Jesus diz-nos: «Permanecei no meu amor. Não saiais do meu amor». E cada um de nós pode perguntar-se no coração – no próprio coração: «Eu permaneço no amor do Senhor? Ou saio, procurando outras coisas, outros divertimentos, outras condutas de vida?».
«Permanecer no amor» é fazer aquilo que Jesus fez por nós. Ele deu a vida. Ele foi o nosso servo: veio para servir-nos. «Permanecer no amor»significa servir os outros, estar ao serviço dos outros.
Que coisa é o amor? Queremos pensar em que coisa é o amor? «Ah, sim, eu vi um filme sobre o amor, era belo… E aquele casal de noivos… E depois acabou mal, que pena!». Não é assim. O amor é uma outra coisa.
O amor é encarregar-se dos outros. O amor não é tocar violinos, tudo romântico… O amor é trabalho. Quantas de vós sois mães, pensai quando os vossos filhos eram pequeninos: como amastes os vossos filhos? Com o trabalho. Tomastes conta deles. Eles choravam… era preciso dar-lhes leite; mudá-los; isto, aquilo…
O amor é sempre trabalho para os outros. Porque o amor faz-se ver nas obras, não nas palavras. Recordai quando se diz: «Palavras, palavras, palavras»; muitas vezes são só palavras. O amor, ao contrário, é concreto.
Cada um deve pensar: o meu amor pela minha família, no bairro, no trabalho: é serviço aos outros? Preocupo-me com os outros? (…) «Eu amo-te.» «E o que fazes por mim se me amas?» Cada um dos doentes do bairro pergunta: «O que fazes por mim?».
Na nossa família, se tu amas os teus filhos, sejam pequenos ou grandes, os pais, os idosos, que fazes por eles? Para ver como é o amor, pergunta-te sempre: que coisa faço?
«Mas padre, onde aprendemos isto?» De Jesus. E na segunda leitura [missa do 6.º Domingo da Páscoa, 1 João 4, 7-10 ou 1 João 4, 11-16] há uma frase que pode abrir-nos os olhos: «Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho». Nisto está o amor.
Não fomos nós a amar Deus; mas é Ele que nos amou primeiro. O Senhor ama sempre primeiro. Espera-nos com o amor. Também nós podemos fazer-nos a pergunta: eu espero com o amor os outros.
E depois fazer o elenco das perguntas. Por exemplo: os mexericos são amor? Aquele que diz mal dos outros… Não, não é amor. Falar mal das pessoas não é amor. «Oh… eu amo Deus. Faço cinco novenas por mês. Faço isto, aquilo…». Sim, mas… como é a tua língua? Como vai a tua língua? Esta é precisamente a pedra angular para ver o amor. Eu amo os outros? Pergunta-te: como está a minha língua? Dir-te-á se é verdadeiro amor.
Deus amou-nos primeiro. Espera-nos com o amor, sempre. Eu amo primeiro ou espero que me deem alguma coisa para amar? Como os cachorrinhos que esperam o presente, o alimento para comer e depois fazem festa ao dono. O amor é gratuito, em primeiro. Mas o termómetro para saber a temperatura do meu amor é a língua. Não vos esqueçais disto.
Quando estiverdes para fazer o exame de consciência, antes da confissão ou em casa, perguntai-vos: fiz aquilo que Jesus me disse – «permanecei no meu amor»? E como posso sabê-lo? Da maneira como a minha língua se comportou. Se falei mal dos outros, não amei.
Se esta paróquia conseguisse nunca falar mal dos outros, seria de a canonizar! Mas, ao menos, como disse outras vezes: fazei o esforço de não falar mal dos outros. «Padre, dê-nos um remédio para não falar mal dos outros.» É fácil. Está ao alcance de todos. Quando te vem a vontade de falar mal dos outros, morde a língua. Ficará inchada, mas de certeza que não voltarás a falar mal.
Peçamos ao Senhor para «permanecer no amor» e compreender que o amor é serviço, é encarregar-se dos outros. E a graça de compreender que o termómetro de como está o amor é a língua.
Papa Francisco