Santuário Arquidiocesano

Santuário Nossa Senhora da Conceição dos Pobres

07h

10h
18h
07h
19h
19h
- 1a Sexta-feira
18h
Todo mês - Todo dia 08 do mÊs

07h - Dias da semana e Domingo

10h - Sómente aos domingos

15h - Dias da semana (sábado não temos as 15h)

18h - Sábado e domingo a missa da noite é as 18h

19h - Dias da semana

Comunidade Sobradinho

Domingo
08h30

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Domingo
17h

Comunidade Santa Teresinha

Quinta-feira
19h

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Sábado
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Quando o outro manca

Isso de suportar as pessoas é bem complicado. O suporte é algo que sustenta outra coisa e, desse modo, falar de suportar alguém é o mesmo que se referir a ela como um peso. Suportar o outro, no sentido de aguentá-lo, consiste em lhe sentir como carga que oprime. Assim, uma pessoa insuportável seria aquela cuja presença se tornou desestruturadora de nossa capacidade de lhe receber.

Ora, toda convivência implica em certo suportar. Quanto escuto o que outro diz, recebo suas palavras, podendo acolhê-las ou não. Mas só o fato de prestar ouvidos já é uma forma de recepção do seu ser, dado que quem comunica dá algo de si ou do mundo que lhe constitui. Mesmo quando alguém fala simplesmente do seu time de futebol, fala de um universo cultural, de sua formação e história. Enfim, não só fala de si, mas se dá ao outro, pois está presente a tudo o que faz ou fala. É impossível relacionar-se com alguém sem receber algo de seu ser, o que pode se dar na simples visão de sua figura ou na complexidade de uma conjunção carnal.

Há pessoas que apresentam posturas ofensivas, seja pelo seu excesso de crítica ou pela sua constante autoafirmação. Os que agem assim transmitem algo, talvez inconscientemente, de ameaçador. Diante de tal imagem ou sensação que suas presenças causam, a capacidade de lhes receber fica prejudicada. Não raro se sente certo incômodo por quem, objetivamente, não nos fez nada. Como receber quem pode nos atacar ou ferir? Há um instinto de autoproteção frente a pessoas que trazem algo que nos ameaça.

Outro tipo de pessoas insuportáveis são aquelas morosas, sem proatividade, lentas. Estas incomodam pelo sentimento de urgência que temos do mundo. Alguém inerte causa mal-estar porque é o tipo de gente com quem não se pode contar. Numa equipe de trabalho, por exemplo, os mais ativos sentirão que deverão fazer um trabalho duplo, já que não podem contar com os mais lentos, ao menos não no tempo que querem. A ideia de carregar o próprio fardo e o que compete ao outro já seria capaz de gerar aversão.

Uma terceira possibilidade está em ver meu rosto refletido no do outro, enxergar nele aquilo que eu mesmo não gosto em mim. Sim, há coisas que não aceitamos ou não queremos ver em nós mesmo e que o outro nos desperta. A raiva e a violência suscitadas podem não passar de um profundo complexo de inferioridade revestido de superioridade. Não suportar o outro, nessa situação, consiste na constatação da própria fragilidade.

A questão fundamental, porém, está em que cada um precisa ser suportado pelos demais. Já se disse que humano “nenhum é uma ilha” e sabemos, cada qual, dos próprios “despencamentos”. Você e eu sabemos de nossos defeitos e fraquezas, de nossas exoticidades e idiossincrasias. Não só nós mesmos devemos conviver com isso, mas aqueles que nos acolhem em suas vidas. É justamente o apoio que o outro me oferece que me torna capaz de caminhar com os pés mancando. Acontece que ele também manca. Daí, quando caminhamos juntos, cada hora um tem que ser suporte para que o outro dê o passo seguinte, alternadamente. Suportar o outro não é doloroso quando se percebe que, na verdade, o esforço operado é contributo de sua vitória. Suportar pode significar “ter o outro como peso” ou “compreender-se como apoio”, “participante de sua caminhada”.

Gilmar Pereira
Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, graduado em Filosofia pelo CES-JF e em Teologia pela FAJE.

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