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[Artigo] Interação fé e vida: viver no Mistério de Cristo – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

 

Procurando ser fiéis ao princípio da Interação entre fé e vida, entre as formulações da fé e a caminhada da comunidade, entre o crescimento na fé e a atuação prática na vida, necessário se faz levar para a nossa catequese temas que aproximam os catequizandos das realidades concretas nas quais eles se encontram.  Essa prática catequética nos leva a elaborar os conteúdos da catequese para que ela seja um processo contínuo na vida dos catequizandos.

Então?  Como Catequizar hoje?

Segundo o documento “Catequese hoje” – Exortação Apostólica Catechesi Tradendae do Beato Papa João Paulo II, usando de uma expressão do Apostolo Paulo, ele nos diz que o objeto essencial e primordial da catequese é o “Mistério de Cristo”. Catequizar é levar alguém, de certa maneira, a perscrutar este Mistério em todas as suas dimensões: “expor á luz, diante de todos, o Mistério”. Assim diz Paulo em sua carta aos Efésios: “tornei-me ministro do Evangelho, pelo dom da graça de Deus a mim concedida: A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo”. (Ef 3,9).

O que Paulo quer nos dizer com este ensinamento?

Com este ensinamento Paulo quer nos dizer que para vivenciar o Mistério de Cristo, precisa-se procurar compreender o significado dos gestos e das palavras de Jesus Cristo, e dos sinais por ele realizados. Uma compreensão que decorre das nossas experiências do dia-a-dia, nosso jeito de ser com o outro, nossa prática de rezar todos os dias, reconhecer na pessoa com a qual relacionamos sua própria dignidade. É fazer acontecer o reino de Deus no meio de nós.

Nesse sentido, o documento CT nos aponta a finalidade da catequese: Sua finalidade é a de fazer com que alguém se ponha, não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo: somente Jesus pode nos levar ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar na vida a Santíssima Trindade” (Cf. CT, 5).

Se quisermos fazer uma catequese que produza a sua eficácia nas diversidades das realidades concretas, atentos às características culturais e sociais, e à mensagem de salvação encarnada na história, no dia-a-dia dos catequizandos e da caminhada do povo, teremos de partir para a pluralidade de expressões da fé, não perdendo de vista a unidade fundamental da mesma, o uso da linguagem o mais possível vivencial à realidade presente e a dimensão comunitária e ou social da fé.

Assim, uma catequese em processo permanente tem na comunidade um lugar onde se trabalha temas como: serviço, vocações, religiosidades, sacramentos, família, trabalho, política, pobreza, promoção humana, agir cristão, fé, Igreja, ecumenismo, diálogo inter-religioso, etc.

Catequese: mensagem e Conteúdo

Vale lembrar-se de fazer uma leitura do quarto capítulo do DNC – Diretório Nacional de Catequese, que mostra a importância da Mensagem e Conteúdo, apresenta-nos as fontes da catequese (Bíblia, liturgia e Catecismo), todas elas em íntima correlação e em interação na comunidade, orientam a vida de modo que seja comprometida com a causa do Reino de Deus.

Diz o DNC – “Na catequese, quando se fala em conteúdo, pensa-se em geral na doutrina e na moral. Quando se fala em Mensagem ela é comunicação de algo importante. A mensagem não se limita a propor ideias; ela é mais que doutrina. A mensagem exige uma resposta, pois é interpelações entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde. A mensagem é vida e Jesus está no centro da proclamação da mensagem catequética. Uma mensagem que é aprofundada e vivida na comunidade dos que seguem o caminho do Evangelho: a Igreja. “Esta que é semente, sinal e instrumento do Reino e está a serviço dele, segundo a LG 5)” (DNC 97-135).

Quando se fala em mensagem, nos reportamos para os desafios da catequese nos dias atuais, e vamos buscar um jeito de apresenta-la segundo a pedagogia de Jesus. Qual era o seu jeito de se aproximar, falar, cuidar das pessoas? Estamos em novos tempos e somos chamados a aprofundar a catequese na dinâmica de uma nova evangelização.

Uma verdadeira catequese acontece quando o anuncio da salvação, realizado por ela, for feito dentro da realidade concreta. Fazer essa ligação entre a fé e vida é a grande tarefa e arte do catequista, diante das diversas situações concretas.

O catequista é o artista que, estando com o tema proposto na mão, ele precisa cuidar da linguagem, metodologia, e principalmente encarná-lo na caminhada dos catequizandos, ou seja, ajuda-los a fazer a experiência mistagógica desses ensinamentos.

Uma primeira preocupação na transmissão do conteúdo se torna latente ao nosso redor: a realidade, e como fazer acontecer o Reino de Deus nessa realidade

Como conhecer a realidade?

Cada um de nós tem uma visão do mundo de hoje. Assim, cada catequista é chamado a fazer a análise da sua realidade. Ele deve ter uma consciência crítica da realidade sócio-econômico-política, cultural e ideológica para aprender ler nela os sinais de Deus.

O catequista também precisa voltar o seu olhar para Jesus para compreender como ele via mundo, se interagia com ele. Como Jesus viveu a nossa história e nela anunciou o Reino de Deus.

O Documento “Catequese Renovada”, documento base para estas nossas reflexões, nos desperta para esta metodologia. O estudo nos orienta para as várias visões que o homem tem da realidade. Percebe-se que grande parte do nosso povo possui uma visão do mundo e do homem baseada em uma crença em Deus manifestada em diversas expressões da religiosidade popular. Mas, muitas vezes, é uma fé desvinculada da vida, às vezes cheia de elementos estranhos ao cristianismo (cf. CR. 3.1).

Vamos pensar os encontros catequéticos sempre analisando a realidade em prol do anúncio da fé.  No centro de cada encontro está a mensagem da fé que deve ser vivida no contexto concreto da realidade de cada um. No passo a passo, vamos apreendendo o jeito de fazer catequese, fazendo uma boa leitura do documento “Catequese Renovada”. Vamos atualizar para ir se integrando nas novas orientações da nova evangelização proposta pela Igreja no novo Diretório de catequese.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano

Bíblico-catequético de Belo Horizonte.



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