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Caeté: a dedicação de um povo escolhido para guardião de um tesouro da fé e da história do povo de Minas.

Quem hoje peregrina ao Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, talvez não imagine as muitas pessoas que se dedicaram a fortalecer a devoção a Nossa Senhora da Piedade e, ao mesmo tempo, aplainar os caminhos dos peregrinos. A maioria dessas pessoas nasceu e cresceu em Caeté, ajudando a construir um legado de fé, cultura e religiosidade, e também garantindo o sustento da família, a exemplo do senhor Sebastião Vieira Lacerda. Ao longo de 80 anos, a vida do senhor Sebastião se entrelaça com a história do Santuário e do Recando Monsenhor Domingos, antigo Asilo São Luís.

Com apenas 15 anos de idade, ele aprendeu os primeiros ofícios, que o acompanhariam vida afora, com Frei Rosário Joffily – frade dominicano, sacerdote que se dedicou por 50 anos à promoção e consolidação do conjunto paisagístico, arquitetônico, religioso, histórico e cultural da Serra da Piedade. “O Frei tinha muitos conhecimentos, que partilhava com todos ao seu redor. Quando cheguei ao Santuário, ele já havia adquirido um gerador e eu trabalhei na manutenção desse equipamento. Era preciso estar sempre atento, especialmente nos dias do Jubileu de Nossa Senhora da Piedade, para garantir o fornecimento de energia elétrica” – relembra o senhor Sebastião Lacerda.

 O senhor Sebastião Lacerda, com monsenhor Nédio, a filha, Nelma e a esposa, dona Dercy

Funcionário dedicado, ele fazia o que era possível para proporcionar tranquilidade e conforto aos milhares de peregrinos que subiam a Serra da Piedade. Não tinha ideia de que ajudava a revitalizar e a preservar o lugar, onde anos mais tarde, o filho, hoje monsenhor Nédio Lacerda, – Vigário Geral da Arquidiocese de Belo Horizonte – seria o reitor.  Como se fosse hoje, o senhor Sebastião descreve o movimento dos fiéis que ocupavam todo o caminho rumo à Ermida de Nossa Senhora da Piedade. “Os peregrinos chegavam de trem, jardineira, caminhão, no lombo de animais e a pé. Muitos vinham de Caeté, mas outras pessoas também chegavam de muito longe”.

O Jubileu, como ainda é hoje, movimentava a economia local e animava a cidade.  Alguns passavam a noite no alto da Serra, mas muita gente buscava se hospedar nas pensões. Era intenso o consumo de alimentos vendidos em barraquinhas armadas nas imediações da Ermida, e também no comércio de Caeté, ponto de chegada e de partida para quem vinha de outras regiões do Estado. As quitandas, feitas com esmero pelas religiosas da Congregação das irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade e muito apreciadas pelos peregrinos, ajudavam na manutenção do Asilo – hoje  Recanto Monsenhor Domingos – construído ainda no século 19 pelo fundador da Congregação, Monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro para acolher as crianças  que nasceram após a Lei do Ventre Livre, mas que os pais permaneciam escravizados.

As peregrinações cresciam e logo foi necessário abrir uma estrada que permitisse subir a Serra de carro. A nova obra, além de fortalecer a devoção de Nossa Senhora da Piedade no Santuário situado em Caeté, facilitando a chegada dos peregrinos, traria emprego para a população da cidade e dos arredores. Sempre disposto, lá estava o senhor Sebastião, com a picareta em punho, abrindo passagem nas pedras, que “soltavam faíscas no contato com as ferramentas” – relembra. E sem saber, ao abrir o novo caminho para os peregrinos, também ajudava a construir a estrada em que o filho, algumas décadas depois, passaria quase diariamente em sua missão como reitor do Santuário.

O Ginásio Poliesportivo de Caeté,  ficou repleto de féis, familiares e amigos para  celebrar a ordenação dos padres Nédio e Lourival

Após completar 18 anos de idade, o senhor Sebastião Lacerda buscou novos trabalhos. Conseguiu emprego numa empresa, em Caeté, e logo foi promovido da função de auxiliar geral, para o setor de eletricidade, ofício que havia aprendido, ainda garoto, com o Frei Rosário.

Alguns anos se passaram e já casado com dona Dercy, ele continuou trabalhando na manutenção do gerador do Asilo, mas já não chegava mais sozinho. Levava consigo o filho Nédio, ainda bem pequeno, que gostava muito brincar no Asilo São Luís. E o coração de pai bate mais forte quando relembra a alegria de vê-lo brincar e ser tratado com todo o carinho pelas religiosas. Alegria semelhante o senhor Sebastião pôde experimentar no dia em  o filho partilhou com a família a vocação para o sacerdócio, emoção que se repetiria mais tarde, desta vez com maior intensidade, ao participar da celebração em que  o diácono Nédio Lacerda foi ordenado sacerdote no Ginásio Poliesportivo de Caeté, ao lado de seu grande amigo padre Lourival Felipe Soares, em dezembro de 1987.

 

 

 

 

 



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