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Juventude: o futuro ou o hoje da Igreja?-Padre Mateus Lopes-Paróquia Dulce dos Pobres-estudante de Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma

Em nossas comunidades eclesiais, quando falamos de dar espaço à juventude, ouvimos sempre aquela famosa frase: Os jovens são o futuro da Igreja. Será? Essa frase é muito bela e verdadeira. Contudo, se a juventude é entendida apenas como futuro, ação ainda a ser realizada, corremos o risco de não ajudarmos nossos jovens a serem o hoje da Igreja. Pensar o amanhã é importante, mas viver o hoje o é ainda mais. É no presente que ocorrem as ações e os gestos concretos capazes de transformar o futuro, de criar e de abrir novas perspectivas para a vida.

Esse hoje vai ao encontro da dinamicidade da juventude. Ela é chamada a transmitir sua alegria e vitalidade, as quais encontram sua força motora no mistério da Encarnação de Cristo. Da boca do anjo é anunciado aquele “hoje evangélico”, que encontramos no Evangelho de São Lucas, quando nos fala do nascimento do Salvador. Portanto, a alegria e a vitalidade próprias do ser jovem recebem a plenitude e a potencialidade máxima no encontro com uma pessoa: Jesus Cristo, o Senhor.

A juventude, embora cheia da força e da alegria  características desta fase da vida, encontra diante de si muitas interrogações e dificuldades, as quais deve enfrentar em seu caminho de amadurecimento humano. Devido ao mundo globalizado, isso hoje se acentua de um modo maior que no passado.

Sendo jovem com a sua vitalidade, alegria e criatividade, em meio a outros jovens, você pode, sim, ser luz que leva a Luz de Cristo aos corações  Por isso, somos chamados, como Igreja, a ajudar os jovens a também serem Igreja hoje

Os jovens encontram-se cercados por várias filosofias. Essas anunciam, por vários modos, a independência do indivíduo, autorreferencial, centrado sobre si mesmo, como uma espécie de semideus intocável. Porém, sabemos que nos emaranhados da vida, tão complexa em suas dimensões, nenhum ser humano por si só pode realizar a façanha de passar por este mundo sem ser atingido por algum tipo de sofrimento, sobretudo os jovens que se encontram no processo de maturação da própria identidade. Infelizmente, são muitos os que se perdem nas tantas ideologias vazias de sentido. Entram desavisados em caminhos escuros que levam à morte, como a internet, as drogas, o álcool.

Diante da realidade da vida, como Igreja, como juventude, somos chamados a dar ouvidos àquele “hoje” outrora anunciado aos pastores. Não é um hoje que se encontra no passado, mas no presente. É o “hoje” que ecoa na história da humanidade e, portanto, ecoa na nossa própria história. Deus, em Jesus Cristo, se fez história na história da gente. É Deus mesmo que vem ao nosso encontro e se faz próximo.

Nessa perspectiva, é vivendo o hoje de cada dia, na acolhida aberta e reverente ao Mistério de Cristo, que cada jovem pode deixar-se tocar por aquele “hoje” divino e humano. Esse “hoje” é o tempo da graça de Deus. Ele é capaz de nos dar Vida Nova e em plenitude; capaz de nos dar alegria e vitalidade que não passam, mesmo diante dos momentos difíceis da vida, porque alicerçadas no encontro com Cristo, aquele que venceu a cruz e a morte.

Deste modo, o jovem não é somente o futuro, mas também o hoje da Igreja. Um jovem, que se deixa tocar pela vida sempre nova de Cristo, é capaz de gerar vida em diversas situações e lugares.  Sendo jovem com a sua vitalidade, alegria e criatividade, em meio a outros jovens, você pode, sim, ser luz que leva a Luz de Cristo aos corações. Por isso, somos chamados, como Igreja, a ajudar os jovens a também serem Igreja hoje, não pelas práticas piedosas do passado, não somente pelos grupos de jovens. Todavia, ajudar os jovens a descobrir, no encontro com Jesus Cristo, a potencialidade de suas vidas. Vidas que, inseridas na comunhão da Trindade, podem realizar a transformação de toda e qualquer realidade. A juventude é capaz de, em Cristo, fazer da própria vida uma doação de amor.

Apostar na juventude, como Igreja hoje, é apostar em uma sociedade e em uma Igreja feitas de pessoas maduras, porque viveram e vivem as experiências da vida como meio de comunhão com Deus Pai, por meio do Cristo que se revela no rosto de cada irmão.

Padre Mateus Lopes



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