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Imagens da semana 31.01.2020

1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho é destaque na imprensa local e nacional 

Na última semana, a 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho foi destaque na imprensa nacional e local. A Globo News, a Globo, a CBN, a Band, o Estado de Minas, entre outros veículos falaram sobre o encontro, no dia 25 de janeiro, que marcou o 1° ano da tragédia que matou 272 pessoas no rompimento da barragem de rejeitos de minério em Brumadinho. No ocasião, cerca de 2000 romeiros se uniram aos familiares das vítimas  em momento de partilha e oração.

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A chuva deu uma trégua para acolher os fiéis  das comunidades de fé de Belo Horizonte e das várias regiões do país, neste sábado, 25 de janeiro, na 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho.

O Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Walmor, levou seu apoio às famílias das 272 vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minério, participando junto com o povo de Brumadinho da Missa presidida, no fim da tarde, pelo bispo auxiliar para a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), dom Vicente Ferreira.

Para além das orações e palavras de conforto, o Arcebispo destacou que a Arquidiocese de Belo Horizonte “quer iluminar o caminho de nossas vidas com o Evangelho, que é luz. E, assim, fazer de todos nós aprendizes dessas lições, muitas delas surgidas dessa tragédia-crime ocorrida em Brumadinho, um ano atrás. Portanto, o convite é para sermos aprendizes, pois há muito a se fazer. Embora se diga que muito está se fazendo, tudo isso é uma gota d’água no oceano, diante das urgentes mudanças que nós precisamos operar na nossa sociedade brasileira , particularmente pensando aqui em Minas Gerais, mas também em outros lugares do Brasil, quanto ao modo de fazer a mineração. Não podermos continuar como está”.

Dom Walmor reconheceu que houve alguns avanços, mas sublinhou que é preciso maior velocidade, “para que todos não sejam vítimas, como tantas pessoas aqui foram vítimas, como tantas famílias que carregam um grande luto. É preciso um novo tempo”. O Arcebispo lembrou que ainda não se fez o que era preciso, por parte de governos, de instituições e, sobretudo, para corrigir a impunidade que continua. “Aqueles que cometeram crime precisam ser punidos adequadamente, para que um novo rumo seja construído na sociedade brasileira. E nós queremos iluminar tudo isso com a luz do Evangelho e a força do amor de Deus. Essa luta abrirá a sociedade brasileira para um novo tempo”.

A Romaria

Logo no início da manhã, os romeiros se uniram aos familiares das 272 vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minério, em um momento de partilha e oração. Todos traziam na testa uma cruz feita com barro, durante a celebração da Palavra que antecedeu a Romaria, simbolizando a lama que invadiu as casas e as vidas dos moradores de Brumadinho. Em seguida, conduzidos pelo bispo auxiliar dom Vicente Ferreira, os romeiros deram início à caminhada, relembrando, com cânticos e reflexões, um ano da tragédia.

Em silêncio, após alguns minutos de oração, os fiéis retornaram ao letreiro, que fica entrada da cidade, e se encontraram com familiares das vítimas. Nesse momento de grande emoção, foram lidos todos os nomes das pessoas que perderam a vida em decorrência do rompimento da barragem. Às 12h28, no mesmo horário em que a barragem se rompeu, há um ano, centenas de balões vermelhos e brancos  foram soltos, colorindo o céu de Brumadinho. Os profissionais que ainda trabalham na localização dos corpos, receberam homenagem especial.

Dom Vicente caminha com fiéis na 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho

Dom Vicente Ferreira afirmou que as ações em defesa de uma Ecologia Integral devem ser contínuas e fazer parte do compromisso de todo cristão. O Bispo recordou, então, a passagem do Evangelho em que Jesus diz “Eu vim para que todos tenham vida” e afirmou: “a vida humana não deve ser desassociada do cuidado com a natureza”. Dom Vicente também destacou  a mensagem enviada pelo Papa Francisco ao povo de Brumadinho, deixando claro que o problema enfrentado no município não se trata de um problema local, mas que diz respeito a toda humanidade.

Às 15h, integrantes de comunidades indígenas afetadas pela lama da barragem, que até hoje polui o Rio Paraopeba, se uniram em momento de espiritualidade . Emocionado, o pagé da tribo Pataxó, Aracati  Dias, lembrou dos tempos em que a sua comunidade não dependia de ajuda para sobreviver. “Hoje, o rio está todo contaminado e cheira mal. O índio não pode mais pescar. Tem muita doença na tribo. Tudo está muito difícil”. Indígenas de outros estados também participaram da romaria, em apoio à tribo que vive às margens do Paraopeba. Integraram a caminhada grupos de congado e moradores de outras localidades onde existem barragens.

Durante o trajeto, foram distribuídas velas, corações vermelhos e laços de fitas na cor marrom, em alusão à lama que inundou Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019,e que mudou a vida de todos os habitantes da cidade, a exemplo do operador de equipamentos Geraldo Oliveira Silva. Ele perdeu um irmão, uma prima e conhecia mais da metade das vítimas da tragédia. Geraldo, que trabalha na Vale há mais de 25 anos e está afastado desde 2017 por motivos de saúde, afirma que se fortalece diariamente na fé, buscando forças na família e na Igreja. “Sou um sobrevivente, junto com um dos meus irmãos que estava lá. É um momento de dor profunda, mas acredito que o desânimo não é o caminho. As ações da Arquidiocese de Belo Horizonte, de modo muito especial as ações de evangelização de dom Walmor, dom Vicente e dos outros sacerdotes da cidade, são muito importantes para nossa comunidade. Hoje é um dia para a cidade de Brumadinho renovar a sua fé, que cresce cada dia mais, sempre pensando com carinho nos que se foram, nos familiares que estão aqui, e nos solidarizando uns com os outros”.

