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[Artigo] Catequese Renovada: Ministério da Palavra (4) – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH

Uma catequese transformadora

A catequese tem como centro uma característica de ser a anunciadora da Palavra de Deus. Sua origem está na Palavra de Deus e sua finalidade consiste em fazer presente a toda a pessoa e à pessoa toda esta Palavra de Deus. A Palavra que é inseparavelmente Escritura e história, pois Deus se revela de forma indireta nos acontecimentos da história da vida do povo. A Palavra cria comunidade na qual os profetas somente podem ser interlocutores.

O verdadeiro catequista é um místico, um profeta, hoje, comunicando a Palavra de Deus com sabedoria, ajudando os catequizandos a serem conduzidos para dentro do mistério da fé cristã, o Mistério Pascal.

A contribuição dos catequistas, junto a uma comunidade viva e evangelizadora, promove transformações na vida das pessoas. A mensagem de fé iluminando a existência humana forma a consciência crítica diante das estruturas injustas e leva à transformação da realidade social.

A catequese quer despertar a ação evangelizadora através de Testemunhos, o agir transformador através de ações inspiradas e que educam para as mudanças do ambiente que nossa fé exige. A Catequese, à luz da Palavra de Deus, compromete-se de maneira preferencial pelos pobres marginalizados, convocando os catequistas e catequizandos para a vida de comunhão, de justiça e paz.

Uma catequese inculturada na vida do povo

Para que a mensagem do evangelho chegue até o coração do povo, a catequese perpassa pelos caminhos culturais da sociedade, assumindo e valorizando os elementos importantes da cultura, dos símbolos, da linguagem que fazem parte da maneira de ser e viver do povo. A catequese não pode ser desvinculada da vida das pessoas. Quando se fala na transmissão da mensagem do evangelho, está se pensando para além de um conteúdo doutrinário, pois ela é interpelação, provoca, exige respostas, possibilita o diálogo entre seus interlocutores.

Todas essas exigências provêm de uma nova cultura moderna, de uma realidade plural. A Igreja está aprendendo a trilhar novos caminhos: do ecumenismo, do diálogo religioso, do diálogo com a cultura e da promoção da liberdade religiosa. Na realidade plural de nossa sociedade deparamos com várias situações que sensibilizam a nossa Igreja e, principalmente nos tempos atuais: o grande número de violências que afetam as famílias, a questão da mulher, da miséria, das drogas, dos excluídos, prostitutas, migrantes, prisioneiros, menores abandonados, pessoas com deficiências. É grave a situação do desemprego. São milhares de pessoas que se encontram à margem. Poucas recebem um serviço social e mesmo assim, insuficientes para promover uma qualidade de vida. A catequese precisa valorizar a cultura urbana, ter atitude de escuta e diálogo “expressar o evangelho”. Lembremo-nos sempre de que inculturação é a passagem dos valores do Evangelho para dentro de uma cultura, enriquecendo-a, se necessário, e sem opressão.

Portanto, quando falamos de uma catequese de interação fé e vida, falamos de um princípio que norteia toda a catequese. O conteúdo apresentado não pode prescindir de dois elementos essenciais que se interagem: a experiência de vida e a formulação da fé. De um lado a experiência da vida, os anseios, as aflições, as decepções, as angustias que se manifestam através de perguntas. Do outro lado, a formulação da fé e a busca da explicitação das respostas a essas perguntas.

A Evangelização não seria completa se não levasse em consideração a recíproca que se fazem constantemente ao Evangelho e a vida concreta, pessoal e social dos homens. É por isso que a mensagem explícita é adaptada às diversas situações é continuamente atualizada. Para bem transmiti-la de forma eficaz, existem vários métodos que devem ser usados de acordo com a necessidade e a realidade dos catequizandos, respeitando a psicopedagogia das idades.

Catequese integrada nas outras pastorais

A catequese está presente em todas as pastorais como atividade especifica articulada com as demais. A catequese respira a vida e a fé da Igreja celebrada na liturgia expressa na prática pastoral das comunidades e nas suas orientações. Ela se beneficia dessas articulações e contribui para uma comunhão entre todas as pastorais.

A catequese tem um longo caminho e tem suas exigências. O catequista necessita de uma busca constante de formação, de vivências e novas experiências que dê sustentação à sua vida espiritual. A espiritualidade brota da vida em Cristo, que se alimenta na ação litúrgica e se expressa a partir da própria atividade de educador da fé, da mística daquele que está a serviço da Palavra de Deus. É uma espiritualidade Bíblica, Litúrgica, Cristológica, Trinitária, Eclesial, Mariana e Encarnada na realidade do povo.

Em uma de suas catequeses sobre as Bem-aventuranças, o Papa Francisco diz ser elas um caminho pascal que leva de uma vida segundo o mundo para a vida segundo Deus, de uma existência guiada pela carne, ou seja, pelo egoísmo, para uma existência guiada pelo Espírito”.

Diz ainda: “Somos feitos de matéria terrena, e os frutos da terra sustentam nossas vidas. Mas, como o livro de Gênesis nos lembra, não somos simplesmente “terrestres”: também carregamos em nós o sopro vital que vem de Deus (cf. Gn 2,4-7). Assim, vivemos numa casa comum como uma única família humana e na biodiversidade com as outras criaturas de Deus. Como imagem de Deus, somos chamados a cuidar e respeitar todas as criaturas e nutrir amor e compaixão por nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais fracos, imitando o amor de Deus por nós, manifestado em seu Filho Jesus, que se tornou homem para compartilhar conosco essa situação e nos salvar”. Essa é a tarefa da catequese.

 

Neuza Silveira de Souza -Coordenadora do SABIC

Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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