Quantas versões temos? Quantos somos?
Quem somos quando nos mudam o contexto ou quando estamos na nossa zona de conforto?
Quantas vezes mudamos a cor à alma para agradar mais ou menos a quem está à nossa frente?
Quantas versões existem de cada um de nós?
Somos coerentes com o que dizemos ou adequamos as nossas caras às caras dos outros?
Somos rosto daquilo que defendemos ou viramos as costas às nossas verdades?
Quase nunca somos os mesmos. Eu sei. É surpreendente. É isso mesmo que, muitas vezes, conseguimos ser. Uma surpresa. Uma reviravolta inesperada. Um avesso do que éramos antes ou do que julgamos ser o que nos caracteriza.
Somos pessoas dentro de pessoas. Como se de dentro do nosso coração pudesse sair sempre qualquer coisa diferente e que nem nós podíamos prever.
Temos uma versão para quando nos retiram o bem-estar.
Temos uma versão para quando estamos cansados.
Temos uma versão alegre e bem-disposta para quando tudo está no lugar certo.
Temos uma versão para quando nos retiram a paz e nos declaram guerra.
Temos uma versão melhor. E outra mais negra e muito pior.
Obviamente, não conseguimos agir sempre da mesma maneira se a situação for diferente, desafiadora ou, até, de dor ou sofrimento. Aquilo que me espanta (e que nos pode espantar) é a quantidade de vezes que as pessoas mudam consoante o que lhes convém. Consoante o que lhes é agradável. Consoante as expectativas dos que têm algo para (lhes) oferecer.
Será que sabemos mesmo viver de acordo com a pessoa que somos? Será que sabemos não ser hipócritas? Será que sabemos ser coerentes com o que mora dentro de nós?
Nem sempre. Para alguns, quase nunca. Há pessoas que nunca chegaremos a conhecer, ainda que estejamos com elas todos os dias da nossa vida.
E tu? És uma versão-esboço daquilo que poderias ser? Não faz mal. Vamos sempre a tempo de fazer melhor. O que nos falta mesmo é a vontade.
Marta Arrais | iMissio