Desde que a tragédia ocorreu, a moradora de Brumadinho Zenilda Aparecida Soares Pereira conta que muitas pessoas de sua família só dormem à base de remédio.”Até hoje, Brumadinho vive um pesadelo. Às vezes saio, e logo tenho vontade de voltar para casa,  onde tento reconfortar minhas memórias. O que ameniza nossa tristeza são esses momentos de união, fé, solidariedade e partilha”.

A romeira Ivani Maria do Socorro Sousa destaca a importância da Romaria para que as pessoas e a sociedade não se esqueçam daqueles que morreram em consequência do rompimento da barragem. “A cidade não é a mesma desde então e, por isso, devemos lutar para que ela não se entristeça ainda mais. Espero que a nossa luta conscientize as pessoas e as empresas a fazerem mais pelo meio ambiente”.

Córrego do Feijão

Durante a 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho foram celebradas missas na Igreja São Sebastião, em Brumadinho, e na Igreja Nossa Senhora das Dores, no Córrego do Feijão, onde a barragem se rompeu. Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte para a Região Episcopal Nossa Senhora da Esperança (Rense), esteve junto com familiares das vítimas, no Córrego do Feijão,  acolhendo-os nesse momento de profunda tristeza, com o seu testemunho de esperança e fé.

Sensível ao sofrimento humano, sobretudo ao dos mais pobres, o Bispo manifestou-se por meio de um bonito poema que transborda amor e indignação:

25 de janeiro de 2020,
das 12h20 às 12h28, ouvi, ao sol, antes da missa,
com a Comunidade Eclesial presente,
272 badaladas do sino da Igreja Nossa Senhora das Dores,
em Córrego do Feijão, Brumadinho,
uma para cada vítima fatal da ganância por lucro,
em completo silêncio.
Cada badalada marcava o ritmo do coração
e a mente seguia: uma, duas, três, quatro, cinco…
cem, duzentas, duzentas e setenta e duas… pessoas.
Horror.
Holocausto.

Soltamos um balão, com uma semente de girassol dentro,
para cada um dos assassinados na lama da Vale.
Os olhos de todos íam acompanhando um a um ao céu.
Na igreja, as fotografias com os rostos.
Lá estavam mães e pais de vítimas.
Estavam irmãos, parentes, amigos, vizinhos
de dezenas de vítimas mortas ou ainda desaparecidas.
Lá estava o Pe. José, de lá mesmo, todo santo dia lá,
e outros servidores do Evangelho.
Lágrimas escorriam quentes sobre os rostos.

Desaparecidos e anônimos
estavam centenas de animais
e espécies de plantas e flores;
morto está o rio e mortas as fontes de água límpida.

Celebramos o mistério de Jesus Cristo
e o mistério da vida humana.
Jesus, Palavra e Pão,
saciou aquele povo na Eucaristia,
e renovou-o na esperança, na consciência
e na fortaleza “para” – é a missão depois da missa –
para, com a sociedade organizada em movimentos
sociais, populares, acadêmicos, culturais e políticos
lutar, reconstruir, replantar, refazer,
curar uns aos outros, reanimar, revivificar tudo,
de “Romaria Brumadinho pela Ecologia Integral”
em “Romaria Brumadinho pela Ecologia Integral”,
na companhia de Nossa Senhora do Rosário.

Em outros Brumadinhos – são muitos –
ali perto, tanta gente de dentro e de fora,
– todos bem acolhidos –
andando, cantando, ouvindo, rezando,
dando as mãos, testemunhando,
silenciando, fazendo ação de graças,
em mais Eucaristias.

Estavam Pe. Renê e mais evangelizadores,
homens e mulheres diariamente
recolhedores de dores e louvores;
e, com eles, estava Dom Vicente,
líder, profeta, de horizonte largo,
reconhecido no Brasil inteiro e fora do Brasil
como o bispo que arrancou seu coração missionário,
misericordioso e sedento de justiça e paz,
seu coração humano, ecológico, de pastor,
bravo e terno, poético, espiritual e cantante,
e o entregou a cada família, uma a uma,
à Brumadinho inteira.
Do povo porque é de Deus.
De Deus porque é do povo.
Um olho na vida, outro na Bíblia,
um pé na lama, outro na igreja,
uma palavra na rua, outra na prece.
Assim vai ele tecendo relações,
cuidando do trigo, de olho na cizânia.

Ele mereceu ataques
de defensores do dinheiro acima das pessoas,
que nada entendem de humanismo;
de separadores da reza da vida,
que nada entendem de cristianismo.

Ataques a servidores do Evangelho
só servem para confirmar o caminho:
é este mesmo!
Pois, mesmo sob o mandato de Jesus Cristo,
“não tenham medo”,
“há quem tenha medo que o medo acabe”
(Mia Couto).

 



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