Em cerimônia presidida pelo Papa Francisco na manhã de domingo, 15 de outubro, na Praça São Pedro, foram canonizados os 30 mártires do Rio Grande do Norte (Mártires de Cunhaú e Uruaçu), considerados os primeiros mártires do Brasil, assassinados em 1645. Durante a cerimônia também foram canonizados os três Protomártires do México – considerados os primeiros mártires do continente americano: Cristóvão, Antônio e João, mortos em 1527 e 1529, o sacerdote espanhol Faustino Míguez, fundador do Instituto Calasanzio, Filhas da Divina Pastora, e o Frade Menor Capuchinho italiano Angelo d’Acri.
Em sua homilia dominical, o Papa Francisco se inspirou no Evangelho de Mateus proposto pela Liturgia do dia. Francisco recordou que “o Reino de Deus é comparável a uma Festa de Núpcias”. O Santo Padre destacou que o homem é convidado para estas núpcias, mas se trata de um convite que pode ser recusado. Neste sentido, o homem é chamado a renovar a cada dia a opção de Deus, vivendo segundo o amor verdadeiro, superando a resignação e os caprichos de próprio eu.
O Papa destacou ainda um importante aspecto do Evangelho do dia: as “vestes dos convidados”. Ele explicou que não basta responder ao convite de Deus, mas vestir o hábito do amor vivido a cada dia, praticando a vontade de Deus, renovando a cada dia a opção de Deus. Nesse sentido, Francisco evocou o exemplo dos santos canonizados hoje.
“Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos mártires, indicam-nos esta estrada. Eles não disseram sim ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim. O seu hábito diário foi o amor de Jesus, aquele amor louco que nos amou até ao fim, que deixou o seu perdão e as suas vestes a quem O crucificava. Também nós recebemos no Batismo a veste branca, o vestido nupcial para Deus”.
Mártires de Cunhaú e Uruaçu
São também conhecido como Protomártires do Brasil, os cristãos martirizados nos municípios de Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande do Norte, em 1645 em decorrência das invasões holandesas no Brasil. Mais de 80 fiéis da Igreja Católica foram mortos por professarem a fé cristã católica; destes, 30 foram canonizados pelo Papa Francisco.
O primeiro massacre aconteceu na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, em Canguaretama, no primeiro engenho construído em território potiguar, e é considerado um dos mais trágicos da história do Brasil. Em 1645, o estado do Rio Grande (católico) era dominado pelos holandeses (calvinistas). O segundo em Uruaçu, comunidade do município de São Gonçalo do Amarante, aconteceu no dia 3 de outubro de 1645, três meses depois do ocorrido em Cunhaú.
No local do massacre, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, foi erguido o Monumento aos Mártires, inaugurado no dia 5 de dezembro de 2000, com capacidade para receber 20 mil peregrinos. O espaço é aberto a turistas e religiosos, e a cada mês de outubro recebe centenas de fiéis. Desde 2006, o dia 3 de outubro é feriado estadual em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu e Cunhaú.
*Fotos: padre Jorge Filho