Santuário Arquidiocesano

Santuário Nossa Senhora da Conceição dos Pobres

07h

10h
18h
07h
19h
19h
- 1a Sexta-feira
18h
Todo mês - Todo dia 08 do mÊs

07h - Dias da semana e Domingo

10h - Sómente aos domingos

15h - Dias da semana (sábado não temos as 15h)

18h - Sábado e domingo a missa da noite é as 18h

19h - Dias da semana

Comunidade Sobradinho

Domingo
08h30

Comunidade Santa Edwiges

Domingo
17h

Comunidade Santa Teresinha

Quinta-feira
19h

Comunidade Vila Senhor dos Passos

Sábado
18h
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O coração humano foi feito para a alegria, que gera força, fecunda a criatividade e é fonte perene de humanização. Há, pois, uma permanente e legítima busca pela felicidade. Mas, no contexto atual, muitas pessoas, valendo-se da liberdade e da autonomia, tomam rumos que levam às satisfações efêmeras, distanciando-se da verdadeira alegria, que é permanente. Corre-se, assim, o risco de apegar-se ao que é efêmero, por falta de capacidade para discernir bem. Um drama existencial que conduz muitos a experimentarem sensações agradáveis, mas que são fugazes, alcançadas a partir de futilidades e da indiferença em relação às outras pessoas. Essa atitude egoísta configura um ciclo perverso, viciante, em que é alimentada a necessidade de experimentar, a qualquer preço, alegrias efêmeras para ocupar um vazio na interioridade, nunca plenamente preenchido.

Esse fenômeno existencial incide na vida de muitas pessoas, influenciando fortemente as dinâmicas sociais. Cria-se, assim, um campo fértil para manipulações, descompromisso com a solidariedade, disputa predatória, esquemas de corrupção. Na raiz desses problemas está a equivocada convicção de que o poder e as posses são garantias de felicidade duradoura. Uma crença muito comum, que mostra bem como a cultura de um povo é determinante para a sociedade tornar-se capaz, ou não, de conquistar a verdadeira alegria. Certamente é bem mais feliz um povo que consegue perceber a alegria como algo diferente de certas sensações – euforias e sentimentos passageiros, conquistados a partir de atitudes que muitas vezes desrespeitam os parâmetros da ética. Uma sociedade com essa capacidade de discernimento alcança equilíbrio em diferentes campos, a exemplo da política e da economia, pois as alegrias duradouras se propagam, geram ecos.

Já a satisfação efêmera não sacia o coração humano de sua sede de sentido. Cada alegria passageira, quando se esvai, deixa uma lacuna interior que contribui para desajustar a vida humana, impactando negativamente os humores e as razões. Esse vazio existencial evidencia algo urgente: é preciso aprender a buscar a felicidade duradoura, dedicar-se a um processo de aprendizagem para conquistar, progressivamente, envergadura humana e espiritual. Assim será possível reconhecer, por exemplo, que a vitória em uma partida de futebol não é alegria duradoura, e a derrota também não é “o fim do mundo”, porque existem coisas mais determinantes e razões maiores que definem o futuro de uma pessoa ou do próprio povo.

A existência humana é uma construção. Tem seus altos e baixos, as sombras e as luzes, mas deve ser sempre uma busca pelo que confere sentido e sustenta a vida: as alegrias verdadeiras que geram ecos, desdobrando-se em diferentes tempos e lugares. Na procura pela autêntica felicidade, vale recordar uma lição de São Francisco de Assis. Certo dia, em diálogo com Frei Leão, São Francisco explicou que a verdadeira alegria não reside em certos acontecimentos, aparentemente grandiosos, mas na qualidade de cultivar a paciência e de não se perturbar diante das adversidades da vida. A autêntica alegria, que produz ecos, desdobramentos, não nasce de estímulos meramente externos, da posse de certos bens. É fruto da interioridade, da capacidade de enxergar, com clareza, uma hierarquia de virtudes e ações.

Para se conquistar essa clarividência e experimentar a verdadeira felicidade, há uma fonte referencial que é imprescindível: o Evangelho de Jesus Cristo, que aponta caminhos e recomenda práticas capazes de fazer com que cada pessoa seja fonte de alegria duradoura. A Palavra de Deus tem força para corrigir os descompassos da sociedade contemporânea, em que muitos, alucinadamente, buscam alegrias efêmeras, exatamente por falta de envergadura interior. E um itinerário educativo que contribui para levar os ensinamentos do Evangelho à vida cotidiana está delineado na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, do Papa Francisco.

Dentre as muitas indicações da Exortação Apostólica estão a busca pela superação de um modelo econômico que gera exclusão, o combate à idolatria do dinheiro – que nega a primazia do ser humano – e o reconhecimento de que o trabalho é fundamental para a realização da pessoa. Particularmente, o Papa Francisco alerta que é preciso vencer a desigualdade social que alimenta a violência. Afinal, a miséria de muitos é sinal de que tantos outros procuram, de modo equivocado, a alegria, acumulando quase tudo para si, o que faz crescer uma grande massa de excluídos. Eis, pois, um desafio existencial a ser assumido por todos, com desdobramentos na vida social: à luz do Evangelho, reconhecer o primado da ética na busca pela verdadeira felicidade – a alegria duradoura, que gera ecos.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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