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Para a amizade não serve a física

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Quando se tem um amigo, pode-se conhecer dois fenômenos que dizem da relativização que o amor faz do tempo e do espaço. Em primeiro lugar, a amizade desconsidera a longevidade da ausência. O segundo diz respeito à sua capacidade de se estender para o universo da pessoa amada.

A relativização do tempo é interessante porque é algo bem comum. Dois amigos se querem bem, mas, por alguma vicissitude, acabam se distanciando fisicamente. Um não vê o outro por muito tempo e, às vezes, nem se falando muito. No reencontro, entretanto, sentem como se o tempo não tivesse passado. Os afetos permanecem na mesma intensidade.

É certo que a amizade precisa de tempo para ser cultivada. Não obstante, há algumas espécies que não dependem de muita coisa para se manterem vivas. Elas têm raízes fortes e bebem da memória dos encontros e afetos recíprocos. O amor guardado no inverno da ausência faz com que o coração mantenha em si a beleza da amizade em seu começo, seu aspecto primevo ou primaveril.

A força da permanência da amizade também tem o poder de relativizar o espaço. O que acontece quando se ama outro amando a um. Mais especificamente, é o que se dá quando, por ter um amigo, passa-se a gostar quase que automaticamente de seu cônjuge, pais ou amigos. O amor por um se torna amor por outros, como que a amizade ganhasse maior abrangência.

Essa extensão se dá por que, quando se ama alguém, ama-se a este e suas circunstâncias, aquilo e aqueles que lhe compõem a vida. Resulta em acolher a pessoa e recebe-la em sua totalidade, ainda mesmo com seus defeitos. Como diz Clarice Lispector “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”. Se pretendo mudar alguém, não amo quem ela seja, mas quem poderia ser, amo minha idealização sobre ela.

Os defeitos podem ser apenas qualidade desvirtuadas. A ansiedade, por exemplo, quando excessiva é prejudicial. Não obstante, sob controle, pode ser traduzida como a característica que dá certo dinamismo à pessoa. Nesse sentido, uma coisa é desejar que a pessoa tenha propriedade e viva a melhor expressão de si, outra é querer que seja um diferente.

Acolher a totalidade implica em receber aquilo que importa e integra a vida da pessoa amada. Se o namorado ou namorada do meu amigo lhe faz bem e lhe ajuda a ser sua melhor versão, amo aquele ou aquela como se fosse a este. O amor não reconhece espaço e se alastra desde onde é aplicado. Há vários casos de pessoas que se tornaram amigas por causa de um amigo em comum e que acabaram se tornando mais próximas entre si do que em relação àquele que os uniu.

O amor provavelmente tenha limites, mas não os considera como algo absoluto. Aos poucos vai movendo suas fronteiras. O amor talvez não seja sem fim, mas não se move conforme a noção cronológica do tempo. Estando para além do tempo e do espaço, não é possível uma física do amor. Ele não pode ser mensurado, quantificado. Quem sabe ele esteja na mesma esfera que o sonho, movendo o agir ainda que não tenha materialidade?! Mas ele não é simples sentimento. Mais que sentido, amor é para ser vivido.

Gilmar Pereira
Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP
Bacharel e licenciado em Filosofia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CESJF)
Bacharel em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE)

Publicado em: Dom Total

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