seus diversos contextos; refletir uma espiritualidade e uma leitura bíblica que falem ao adulto de hoje; envolver no processo, além dos e das catequistas, a própria comunidade. Realizar uma catequese para toda a comunidade como interlocutores do processo catequético. Quando falamos de “catequese com adultos”, isto pode soar como algo de iniciação. Mas a “catequese permanente” é necessária para todos. Torna-se urgente os adultos sair do seu infantilismo religioso e conhecer seu papel transformador dentro e fora da Igreja.

Nesse sentido, um outro passo a trabalhar é a mudança de mentalidade. Um pensar sobre a catequese reconhecendo-a como um processo formativo integral e permanente. É urgente que, diante de uma realidade religiosa plural, lugar de expressão da vida comunitária de fé, de vida fraterna, os adultos façam opção mais decisiva e coerente por Jesus, o Cristo, e sua causa, fazendo uma travessia sem medo, de uma fé individual, intimista, ultrapassada para uma fé pessoal e comunitária encarnada, inserida na vida do Cristo.

Dessa forma, os adultos, inseridos nesse processo permanente de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, muito poderão contribuir para a educação da fé de seus filhos, crianças e jovens, na família, na escola, nos meios de comunicação social e na própria comunidade eclesial.

Em tudo isto fica claro a importância da formação cristã dos adultos. Mesmo aqueles adultos que tiveram uma boa formação religiosa na sua infância e juventude vão sentir a necessidade de uma atualização a fim de poderem justificar seu ser cristão. Constantemente, há novas descobertas, novos questionamentos que influenciam na vida de fé e de vivência cristã. Os meios de comunicação obrigam a assumir certas posições e colocam o cristão diante de perguntas sérias.

Os adultos devem ser motivados a procurar uma melhor formação. E, uma vez motivados, precisam encontrar agentes capacitados que possam ajudar na sua caminhada. É a partir do diálogo, da escuta, que se pode desenvolver uma boa catequese. Isto exige dos(as) agentes um bom preparo. Eles são os primeiros a precisar de uma boa formação. E exige-se também da própria Igreja uma mentalidade de abertura e diálogo com o homem moderno, que é crítico e, justamente por isto, muitas vezes, afastado da Igreja.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do SABIC
Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

 



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