Morrer de véspera não é saudável. Não serve a propósito algum. Não melhora a vida. Carece de benefícios. Aumenta a ansiedade. E não deve fazer bem ao coração. Viver no passado, entretanto, é pior.
Ficar aferrado a ideias, conceitos e experiências passadas puramente para revivê-los e reproduzi-los nunca fez lá muito sentido. No mais das vezes, é sinal de falta de ideias, originalidade ou simples cinismo para preservação de vantagens próprias.
Não reconhecer a influência do passado e do presente no futuro, é perigoso. Futuro é coisa escorregadia. Vai chegando sem avisar. O tempo vai escorrendo por entre os dedos até o momento em que o que estaria por vir já chegou. Futuro tem dessas coisas.
Seres humanos têm como uma de suas qualidades mais importantes a capacidade de reconhecer o impacto de suas ações, no presente, nos resultados a serem (ou não) colhidos no futuro. Saber investir; sabe colher.
Os mesmos seres humanos têm também a capacidade de sacrifícios pessoais para o bem das gerações futuras. Investem para outros, às vezes completos desconhecidos, colherem. Têm potencial para a nobreza.
Esse tipo de nobreza é coisa difícil de ser encontrada nestes tempos em que todos parecem querer o seu. Rápida e imediatamente. Faz tempo que a preocupação com as gerações futuras desapareceu da agenda.
Nobreza tem andado em falta. Infelizmente, no momento em que mais precisamos dela. Está faltando grandeza, preocupação e respeito com gerações futuras. Talvez motivado por miopia egoísta que se vai subtraindo o futuro das gerações futuras. Condenando-os à vida difícil, dívidas impagáveis e perspectivas limitadas.
Do jeito que está, os jovens – presentes e futuros – viverão em meio ambiente destruído. Crescerão sem acesso à educação de qualidade. Competirão em desigualdade de condições com jovens de outros países. Não colherão qualquer benefício do bônus populacional enquanto carregam nas costas o peso da nossa miopia egoísta.
Melhorar a vida das gerações futuras é obrigação dos adultos de hoje. Algo que transcende ideologias, interesse, raça e fronteira. É parte do que diferencia os seres humanos. É principio que compele (ou deveria compelir) seres humanos a agir. É imperativo moral.
Por isso, talvez valha a pena debater sobre como o mundo será deixado para as gerações futuras. E, talvez, evitar pelo menos algumas das injustiças às quais elas estão sendo condenadas.
Elton Simões
Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV);
MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria)